NecTalks: O desafio de levar Jesus para as Universidades

VOZ DA VERDADE  23.10.2016
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Há 5 anos eram 4. Hoje são 16. Os Núcleos de Estudantes Católicos (NEC) multiplicaram-se em Lisboa e, no dia 15 de outubro, estiveram reunidos, pela primeira vez, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, para crescerem uns com os outros. Foram vários os oradores convidados para o primeiro NECTalks que testemunharam que, na vida académica, mas não só, “muda-se o mundo a amar”.

O auditório está cheio e a atmosfera é familiar. Nas cadeiras, a sorrir, cumprimentam-se estudantes dos 16 núcleos católicos de Lisboa. E outros que não são nem estudantes e possivelmente, nem católicos. Uns mais velhos, outros acabados de chegar. Tinham para lhes falar nove convidados, entre os quais D. Manuel Clemente, padre Tolentino Mendonça e João César das Neves. Com o tema ‘Transformados em Cristo, transformaremos o mundo’, o objectivo passou por encontrar respostas para a pergunta: “De que forma viver a fé na vida académica e, futuramente, profissional?”.
Vasco Garcia, estudante universitário e apresentador do NECTalks, explica que a raiz do “crescimento exponencial de núcleos de estudantes católicos está “intimamente ligada à Missão País”. Um projeto que leva universitários a servir comunidades distantes nas férias entre semestres. Com “alegria” e com a “certeza” de que a missão não pode ficar por ali, estes estudantes católicos decidiram organizar-se de forma a tornarem-se “grupos abertos” que “procuram trazer um bocadinho da missão e de Jesus para dentro da faculdade e torná-la quase uma igreja”. Agora, decidiram juntar-se e trazer oradores que os desafiassem a levar Cristo para dentro das Universidades. 

D. Manuel Clemente
Ser cristão é Cristo em ação
De sorriso fácil, sem ‘cábulas’, foi o Cardeal-Patriarca de Lisboa a abrir o painel. D. Manuel Clemente começou por sublinhar a importância da “descoberta de que Jesus está vivo” e que confronta “não como alguém que nos fala do passado, mas que nos fala do presente”.
O Cardeal-Patriarca lembrou a missão de cada cristão. “Onde é que Jesus tem boca para falar? Na boca dos cristãos. Onde é que Jesus tem mãos para estender? Nas mãos dos cristãos. Onde é que Jesus tem coração para sentir e até para sofrer? Na vida, no sofrimento e na paixão de tanto cristão. Onde é que Jesus nos espera? Precisamente nos outros. Até naqueles onde o seu espírito já chegou e eles não sabem. O espírito de Jesus anda mais depressa do que nós. E esta realidade foi aquela que vocês encontraram. Por isso, resultou. Em contacto com esta realidade encontraram a própria realidade”.

Elvira Fortunato
“Não vou mudar o mundo, mas posso mudar o mundo de algumas pessoas!”
A professora e investigadora na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, e que vai integrar, no próximo mês, o Grupo de Alto Nível de Conselheiros Científicos da Comissão Europeia, focou-se na “atitude do investigador” e na forma como a ciência se pode pôr ao serviço de um “mundo melhor”. Elvira Fortunato garantiu que com “trabalho” é possível “mudar o mundo de algumas pessoas”. E, se cada um fizer a sua parte, o mundo muda. “Se muitos mudarem o mundo de algumas pessoas, essas pessoas acabam por ser muitas”, frisou. Pioneira na demonstração da possibilidade da utilização do papel para aplicações de eletrónica, insistiu na procura de alternativas aos males que estão a assombrar o mundo.

Luís Mascarenhas de Lemos
Para em tudo servir melhor
Docente na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, escuteiro e responsável de campos de férias, Luís lembrou que é preciso pôr os “talentos” a render. Até porque “se ficam adormecidos a ser os melhorzinhos a ler os livros todos, a decorar a matéria toda” não vão dar “árvores nem frutos”, garantiu.
Luís lembrou ainda a tarefa importante dos cristãos universitários. “Se há pessoas que têm responsabilidade de boicotar a solidão e a tristeza são vocês! Não há instrumento mais rico do que a experiência de amor que Deus nos convida a fazermos na relação uns com os outros”.
E a experiência do serviço que é “uma experiência do amor” também é “possível na faculdade”, sublinhou Luís. “Com a senhora da secretaria, numa palavra simpática com a senhora do bar todos os dias ou até na honestidade de não copiar no exame”.

Filipa e Miguel Câmara Machado
“Fala de Deus. Se necessário, usa palavras”
São casados há 3 anos e estiveram ‘em casa’. Docentes na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Filipa e Miguel animaram campos de férias e estão profundamente ligados à espiritualidade inaciana. Quiseram deixar desafios a quem os ouvia. O primeiro: “falar de Deus através da maneira de estar”. Viver o dia-a-dia com “alegria” e paz”. E “isto converte mesmo”, garantiram.
Sublinharam ainda a importância de “ter em conta o contexto de cada pessoa específica” quando se fala de Deus na universidade. Sem nunca esquecer de “falar para fora e agarrar na minha maneira de pensar e tentar falar com os meus colegas de uma maneira que chegue ao contexto deles”, desafiaram. Para isso, deixaram dicas muito práticas: “encontrar os colegas onde eles estão”, “usar palavras que não tenham imediatamente uma conotação negativa”; “ser tolerante” e “centrar ao máximo a mensagem no essencial que Jesus nos veio dizer: o amor, o perdão”.

Diogo Bragança
Ser Cristo na Universidade
É aluno de Física no Instituto Superior Técnico, estuda há 3 anos num grupo de ciência e fé e foi precisamente aí que mais insistiu. “O nosso nível de conhecimento da fé tem que estar ao nível dos nossos conhecimentos técnicos”, sublinhou Diogo. “Não posso saber muito sobre os buracos negros em rotação e depois não saber nada sobre o milagre do sol em Fátima. Tenho de saber explicar o milagre do sol em Fátima a alguém”. Isto porque a missão de um cristão na universidade passa precisamente por “levar Jesus aos outros”. E “nada melhor do que um vínculo para aproximar essa pessoa da Igreja”, garantiu Diogo. “É neste trabalho individual que Deus nos usa como instrumentos. Deus trabalha em nós para trabalhar noutras pessoas. É assim que se transformam os corações”. Diogo lembrou, por fim, a importância de “evangelizar através do exemplo”. Porque “um cristão é um outro Cristo na universidade”. E desafiou: “As pessoas têm que ver o rosto de Jesus no nosso rosto”.

Maria Teresa Ribeiro
“Torna toda a tua vida num lugar de beleza para Deus”
A professora da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, especialista em conjugalidade, terapia familiar, mediação familiar e comunitária, começou por sublinhar a importância de “escolher fazer bem tudo aquilo que fazemos”, de “ser exigente com a nossa própria vida” e de “pôr a render os talentos que Deus nos deu”.
Partilhou histórias e lembrou que “somos convidados a viver uma cultura de vínculos, de laços, de alianças, por oposição à cultura dominante individualista”. E se “ser cristão é acreditar que Deus nos criou por amor, através do amor e para o amor”, somos convidados a dar o passo seguinte: “Se isto é bom para nós, não o queremos também para os outros?”. Maria Teresa apelou, por isso, à partilha desta alegria: “No nosso dia-a-dia, há que despertar o desejo de Deus no coração de cada um. É preciso abrir o coração a Cristo. Deixar que ele nos diga por onde começar. É preciso viver numa atitude de permanente conversão e descoberta”. E terminou com firmeza: “Estamos aqui todos juntos porque Deus é amor. É essa certeza que deve guiar a nossa vida de universitários”.

João César das Neves
Transformados em Cristo, transformaremos o mundo
O professor catedrático da Universidade Católica, doutorado em Economia e autor de mais de 40 livros, garantiu que é possível mudar o mundo. Mas há uma condição essencial para que isso aconteça: ser “parte da Igreja”. Porque “não sou eu que mudo o mundo. É a Igreja e eu faço parte dela”. E como é que se muda o mundo? “Muda-se o mundo a amar. Não é a estudar, a trabalhar, a fazer sacrifícios. É a amar. Não interessa o que se faz, interessa o amor com que se faz”, garantiu César das Neves.
E o essencial é “amar a Deus”. Até porque esse é o “primeiro mandamento”. E depois “amar o próximo”. Que não é o mesmo que amar a “humanidade, os santos, os pobres”. É mesmo “o próximo”, insistiu César das Neves. E terminou: “Será que eu consigo fazer isto? Não. Mas isto não é uma coisa que se faça, é uma coisa que se pede”.

Sara Menezes
Enfrentar
Aluna de Direito na FDUL, Sara veio contar a história da sua conversão. E garante: “Se há três anos me perguntassem se eu estaria aqui, eu diria que era impossível”. Conta que participou na Missão País “completamente contrariada” e essa acabou por ser das “semanas mais difíceis e mais maravilhosas” que já viveu e que lhe mudaram “a vida toda”.
Este ano foi batizada e crismada, depois de uma semana que lhe trocou as voltas. “O meu papel era levar a fé aos outros. E aconteceu o inverso: a fé chegou até mim através dos outros”. Partindo da sua experiência, Sara alertou para a importância de se levar Jesus a quem menos parece querer recebê-lo. Até porque “a missão é isso mesmo: aqui e agora”, garantiu. “É quando estamos no nosso dia-a-dia e a fazer aquilo que é a nossa rotina que temos que sair da nossa zona de conforto. Enfrentar aquilo que é posto no nosso caminho”.

Padre José Tolentino Mendonça
A certeza do amor
“O essencial não é o que pensamos de Deus ou o que podemos dizer acerca dele. É o que cada um ouve Deus dizer a respeito de nós próprios no nosso coração”, começou por dizer o padre Tolentino. E o que se ouve é amor. “É por causa desse amor que somos cristãos. É por causa da experiência, do sabor, do excesso, da largueza desse amor que estamos aqui. Acreditamos nesse amor porque percebemos que podemos confiar em Deus porque Ele nos dá esse amor”. Uma descoberta que tem urgência em ser partilhada. “A missão de um cristão é fazer com que cada pessoa descubra a excelência desse amor que muda a vida”. No fim, o padre Tolentino deixou um convite: “Tu és amado. Digam isso a toda a gente, segredem isso uns aos outros. E se não puderem gritar a toda a gente, segredem isso a um só ouvido”.

Mensagem do Presidente da República
“Obrigado”
Também o Presidente da República quis deixar a sua mensagem aos jovens estudantes reunidos no NECTalks. Num vídeo de 4 minutos, Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu o “contributo dos estudantes universitários católicos em instituições sociais e culturais, no período de crise que acabámos de viver”.
Nesta mensagem, o Presidente da República garantiu que “a crise foi menos penosa devido ao contributo de instituições” onde está presente o papel dos estudantes católicos.

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