Do diálogo na Alemanha ao insulto em Portugal

Henrique Monteiro
Expresso,  Segunda, 16 de Dezembro de 2013
Na Alemanha, país que é considerado a locomotiva da Europa, nenhum partido conseguiu maioria absoluta. Por isso, a líder do partido mais votado (que é representada com símbolos nazis pela esquerdalhada irresponsável europeia) abriu um processo de negociações. Das hipóteses surgidas, a mais consistente revelou-se ser, justamente, com o partido alternante no poder, o Partido Social-Democrata Alemão.
A CDU de Merkel deixou claros os seus princípios e o mesmo fez o SPD de Sigmar Gabriel. Conseguiram um acordo, que teve de ser referendado entre os sociais-democratas. Estes, por uns esmagadores 75,9% dos votos disseram sim à coligação e ontem soube-se que o SPD terá seis ministérios (além da vice-presidência do Governo), entre os quais o da Economia e o dos Negócios Estrangeiros.
De notar que no alinhamento europeu o SPD é do mesmo grupo que o PS e que a CDU do mesmo grupo que o PSD e o CDS.
Daqui se podem retirar várias conclusões, mas são todas más para nós. Os políticos aqui do retângulo parecem não perceber já não só a gravidade da crise do país como a da própria Europa; parecem ser incapazes de acordos que noutras latitudes, embora difíceis se revelam possíveis; as lideranças não tendo esse ânimo, têm bases incentivadas ao populismo e à demagogia. Basta ver o grupo parlamentar do PS para ver que jamais aprovariam por 76% uma aliança com os célebres 'neo-liberais' (além de outros e variados epítetos) com que o PSD é mimoseado por... estar ao serviço de Merkel, com quem o seu parceiro SPD se aliou.
Entre nós o diálogo político - como escreveu Teresa de Sousa, ontem, no 'Público' - está reduzido ao insulto. E se o primeiro-ministro parece gostar de demonstrar de que não precisa do PS para nada; o PS não perde uma oportunidade cair nessa armadilha de radicalização. É triste, mas o significado profundo desta birra radica na vacuidade política de ambos os campos. Nem uns nem outros parecem ter a menor ideia do que fazer quando a troika partir.  

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