Terceira semana do Advento, quinta-feira: Providência

Um presente para pedir a Deus
Peço para ser capaz de experimentar com mais plenitude a providência de Deus na generosidade dos outros e na abundância da natureza.
Uma reflexão para o caminho
Começar uma longa viagem sem dinheiro, seguro de saúde, reservas de hotel, telemóvel ou cartão multibanco será uma decisão irresponsável? Há cinco séculos, quando Inácio de Loyola decidiu que esta seria uma das experiências de teste a que os candidatos à sua ordem religiosa se deviam submeter, os críticos pensavam da mesma maneira - e hoje continua a ser assim. No entanto, tendo enviado pessoas desta maneira nos últimos sete anos, e tendo eu próprio feito esta peregrinação como parte da minha formação jesuíta, descobri que ela é uma das mais fortes experiências da providência que é possível ter.
A providência é a crença de que Deus vai proporcionar o que é preciso para aqueles que nele confiam. Deus não impede os peregrinos de apanharem bolhas nem garante que não vão ter frio, ficar molhados ou não terem o que comer, tal como, numa escala maior, Deus não intervém diretamente para prevenir a guerra, fome ou desastres naturais. Mesmo assim, as pessoas de fé confiam que Deus vai, no fim, providenciar o que precisam, mesmo quando essa confiança é dificilmente conquistada e perante muitas evidências em contrário.
Na maior parte dos casos, os noviços jesuítas não encontram o maná no deserto nem são alimentados por corvos. A maior parte do que eles precisam é oferecido pela generosidade daqueles que encontram ao longo do caminho, ou é obtido pelo recurso aos dons e talentos que Deus lhes deu - dons que, por vezes, nem sequer imaginavam que possuíam. Mas isto é também consistente com um Deus que age na vida de todos os dias, e através daqueles com quem nos encontramos e vivemos, para responder às nossas necessidades. Nesta altura da sua vida, em que situações é que está mais consciente do cuidado de Deus por si?
Uma passagem bíblica para o caminho
Inácio não imaginou por si próprio o conceito de enviar os candidatos em peregrinação, como hoje continua a acontecer. Ele pensava que este método não era mais do que seguir o exemplo de Cristo, quando Ele enviou os seus discípulos mais próximos nas suas próprias viagens apostólicas:
«Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado; pois o trabalhador merece o seu sustento.» (Mateus 10, 9-10)
Note que Jesus não espera que os seus seguidores sejam indigentes ou passem fome como resultado da forma como Ele os enviou. Nem eles adquirem a sensação, semelhante a quem recebe um salário, de que têm direito ao que recebem. Eles são chamados a confiar na generosidade de outros, e desta forma reconhecer a providência de Deus. Consegue determinar algum acontecimento na sua vida, passada ou presente, que corresponda a esta experiência?
Palavras para a viagem
Deus providente,
Sei que tudo o que tenho vem de ti.
Ajuda-me a experimentar esta certeza com confiança jubilosa
e afasta-me da angústia da necessidade.
P. Paul Nicholson
In
An Advent pilgrimage, KM Publishing
Trad.: SNPC
18.12.13

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