O Lenine no lugar certo

José Diogo Quintela
Correio da manhã, 2015.10.31

Começou outra campanha que conta com a contribuição dos cidadãos para adquirir uma relíquia: um Governo marxista-leninista. 

O Museu Nacional de Arte Antiga está a recorrer aos portugueses para comprar a ‘Adoração dos Magos’, pintura de Domingos Sequeira. Uma estupenda iniciativa que está, erradamente, a ser anunciada como a primeira do género em Portugal. É a segunda. Uns dias antes, começou outra campanha que conta com a contribuição dos cidadãos para adquirir uma relíquia: um Governo marxista-leninista. Cheira-me é que vai custar aos portugueses mais do que os 600 mil euros do quadro. Era inevitável. Depois dos relógios Casio, dos ténis All Star e da Abelha Maia, mais cedo ou mais tarde o revivalismo dos anos 80 havia de chegar aos regimes políticos, com o ressuscitar desta antiguidade soviética. Eu, que ainda ouço Duran Duran e guardei o ZX Spectrum, estou radiante com este regresso da extrema-esquerda a um Governo. Mesmo que seja o nosso. Além da agradável reminiscência dos anos 80, vem mesmo a tempo do Natal. Já avisei cá em casa. Filha: No Natal quero a boneca que faz bolhinhas com a boca. Eu: Este Natal não há presentes. Filha: Mas a Rita vai ter uma! Eu: Brincas com essa, porque vai ser nacionalizada e passa a pertencer a vocês todas. Filha: Nacionalizada? Mas é um brinquedo! Eu: Produz bolhinhas? É um meio de produção. Logo, é colectivo. Filha: A Rita não vai nisso. Eu: O partido explica-lhe no campo de reeducação. Ao contrário de Cavaco Silva, não estou preocupado com a estabilidade do Governo do PS. Como se vê nas negociações, Costa até pode ceder no que não interessa, como o programa económico e as metas orçamentais, mas tem consciência do que é essencial e não verga na defesa das 3 linhas vermelhas do seu programa: i) ser primeiro-ministro; ii) ser chefe do Governo; iii) mandar nisto. Descansem, António Costa não vai abrir o preambular caminho para uma sociedade socialista. Conhecendo o PS, não se abrirá só um caminho, mas vários. O fomento das obras públicas exige pelo menos 5 caminhos diferentes, todos com o mesmo destino. Sem portagens, óbvio. Aos órgãos de comunicação social aviltados por Sócrates  Um abraço solidário a todos os jornais, revistas, canais de televisão e sites que não pertencem à Cofina. O facto de Sócrates vos considerar inofensivos e não merecedores de bullying judicial é achincalhante. Ser um jornal estimado por alguém com fontes de rendimento tão estranhas não é agradável. Ânimo! Ainda podem inverter a situação e publicar notícias sobre a origem esquisita das fotocópias que Sócrates solicitava ao amigo. Haver um só jornal que é impedido de falar, é mau. Haver só um jornal que é impedido de falar, é péssimo. A frieza do PCP face à greve de fome de Luaty É não conhecer a histórica resistência dos comunistas face à fome alheia. Em 1921 com Lenine (donde vem, justamente, o ‘leninismo’ do ‘marxismo-leninismo’) e em 1932 com Estaline, houve muita larica na URSS. Já na altura os comunistas assistiram, estóicos, à morte de 13 milhões de pessoas, sem fazer nada para as ajudar a comer. Ou ajudando-as mesmo a não comer. Não seria agora um luso-angolano em greve de fome que os ia abalar. Calvão da Silva: idoneidade de ter juízo O novo ministro atestou a idoneidade de Ricardo Salgado ao dizer que os 14 milhões que José Guilherme lhe deu foram uma liberalidade. Grave. Felizmente, no governo PS não haverá quem tenha garantido em público a seriedade de um senhor que recebeu milhões de outro, sem justificação. 
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