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A mostrar mensagens de julho, 2011

Porto - Ribeira

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Férias: o tempo da liberdade

Caros amigos: O Povo vai de férias como habitualmente durante o mês de Agosto. Porque o tempo de férias é o tempo que está por nossa conta, façamos deste tempo um tempo verdadeiro Deixo-vos, por isso, o utilíssimo texto de don Luigi Giussani sobre as férias. Tempo da liberdade Luigi Giussani Um abraço e santas férias Pedro Aguiar Pinto

Foz do Douro

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O lugar da fruta

Público 20110730  Miguel Esteves Cardoso Quando eu era um catraio e não sabia ou suspeitava que o mundo inteiro estava à minha frente - ou ao meu lado, ou atrás de mim -, havia mercearias e havia praças (a que agora chamam mercados), mas, sobretudo, acima de tudo, ali perto de onde vivêssemos, havia lugares de fruta. Eram mais essenciais do que as padarias ou os talhos. Nos lugares de fruta compravam-se frutas, hortaliças, queijos e fiambres. Matavam-se coelhos. Lembro-me de ir ao lugar de frutas em São Pedro do Estoril mais perto da minha casa, a menos de cem metros, para comprar um coelho. O homem do lugar de frutas ouviu-me e saiu de cena para dar uma pancada de morte, que ouvi. Voltou com um coelho despelado, ainda morno no saco de plástico. Senti-me um assassino encomendado. Desde então, só como coelho com a maior das culpas e a cada vez mais amarga memória daquele dia: quanto mais disfarçado e culturalmente justificado, melhor. Isto é, só como à caçador: a coisa, hipocritamente,

Católico e maçon? Uma contradição nos próprios termos

Catolicoemacon

Tecto

27 | 07 | 2011   20.07H João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt Os Estados Unidos estão à beira da falência. Esta é a informação sensacionalista e falsa que é apregoada. Há mesmo quem compare a situação americana com a grega ou portuguesa.Um país está falido quando ninguém lhe empresta. Grécia, Portugal e Irlanda estão reduzidos à ajuda de amigos, o que é mau, mas não falência. Conseguirão evitá-la se endireitarem as finanças antes de acabar a benevolência dos parceiros.Os Estados Unidos têm a maior dívida pública do mundo. Mas, relativamente à dimensão da economia, é menor que a nossa. Além disso o governo americano não tem dificuldades em contrair empréstimos. O seu problema não é financeiro. É político.Os EUA impuseram uma regra plurianual para as finanças públicas, algo que alguns também querem criar por cá. Trata-se de um tecto na dívida, um montante máximo de endividamento que não podem ultrapassar. Na prática este limite tem pouco impacto, pois já foi subido 16 v

Um tempo de suspeita

JOÃO CÉSAR DAS NEVES DN 2011-07-25 A base da sociedade actual é a desconfiança. Os cidadãos não acreditam uns nos outros. Todos dizem haver uma crise de valores e coleccionam-se histórias de fraudes, abusos e ameaças. Vivemos um tempo de suspeita. Atribuímos isso à sociedade aberta, heterogénea, para mais em crise, mas a explicação não colhe. Primeiro, porque crises sempre houve. Além disso, as tradições permanecem, a religião é tão influente como sempre foi e as pessoas não são mais ou menos egoístas que antes. O problema não está nos valores, mas nos critérios. A dúvida colectiva nasce não de pessoas concretas, mas da atitude de fundo. Cada um acha-se honesto, e aqueles que conhece são pessoas de bem. Apesar disso, garante que ninguém respeita os valores. Suspeitamos não dos próximos, mas dos outros em geral. A origem da atitude está no preconceito, que tem a vantagem de nos evitar de pensar. Durante séculos, sempre se soube que em todos os grupos e condições havia pessoas boas e más

Pensamento do dia

Súplica de Salomão “Senhor, meu Deus, Vós fizestes reinar o vosso servo em lugar do meu pai David e eu sou muito novo e não sei como proceder. Este vosso servo está no meio do povo escolhido, um povo imenso, inumerável, que não se pode contar nem calcular. Dai, portanto, ao vosso servo um coração inteligente, para saber distinguir o bem do mal; pois, quem poderia governar este vosso povo tão numeroso?” 1 Rs 3, 6

23 de Julho, Santa Brígida da Suécia co-padroeira da Europa

Hoje, dia de Santa Brígida da Suécia , co-padroeira da Europa é importante ter presentes as palavras do Beato João Paulo II sobre a Europa: Para edificar a nova Europa sobre bases sólidas, não é decerto suficiente apelar apenas aos interesses económicos, que se em certas ocasiões unem, noutras, em contrapartida, dividem; antes, é necessário incidir sobre os valores autênticos, que têm o seu fundamento na lei moral universal, inscrita no coração de cada homem. Uma Europa que confundisse o valor da tolerância e do respeito universal com o indiferentismo ético e o cepticismo acerca dos valores irrenunciáveis abrir-se-ia às mais arriscadas aventuras e, mais cedo ou mais tarde, veria reaparecer sob novas formas os espectros mais tremendos da sua história. Para evitar esta ameaça, torna-se mais uma vez vital o papel do cristianismo, que está a indicar de forma infatigável o horizonte ideal. À luz dos inúmeros pontos de encontro com as outras religiões, que o Concílio Vaticano II prospectou

23 de Julho - Santa Brigida da Suécia

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Santa Brígida da Suécia Imagem num altar da Igreja de Salem, Södermanland, Suécia  ___________________________________ Santa Brígida da Suécia Nasceu em Finstad, perto de Upsala, na Suécia, em 1303, e morreu em Roma, em 1373. Foi contemporânea de Santa Catarina de Sena. Aos 13 anos, em 1316, casou-se com o príncipe de Nreícia, Wulfom. Foram pais de oito filhos, entre eles uma santa: Catarina. Fundaram um hospital e eles próprios (Santa Brígida e seu marido), cuidavam dos doentes. Em 1344, ficou viúva e recolheu-se num mosteiro. Em 1346, fundou um mosteiro em Vadstena. Levava vida austera, chegando a mendigar às portas das igrejas. Uns dez anos antes de morrer, fundou a Ordem de São Salvador (brigidinas), da qual, mais tarde, sua filha, Santa Catarina da Suécia, viria a ser a prioresa. Em 1372, partiu em companhia da filha, Catarina, e de dois filhos, para a Terra Santa. Foi uma grande mística, cujas experiências de Deus, suas Revelações, publicadas em livro, são a maior prova de se

Um amor assim

INÊS PEDROSA Expresso, 23.07.2011 Não conheci Maria José Nogueira Pinto, mas admirava-a pela frontalidade, pela dedicação às causas em que acreditava, pela coragem. Deu testemunho de alegria e entrega, com uma elegância absolutamente invulgar, até ao último dia da sua vida. As últimas palavras da sua derradeira crónica para o Diário de Notícias, publicada já depois da sua morte, foram estas: «o Senhor é meu pastor, nada me faltará». Creio que as terá escrito sobretudo para consolar aqueles que mais amava e que mais a amavam – para os certificar de que ficaria bem e para os animar a viverem com a veemência com que ela mesma viveu. O dom da fé não nos é dado a todos do mesmo modo nem se esgota no formato de um Deus mais ou menos escanhoado; cada um de nós tem a possibilidade de escolher entre o amor que acende o mundo e o ódio que o apaga. Dir-me-ão que nada é tão simples – e não é, de facto, porque escolher o amor significa perder o direito ao conforto da cobardia, prescindir da segura

Assim não dá

Público 2011-07-21 Helena Matos Tenhamos medo sim do dia em que a classe média perca não o medo mas sim a vergonha de não cumprir Preciso de enriquecer ou de empobrecer. Ou mais precisamente tenho de mudar de estatuto. O que não posso, não quero nem aguento mais é fazer parte dessa entidade impropriamente chamada classe média. Mas média de quê? Da riqueza dos ricos e da pobreza dos pobres? Talvez por falta de ricos e excesso de pobres (o grupo mais significativo dos contribuintes é aquele que, por baixos rendimentos, não paga praticamente IRS) o resultado é uma classe média com aspirações lá em cima e rendimentos muito cá em baixo. Mas seja por isso ou pelo seu contrário, o que para o meu caso conta é a pretensão, ou melhor a minha exigência, de deixar de ser classe média. Quero que o Estado me declare rica ou pobre. Mas média não. E não adianta contrapor a esta minha reivindicação o argumento de que estas coisas não se determinam por decreto. Isso seria bem observado caso Portugal

O jogo da glória

  SOL 20 de Julho 2011 Jaime Nogueira Pinto Quando nos conhecemos – a Zezinha e eu – em 1970, ainda líamos escritores franceses, víamos filmes italianos e Portugal ia do Minho a Timor. Na Faculdade de Direito de Lisboa todos éramos revolucionários e militantes; todos – fascistas, comunistas e até democratas tout court – pensávamos em mudar o mundo e achávamos que isso era a coisa mais importante das nossas vidas. Por isso éramos, coerentemente, radicais. Conhecemo-nos por causa disso – da política, da militância política. Fomos, em separado, mas mais ou menos na mesma altura, sujeitos a julgamentos maoístas. O meu passou-se no Bar das Letras, de que eu era frequentador regular, como aliás muita gente de Direito. Durou umas duas horas, num diálogo com altos e baixos, que começou com um requisitório acusativo, inspirado em princípios universais, e acabou numa discussão de fundo: se eu, sendo de Direito, podia ou não estar ali. O júri eram as frequentadoras do bar, todas habituées, que ac

PARA QUEM VAI DE FÉRIAS, UMA DICA

uma dica dos nossos "irmãos mais velhos" como carinhosamente lhes chamava o saudoso Beato João Paulo II O Sr. Samuel, judeu, dirigiu-se ao banco onde tem todos os seus depósitos e poupanças, pediu para falar com o Gerente, e disse-lhe: - Eu precisava de um crédito de 5 euros a 30 dias.  - Oh, Sr. Samuel!... um crédito de 5 euros a 30 dias???... Mas ficava-lhe muito menos dispendioso levantar os 5 euros numa das suas contas à ordem - disse-lhe o Gerente, muito espantado!  - Bem,... se não me concedem o crédito de 5 euros a 30 dias, eu acabo com todas as minhas poupanças e depósitos neste banco, e vou para outro.  - Nem pensar nisso, Sr. Samuel!.. o seu crédito está concedido desde já!  O Sr. Samuel começou a preencher a papelada toda, para o crédito que pretendia de 5 euros a 30 dias, e pergunta então ao Gerente: - Quanto vou pagar de juros? - Ora, 5 euros a 30 dias, vai pagar 30 cêntimos de juros - responde-lhe o Gerente.  - Bem, então eu queria deixar o meu BMW de

Conversas e golos

JOÃO CÉSAR DAS NEVES DN 2011-07-18 A economia portuguesa está na situação habitual da selecção nacional: além de ter de ganhar todos os jogos para conseguir o apuramento, depende ainda do resultado de outros encontros. O memorando da troika tem de ser cumprido mas não chega. Só se a Europa vencer alguns desafios financeiros é que seremos repescados. Este paralelo entre as situações económica e futebolística é bastante mais profundo do que parece. O País, como aconteceu tantas vezes à nossa equipe, mudou de seleccionador nacional. O novo plantel de Passos Coelho criou boas expectativas, recuperando-se alguma esperança. O prognóstico para os próximos jogos é moderadamente optimista. Ou razoavelmente pessimista segundo a maioria. Chegámos a esta situação ambígua porque o anterior treinador, excelente nas conferências de imprensa, acumulou derrotas dentro das quatro linhas. Em Setembro de 2008, quando o campeonato aqueceu decisivamente na crise mundial, nós ainda dependíamos só de nós. Ap

Frase do dia

O Reino do Céu é comparável a um homem que semeou boa semente no seu campo Mt 13, 24

OS 'CATÓLICOS' ADVERSATIVOS

P. Gonçalo Portocarrero de Almada A Voz da Verdade, 2011-07-17 In memoriam de Maria José Nogueira Pinto, uma católica não adversativa. A barca de Pedro é como a arca de Noé. Se esta providencial embarcação incluía toda a espécie de criaturas que havia à face da terra, também a Igreja congrega uma imensa variedade de almas. Todas as gentes, qualquer que seja a sua raça, a sua cultura, a sua língua ou os seus costumes, desde que legítimos, cabe na barca de Pedro. Por isso, graças a Deus, há católicos conservadores e progressistas, de direita e de esquerda, republicanos e monárquicos, regionalistas e centralistas, etc. Se, em política, tudo o que parece é, o mesmo já não se pode dizer na Igreja. Tal é o caso dos ‘católicos’ adversativos. Muito embora a designação seja original, a realidade é, infelizmente, do mais prosaico e corrente: - Eu sou católico, mas ... E, claro, a seguir a esta proposição adversativa, seguem não poucos reparos à doutrina cristã. A saber: eu sou católico, mas cre

Maria José Nogueira Pinto...

Maria José Nogueira Pinto... Guilherme d’Oliveira Martins Voz da Verdade, 17 Jul. 2011 «O Senhor é meu Pastor, nada me falta» (Sl., 23, 1). Não me sai da memória o verso do Salmo que Maria José Nogueira Pinto escolheu para encerrar um belíssimo texto que escreveu pouco antes de nos deixar. Nestes momentos, há muito poucas palavras a dizer, fica apenas o exemplo. Recordo, por isso, a mulher de ideias e de causas, de convicções e generosidade, que conheci desde quando ambos tínhamos dezassete anos. Sempre lhe encontrei uma especial atenção aos outros e à justiça, que, com o tempo, se foi acentuando – com abertura e afetuosidade. E a verdade é que se foram tornando evidentes significativas convergências quanto à necessidade de renovar as políticas sociais, de recusar a pura lógica do mercado ou a economia de casino e de apontar para a diferenciação positiva, em nome da dignidade. Há muito pouco tempo (parece ontem, porque a doença foi rápida e fulminante), debatemos longament

Monsenhor Junmin: A bem da Igreja universal

RR on-line 15-07-2011 08:54 Aura Miguel Com a revolução cultural, a Igreja foi suprimida na China, mas, nos anos 80, o Governo de Pequim mudou de estratégia. A Irmã Peter, religiosa do Sagrado Coração, hoje com 90 anos, foi presa em 1958 e obrigada a trabalhos forçados. Trabalhou na construção de casas e pontes e depois numa fábrica de carros. O bispo Jin Peixian, hoje com 83 anos, passou 10 anos na prisão e mais tarde foi enviado para um campo de trabalho agrícola. Cecília Tao Beiling, leiga, aos 19 anos foi levada para uma “quinta de re-educação” e por lá ficou mais de oito anos, sem hipótese de escolha. A milhares de católicos aconteceu o mesmo. Com a revolução cultural, a Igreja foi suprimida. Mas, nos anos 80, o Governo de Pequim mudou de estratégia e autorizou que a Igreja abrisse as portas, mas sob o seu controlo: criou-se, então, a “Associação da Igreja Católica Patriótica”, não reconhecida pelo Papa e que tem vindo a ordenar membros próximos do partido para bispos de vária

Conspiração

DESTAK 13 | 07 | 2011  18.36H João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt Cada vez mais vozes denunciam a verdadeira razão da crise da dívida europeia. Afinal não se trata de despesismo de gregos, irlandeses e portugueses. Os enormes défices orçamentais são apenas detalhes e o endividamento insustentável, consequência de décadas de erros e abusos, não tem nada a ver com a questão. Tudo não passa de meros pretextos para ocultar a suprema conspiração. É preciso ser cego, dizem, para não ver que isto é um ataque descarado, primeiro ao euro e depois à União Europeia. Os instrumentos são os bancos e as agências de rating, em nome dos famigerados mercados, que tudo devoram e nada respeitam. Confesso que a minha limitada inteligência não consegue acompanhar elucubrações tão elevadas e complexas. Por isso fico silencioso perante os majestosos raciocínios. Permito-me apenas uma perguntinha: quem ganharia com a derrocada do euro e da UE? Uma coisa dessas criaria um terramoto financeiro

Prova de vida

A não perder este artigo de Vasco Graça Moura onde ele dá conta com “alguma dificuldade em exprimir estas coisas” do impacto do testemunho da vida de Maria José Nogueira Pinto. Onde se vê a diferença entre um discurso e um testemunho… Prova de vida DN 2011-07-13 VASCO GRAÇA MOURA "Terminal", dizia-me alguém há cerca de dois meses, "- Ela está em estado terminal". Vi-a chegar com o marido a esse almoço de amigos, em que participou discreta e aparentemente bem disposta, na sóbria gravidade da sua postura algo emaciada, conversando sem aludir à doença, nem à inquietação ou ao sofrimento por que passava. Era assim que aliava estoicismo e bom gosto. Tinha uma maneira directa e inteligente de abordar as questões, encarando as coisas de frente, dizendo o que pensava, apresentando os seus argumentos com total clareza. Era uma mulher sem ambiguidades nem falhas de coragem e todos os que a leram regularmente nesta página podem testemunhá-lo. A sua vida familiar, a sua carre

Hospitais devem eliminar objectos alusivos à infância ou do foro religioso de salas para aborto

Sol on-line 12 de Julho, 2011 A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) recomenda aos hospitais públicos que retirem dos gabinetes onde atendem mulheres para interrupção voluntária da gravidez objectos que possam interferir com a escolha das utentes. Esta é uma das recomendações que resultou da inspecção realizada no ano passado a 22 estabelecimentos de saúde que realizam abortos por opção da mulher até às 10 semanas de gravidez, que a legislação em vigor há quatro anos veio permitir. No relatório da IGAS, é recomendado que objectos alusivos à infância ou do foro religioso sejam removidos dos gabinetes médicos e de apoio psicológico e social onde é prestado atendimento a estas utentes. A inspecção diz ainda que as unidades de saúde devem criar um telefone directo para a consulta hospitalar da interrupção voluntária da gravidez (IVG), «facilitando o cumprimento dos prazos legais». Deve ainda existir um contacto disponível de um profissional de saúde, em horário útil, para escla

Fome de escândalo

Público 2011-07-12 Pedro Lomba O escritor brasileiro Nelson Rodrigues conta algures nas suas memórias (na verdade disse-o muitas vezes em crónica) que aprendeu a escrever lendo folhetins oitocentistas e histórias de crimes da imprensa brasileira da primeira metade do último século. Foram aquelas histórias de violência e assassinato que selaram o seu destino como jornalista e dramaturgo. Durante muito tempo, o Jornal de Notícias tinha uma secção precisamente intitulada "Polícia", a par da "Política" ou do "Internacional" (ignoro se se mantém). Primeiro estranhava-se, depois entranhava-se. Porque é que um jornal não deveria ocupar-se da miséria humana, actualizando-se com os novos presidiários e os delíquios da véspera? Se o público queria, o público recebia. Há uma história de Mark Twain de que me lembro sempre quando penso nos malefícios de um certo jornalismo da devassa. Twain é candidato a governador do Estado de Nova Iorque. Goza de vantagens sobr

A Europa e Portugal ficaram mais pobres

Público 2011-07-11 João Carlos Espada Otto von Habsburg simbolizava um mundo liberal e democrático, conservador e aristocrático, a que a I Guerra pôs termo Otto von Habsburg morreu na passada segunda-feira, com 98 anos. Não muito conhecido entre nós, foi, no entanto, uma figura de referência na Europa. Simbolizava um mundo liberal e democrático, conservador e aristocrático, a que a I Guerra pôs termo, com a parcial excepção da Inglaterra e dos povos de língua inglesa. Mas ele insistiu em manter-se fiel a essa nobre tradição, desafiando os populismos revolucionários da direita e da esquerda. Otto era o príncipe-herdeiro do Império Austro-Húngaro, filho do imperador Carlos I e da imperatriz Zita de Bourbon-Parma. Mas o império desagregou-se com a I Guerra e a nova república austríaca, muito zelosa dos seus imaginários pergaminhos igualitários, baniu os Habsburgos dos seus títulos nobiliárquicos. A família exilou-se na Madeira, onde o antigo imperador morreu em 1922. Otto permaneceu t

Obrigado, sr. ministro!

JOÃO CÉSAR DAS NEVES DN 2011.07.07 Há dias um pobre pediu-me esmola. Depois, encorajado pela minha generosidade e esperançoso na minha gravata, perguntou se eu fazia o favor de entregar uma carta ao senhor ministro. Perguntei-lhe qual ministro e ele, depois de pensar um pouco, acabou por dizer que era ao ministro que o andava a ajudar. O texto é este: "Senhor ministro, queria pedir-lhe uma grande ajuda: veja lá se deixa de me ajudar. Não me conhece, mas tenho 72 anos, fui pobre e trabalhei toda a vida. Vivia até há uns meses num lar com a minha magra reforma. Tudo ia quase bem, até o senhor me querer ajudar. Há dois anos vierem uns inspectores ao lar. Disseram que eram de uma coisa chamada Azai. Não sei o que seja. O que sei é que destruíram a marmelada oferecida pelos vizinhos e levaram frangos e doces dados como esmola. Até os pastelinhos da senhora Francisca, de que eu gostava tanto, foram deitados fora. Falei com um deles, e ele disse-me que tudo era para nosso bem, porque

Domingo 15.º do Tempo Comum - A parábola do Semeador

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  Semeador ao pôr do sol 1888 Óleo sobre tela 64 x 80.5 cm Rijksmuseum Krueller-Mueller, Otterlo   _____________________________________________________________________________________________________________ Mt 13, 1-23 Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se à beira-mar. Reuniu-se a Ele uma tão grande multidão, que teve de subir para um barco, onde se sentou, enquanto toda a multidão se conservava na praia. Jesus falou-lhes de muitas coisas em parábolas: «O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho: e vieram as aves e comeram-nas. Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra: e logo brotaram, porque a terra era pouco profunda; mas, logo que o sol se ergueu, foram queimadas e, como não tinham raízes, secaram. Outras caíram entre espinhos: e os espinhos cresceram e sufocaram-nas. Outras caíram em terra boa e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; e outras, trinta. Aquele que tiver ouvidos, oiça!