20 de Março - S. Martinho de Braga (?-579)

Martinho de Dume, Martinho Dumiense, Martín de Braga, Martinho de Braga (ou ainda Martinho Bracarense) são os vários nomes por que é conhecido Martinho da Panónia, bispo de Braga e de Dume.

Martinho nasceu na Panónia, actual Hungria, no século VI. Estudou grego e ciências eclesiásticas no Oriente.
De volta ao Ocidente, dirigiu-se para Roma e para a França, onde visitou o túmulo do seu conterrâneo Martinho de Tours.
É tido como o apóstolo dos Suevos, responsável pela sua conversão do Arianismo ao Catolicismo. Estabeleceu um mosteiro numa aldeia das proximidades de Braga, Dume, a partir do qual começou a irradiar a sua pregação.
Estabeleceu a diocese de Dume (caso único na história cristã - confinada ao mosteiro a que presidia), da qual foi primeiro bispo e, depois, por vacatura da diocese bracarense, foi feito metropolita de Braga, então capital do reino suevo.
O Concílio de Braga, 561 - 563
Reuniu em Bracara o Concílio de Braga de 561 a 563, tendo proibido que se cantassem muito dos hinos e cantos de carácter popular que estavam incluídos nas missas e noutras celebrações.
Ao longo dos anos, a música litúrgica foi sendo fixada no Cantochão, mas o povo, apoiado num substrato musical muito antigo, apoderou-se de alguns destes cânticos da Igreja e popularizou-os, dando-lhes a sua interpretação própria.
Morreu no dia 20 de março de 579 e foi sepultado na igreja de Dúmio.
Para si compôs o seguinte epitáfio: Nascido na Panónia, atravessando vastos mares, impelido por sinais divinos para o seio da Galiza, sagrado bispo nesta tua igreja, ó Martinho confessor, nela instituí o culto e a celebração da missa. Tendo-te seguido, ó patrono, eu, o teu servo Martinho, igual em nome que não em mérito, repouso agora aqui na paz de Cristo.

Martinho da Panónia, Martinho de Braga, ou de Dumio.
Miniatura do Códex Albeldensis, 976.
Biblioteca del Monasterio de San Lorenzo de El Escorial, Madrid.




Martinho de Dume, considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos de Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies, foi o primeiro a usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies).
Isto explica o facto de os mais antigos documentos redigidos em português, fortemente influenciados por este latim eclesiástico, não terem qualquer vestígio da velha designação romana dos dias da semana, prova da forte acção desenvolvida por Martinho e seus sucessores na subsituição dos nomes.
Martinho tentou também substituir os nomes dos planetas, mas aí já não foi tão bem sucedido, pelo que ainda hoje os chamamos pelos seus nomes clássicos pagãos.
Obras
Para além de batalhar contra os Arianos, foi também escritor. Entre as principais obras, Escritos canônicos e litúrgicos. Destacou-se também como tradutor (designadamente, dos Pensamentos dos padres egípcios).
Pro Repellenda Iactantia (Em favor da jactância que deve ser repelida)
Item de superbia (Acerca da soberba)
Exhortatio humilitatis (Exortação da humildade)
Sententiae Patrum Aegyptiorum (Sentenças dos Padres Egípcios)
De ira (Da Ira)
De correctione rusticorum (Correcção dos rústicos)
Formula vitae honestae (Fórmula da vida honesta)

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