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A mostrar mensagens de fevereiro, 2014

Não temos mais filhos porque gastamos tudo no primeiro

Henrique Raposo Expresso, Sexta feira, 28 de fevereiro de 2014 Acho muito bem que o governo tente implementar políticas de natalidade, horários flexíveis para os pais, menos impostos, menos segurança social, menos prestação de creche, etc. Mas nada pode obrigar uma sociedade livre a ter filhos quando essa sociedade escolhe não ter filhos. E a nossa baixa natalidade resulta de uma escolha, de uma cultura, a cultura do filho único que se entranhou em todos nós há muito tempo. A curva descendente da natalidade é muitíssimo anterior ao início da crise. O problema está na nossa cabeça e não no nosso bolso. Não por acaso, já repararam na economia que existe em redor de bebés, crianças e adolescentes? Ele é brinquedos empilhados numa divisão só para brinquedos, ele é roupas de marcas absurdamente caras, ele é roupas de Carnaval, roupas de Natal (para quando roupas da Páscoa?), ele é actividades extracurri

Frase do dia

O sal é coisa boa; mas, se o sal ficar insosso, com que haveis de o temperar? Tende sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros. Marcos 9, 50

A caça ao Tordo

JOÃO MIGUEL TAVARES  Público,  27/02/2014 - 00:55 O actual Governo tem culpa de imensa coisa. Mas não da partida de Fernando Tordo para o Brasil.          O problema de Fernando Tordo não foi dizer que se ia embora para ganhar a vida no Brasil, tal como o problema de João Tordo não foi ter escrito uma bonita carta de despedida ao seu pai. O problema – e é este problema que está na base de tudo o que desde então tem caído em cima das suas cabeças – é ambos terem feito uma ligação directa entre a actuação do Governo e a necessidade de Fernando Tordo emigrar, como se até os insucessos de um músico, profissional liberal por definição, fossem responsabilidade de Pedro Passos Coelho. Ora, que eu saiba, o Palácio de São Bento ainda não tem qualquer poder sobre o " top 10" da Associação Fonográfica Portuguesa. Quando Rick Rubin foi ter com Johnny Cash nos anos 90, para gravarem juntos os extraordinários discos pela American Recordings que revoluci

Se Deus quiser

Agora, vós dizeis: «Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, passaremos ali um ano, faremos negócios e ganharemos bom dinheiro.» 
Vós, que nem sequer sabeis o que será a vossa vida no dia de amanhã! O que é, afinal, a vossa vida? Sois fumo que aparece por um instante e logo a seguir se desfaz! 
Em vez disso, deveis dizer: «Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo.» Carta de S. Tiago 4, 13-15

A dimensão cooperativa

Rui Tavares Público,   26/02/2014 - 00:05 Na semana passada, à hora de embarcar para um colóquio universitário sobre democracia, passo pela livraria do aeroporto e vejo um livro que me chama a atenção. O autor é um sociólogo aparentemente bastante conhecido e o assunto do livro é a cooperação, ou melhor, a política e a sociologia da entreajuda. Sento-me na cadeira designada, o avião levanta voo, começo a ler. O primeiro capítulo é sobre questões de cortesia e polidez. O autor descreve como as sociedades contemporâneas se tornaram em muitos casos agressivas e mesmo cruéis, com indivíduos isolados respondendo a estímulos de competição exacerbada. Aquilo que é "bullying", ou humilhação agressiva, entre crianças e adolescentes, torna-se em "bullying" político e cultural entre adultos, tão conhecido das redes sociais. A falta de cortesia de alguns indivíduos origina o fechamento dos outros e a perda é de nós todos, em incapacidade d

Um mês sem eutanásia, meu menino!

José Diogo Quintela, Expresso, 2014-02-23 A Bélgica legalizou a eutanásia infantil. Vai ser possível a uma criança doente decidir que quer falecer. Julgo que a palavra de que o leitor está à procura é "inveja". Aposto que nenhum pai belga foi obrigado a ter este diálogo com a filha: — Vai para o banho. — Não quero! Odeio banho! Odeio-te! Passada meia hora: — Sai do banho. — Não quero! Adoro banho! Odeio-te! Na Bélgica isto não sucede. E não é só porque os belgas têm uma relação bissexta com a higiene. É também porque, aparentemente, a volubilidade infantil não é uma característica das crianças belgas. Pelos vistos, os belgas conseguem fazer com que uma criança tome decisões finais sobre assuntos de relativa importância. Tenho inveja dos pais belgas. Principalmente no Natal. Crianças que têm a capacidade de se decidirem pela eutanásia, de certeza que não fazem uma birra no chão do Toys'R'us por não conseguirem escolher um pre