Ver ou não ver o filme Camino?

Caros amigos:
Venho pedir desculpa a todos quantos iludi ou confundi com a divulgação do comentário apreciativo ao filme “Camino” da autoria do crítico de cinema João Lopes e que podem ver aqui.
A minha atenção foi despertada pelo entusiasmo de dois amigos de juízo sólido e seguro que, separadamente me referiram o filme como a ir ver.
A reacção de leitores fiéis não se fez esperar muito e logo na segunda feira de manhã fiquei a saber o logro em que tinha caído e enganado os leitores do Povo.
Um outro amigo meu, com quem falei à tarde, foi ontem mesmo ver o filme e sem mais, deixo-vos com o seu comentário:

CAMINHO
É o que percorremos até chegarmos a Ele.
Sendo o título do filme, evocando o livro de S. Josémaria  Escrivá, não é o verdadeiro nome da protagonista, Alexia. Começando com uma mentira só pode acabar com outra, um sofá vazio.
Feita esta ressalva, na sequência do aviso maldosamente inicial, HISTÓRIA BASEADA EM FACTOS REAIS, passo a contar:
Fiquei intrigado com a sugestão para ir ver um aclamado filme espanhol (de Javier  Fesser) que contava a história de uma menina sobre a qual decorre um processo de beatificação, que me foi recomendado ver por fontes muito diversas (opostas mesmo);  como recentemente um filme de inspiração cristã “dos Homens e dos Deuses” (de Xavier Beauvais)  tinha sido unanimemente aclamado, pensei para comigo que algo de bom podia estar a acontecer no cinema europeu. Mais intrigado fiquei quando me disseram que os anteriores filmes deste realizador de católico tinham pouco.
Vi um filme muito bem feito, mas profundamente MAU.
Como referi, logo nos momentos iniciais da projecção aparece o tal aviso que costuma vir no fim, mas que aqui está estrategicamente no princípio para vermos o filme condicionado pelo aviso (afirmando que se baseia em factos reais), a mãe da Alexia é posta aos nossos olhos com requintes de beatice associadas a malvadez, o pai com o bonzinho mas cheio de dúvidas em Deus, a irmã uma numerário da Opus Dei (o que será verdade) mas com a necessária frieza “imposta” pela Obra, e como se toda estas inverdades não bastassem inventam um namorado (que nunca existiu) de nome Jesus. Estão já a imaginar os trocadilhos que o artista faz com Deus e o namorado.
O que move uma pessoa a mentir tanto, dizendo que conta uma história verdadeira? Que necessidade tem em ferir tanto aquela família? Para dizer que não acredita em Deus basta-nos contar a verdade sobre a sua própria vida, o que se passou para perseguir com tanto empenho a Cristo?
Apenas vos conto a cena da morte de Alexia, tem requintes de malvadez e mentira. É narrada ao mesmo tempo que uma peça de teatro (Cinderela), a mãe e o capelão do hospital também encenam, ambas têm muita gente a assistir, acabam com as plateias a bater palmas. Esta cena das palmas é uma enorme mentira, não se passou assim de facto (até nas palavras de Fesser), que imaginação malévola,  por um monte de gente a bater palmas aos pés de uma menina com um olhar tão doce que morre em paz. Escusado será contar, porque já todos adivinharam, que Camino será recebida quando morre pelo namorado, aprendiz de pasteleiro que se chamava Jesus numa cena idílica com muita música e flores.
Um filme a ver com muitas reservas.

Miguel Mesquita Guimarães
um critico irrequieto

PS- uma pergunta para o “colega” João Lopes, porque raio acha que sendo Portugal um pais de tradição católica (como o afirma) este filme tão cristofóbico tem enorme potencial? comercial que seja. Cheira-me a mais do mesmo. Já agora, pergunte lá porquê a classificação quanto ao género de: drama e comédia, eu nunca tive vontade de me rir. 

A ler também esta crítica no site do Fantasporto e este comentário no site da Opus Dei e ainda um comentário no Facebook

Finalmente, pedindo mais uma vez desculpa por ter induzido os leitores do Povo em erro, sugiro que não vão ver o filme, a não ser para quem tenha o estofo e queira perceber como é que o talento pode ser posto ao serviço de um propósito malicioso, mesmo maligno.
Um abraço com amizade
Pedro Aguiar Pinto

Comentários

Faro disse…
Eu confesso que gostei do filme. A história é bonita e para mim a mensagem que transmitiu foi acima de tudo o amor, a fé, a beleza de uma criança.
Mas de facto, vendo com olhos de ver o realizador quis atingir a igreja e, nomeadamente o opus dei. E confesso que aquela mãe é para mim um retrato bastante fiel das numerárias que conheço, que considero tal como disse, frias, distantes, no entanto, estou a generalizar, e há como é evidente excepções.

Na altura porque duvidei que a história estivesse bem contada, tive curiosidade e fui ver se aqueles factos eram realmente reais. Houve claramente uma distorção conveniente para o autor, que sem dúvida feriu aquela família.

É ainda assim, um filme que nos leva a pensar na morte, no sofrimento e na dor, algo que não acontece só aos outros e que "gostamos" de fugir. Gostei porque transmitiu uma forma de encarar a dor sem culpar ninguém, sem perder a fé, sem se revoltar com Deus, mesmo que o objectivo tenha sido o oposto.
Quem ama Deus encara o sofrimento de forma mais tranquila. Tenho pena dos céticos e muito mais daqueles que não perdem uma oportunidade de nos atingir, são eles de facto que mais sofrem, pois não sentem esta paz interior, este amor e alegria que sentimos, este tesouro que podem cobiçar, mas que ninguém nos consegue roubar.
Luisa Fernandes disse…
Fiquei baralhada e mesmo algo chocada ao ler, vindo de si, o artigo que publicou anteriormente sobre este filme. Venho agradecer-lhe esta denúncia corajosa.

Este exemplo mostra como até os amigos de juízo sólido e seguro se deixam actualmente enganar pela pretensa "abertura de espírito" e como temos todos de ter muito cuidado com o que nos aparece como inócuo e até católico. E só a coragem de rectificar nos pode levar a ultrapassar todos os enganos. Cump. Luisa Fernandes

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