Estado e Sociedade

Miguel Morgado
RR on-line 02-03-2011 08:44

Para quem já percebeu que o Estado português é demasiado grande e excessivamente intrusivo; que, em várias ocasiões, é lesivo da liberdade e entorpece a iniciativa das pessoas; que é de um modo geral ineficaz e parece gostar de promover iniquidades e privilégios aberrantes, a missão política que se impõe é clara: fazer recuar o Estado e deixar a sociedade respirar. Assim, cabe a um futuro governo reformador proteger a sociedade do Estado.
Contudo, essa é apenas uma das faces da moeda. Quem compreendeu que as coisas terão mesmo de mudar, não poderá contornar uma tarefa que é essencialmente dupla: a de, por um lado, proteger a sociedade do Estado, e a de, por outro, proteger o Estado da sociedade.
Porque a principal razão por que o Estado invade a sociedade reside precisamente na colonização do Estado levada a cabo pela sociedade, ou melhor, por grupos sociais organizados, pelos partidos políticos e pelas redes que envolvem os negócios, as influências e os interesses particulares.
O Estado é ocupado e usado para invadir a sociedade. Portanto, num país como Portugal, a sociedade empobrecida e sufocada precisa com urgência do espaço e do oxigénio que o Estado lhe nega todos os dias. Mas, para que o Estado possa ser aquilo que deve ser, tem de ser protegido das investidas recorrentes das fracções da sociedade que pretendem penetrá-lo e que, ao fazê-lo, incapacitam-no de fazer o que tem efectivamente de fazer e colocam-no onde seguramente não deve estar.
Quem fizer isto, reformará o País. A sério.

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