Ser avô
Há quatro anos, quando fui avô pela primeira vez, escrevi aqui no Povo o impacto que a condição de Avô tinha tido em mim.
Era o princípio, o primeiro impacto de uma experiência que apenas começara a fazer.
Terminava prometendo continuar a tentar perceber o que fazia em mim a condição de avô.
Hoje, com o nascimento do Pedro Maria, uma enorme honra a escolha que os pais fizeram, volto a ajuizar a experiência de avô.
O primeiro movimento é de gratidão perante o milagre espantoso da vida.
Aquilo que pode parecer banal, porque acontece todos os dias e a muita gente, quando nos é próximo adquire a sua verdadeira proporção de milagre.
A ansiedade dos últimos meses acabou por ter esta função educativa de nos despertar para a grandeza do milagre. Ser avô é, também, poder como Maria ficar com a melhor parte; o pai tem mais de Marta, porque tem de acudir às necessidades urgentes.
Não quer dizer que o avô (os avós) não tenha (m) também esta função. Graças a Deus nestes últimos quatro anos temos podido servir de apoio de retaguarda que avança sempre que necessário.
Esta proximidade tem também permitido acompanhar e, sempre que preciso, discretamente ajudar na educação dos netos.
Educar é fazer crescer e, embora possa parecer que os netos foram feitos para babar os avós (tema central do texto de há quatro anos Avô), rapidamente percebemos que, mais importante que a satisfação dos avós é o destino único e individual de cada neto.
A atitude que me parece poder descrever melhor a posição dos avós nestes primeiros anos é a discrição. A tarefa educativa principal é dos pais. Mas os avós não se podem sentir dispensados. Não é garantido que o equilíbrio seja fácil, mas connosco tem-no sido, com a Graça de Deus.
Falar deste equilíbrio é reconhecer que os avós são pais de pais.
Tem sido edificante ver como os pais dos nossos netos cresceram, aprendendo com a realidade quotidiana da sua vocação de pais. Poderia não ser assim e, por isso, esta é também mais uma graça a reconhecer neste dia.
Não é coincidência o Pedro Maria ter nascido no princípio do Ano da Fé. A Fé dos seus pais, em que educam os nossos netos, é um testemunho que ajuda a minha fé.
Ser avô é também deixar-se educar pelos filhos e pelos netos e reconhecer neles a acção criadora de Deus.
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