O Presidente sem amarras?

RR online 21 Jan, 2016 - 18:35 • João Taborda da Gama

Marcelo parece correr sozinho. Não é a tática óbvia de não querer aparecer ao lado de x ou de y. É a tática do não querer ficar a dever nada a ninguém.
A confirmar-se a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República já no domingo, Portugal está à beira de ter o Presidente da República mais livre de sempre.
Sem maiorais, sem dívidas morais, sem favores, recompensas, pagas ou compensações. Sem um passado político-partidário suficientemente relevante para que lhe venha agora agarrado às pernas como lastro. Sem uma clique, nem uma corte de influência. Sem prometidos, nem lugares cativos, nem financiadores.
É acima de tudo por isso que Marcelo parece correr sozinho. Não é tática. Ou melhor, não é a tática óbvia de não querer aparecer ao lado de x ou de y. É a tática do não querer ficar a dever nada a ninguém.
E é precisamente esta liberdade, ou melhor, a liberdade neste grau, que gera alguns dos anticorpos-Marcelo, tanto à direita, como à esquerda, como ao meio. Marcelo será o mesmo Presidente seja o Presidente de Costa, ou de Passos ou de Cristas. Previsível, mas condicionado pela sua liberdade.
E de todas as combinações possíveis, a que mais querem, os dois, é o duo Costa-Marcelo. Há a cumplicidade suficiente, apesar da distância de origem, há a alteridade necessária para cada um continuar a consolidar os seus eleitores e simpatizantes, a fazer a sua vida, culpando o outro pelo que corre mal, existindo no espaço deixado pelo outro.
Aquilo que Marcelo possa vir a fazer com a sua liberdade vai depender de várias coisas: do nível da abstenção, da manutenção daquilo que parece ser uma boa relação com os portugueses e, acima de tudo, do modo como as forças institucionais (Forças Armadas, tecido empresarial, outros órgãos de soberania, Igreja, etc) se adaptem a um Presidente sem amarras

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