PORTO: Homilia da Missa de 7º dia de Pedro Aguiar Pinto


 Pe. BERNARDO MARIA MAGALHÃES    IGREJA DE SANTO ANTÓNIO DAS ANTAS  17/10/2016

Hoje é dia de Santo Inácio de Antioquia, o Santo que terminou a sua vida numa peregrinação singular, de Antioquia a Roma, estamos a falar dos princípios do Séc. II, de Antioquia até Roma percorreu várias etapas para dar testemunho de Cristo, para em Roma oferecer a sua vida por Cristo; foi preso, levaram-no preso, preso em cadeias de ferro, que os soldados romanos diligentemente guardavam. Mas ele ia preso do Amor de Cristo, ia preso pelo Amor de Deus e pelo Amor dos outros. De tal modo ia preso que á passagem em cada comunidade cristã escrevia uma carta a manifestar o seu cuidado, a sua atenção por aqueles irmãos seus que estavam a seu lado, que estavam a caminhar na fé; ele ia preso do Amor de Cristo e por isso caminhava para testemunhar este Amor de Cristo em Roma dando a sua vida por Deus, pelos irmãos. E ao ir preso não ia a pensar em si, não ia a pensar no incómodo de ir algemado, guardado por guardas pouco simpáticos; ia a pensar nos outros e por isso escrevia-lhes a animá-los a ter fé, a ser fiéis, a viver unidos uns aos outros, a viver unidos a Cristo, a caminhar com os olhos fixos na Vida Eterna. Santo Inácio de Antioquia.

Há uma semana atrás, perdoem-me, hoje celebramos a missa de 7º dia do Pedro, e a missa de 7º dia da nossa irmã Ermelinda, eu tive o privilégio de conhecer o Pedro, e não tive o privilégio de conhecer a nossa irmã Ermelinda, mas espero conhecê-la um dia no céu, e rezo para que isso aconteça.
Mas o privilégio que me foi dado de há uma semana atrás precisamente a esta hora estar a peregrinar com o Pedro Aguiar Pinto, exatamente há uma semana atrás estava a peregrinar a caminho de Fátima e mais ou menos a esta hora andava perdido, andava perdido na estrada, ao pé de uma terra chamada Alcanhões (não interessa), andava perdido a confessar uma pessoa, e não sabia que estava perdido e o Pedro foi-me apanhar de carro, e foi um bom bocado atrás sossegadinho á espera que eu acabasse de confessar uma senhora chamada Maria.
E há uma semana atrás este nosso querido irmão á noite, inesperadamente morreu no meio de uma peregrinação. Depois de ter vivido muitíssimo dependente, muitíssimo preocupado na sua peregrinação que é a Vida, na sua vida toda com os outros , com cada um dos irmãos, cada um dos amigos, poderia dizer que ele realmente caminhou preso, caminhou preso pelo Amor de Cristo, caminhou preso pelo Amor que vos tem. E esta é uma grande Graça; o Evangelho dizia a certa altura "...com Deus a dizer a um homem insensato: insensato, esta noite irás entregar a tua alma, reparaste para quem será?..."
Suponho que numa morte inesperada como a do Pedro durante a noite, Deus lhe tenha dito exatamente o contrário, sensato, esta noite entregarás a tua alma, e o que preparaste, o exemplo que deste, o testemunho que ao longo da tua vida na terra deste é para os outros, para os teus irmãos, para os teus amigos, para que o aproveitem, para que o aproveitem...
E aproveitá-lo é tê-lo como herança, e aproveitá-lo é sobretudo pôr os olhos no Céu e caminhar e fazer uma peregrinação presos, presos do Amor de Deus e presos do Amor uns pelos outros.
É tão óbvio, a morte põe-nos diante da evidência da Vida eterna, põe-nos diante da aparência do fim das coisas e da evidência da vida eterna.
Como é que pode não sobreviver aquele que nós Amamos, como é que pode perder-se aquele que nós Amamos, que Aventura ridícula seria o Amor se a morte o destruísse, que Aventura ridícula seria a vida, a vida boa, a vida da Amizade, a vida entre irmãos, a vida de família, se a morte destruísse tudo isso; se tudo isto que aqui experimentamos não fosse uma imagem da vida eterna, da Comunhão plena com Deus e com os outros, para a qual caminhamos e que leva á perfeição; tudo isto que aqui experimentamos, a Verdadeira Amizade, o Verdadeiro Espirito de Família e a Saudade.
Isso meus querido irmãos e irmãs, bendito seja Deus que nos faz experimentar, que nos faz olhar para exemplos tão vivos da sua Presença.
Eu vi um homem que peregrinava para o Céu, preso pelo Amor de Cristo, preso pelo Amor que ele tinha aos seus irmãos, aos seus irmão de carne e aos seus irmão na fé e na vida.
Eu vi isto e não posso calar e quero pedir a Graça de saber aproveitar este privilégio, e a Graça de que todos aqueles que puderam conhecer este nosso irmão que façam o mesmo.
Vamos pedir a Nossa Senhora que nos ajude a caminhar para o Céu e a buscar em todas as coisas desta terra a Vida Eterna.
Que assim seja!

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