Campeonato do Mundo?
Público, 2010-06-20 Vasco Pulido Valente
Como qualquer pessoa - ou, se quiserem, como qualquer pessoa da minha idade - perco horas por semana a ver os jogos do Campeonato do Mundo de Futebol, o que tem sido, como sabem, um sacrifício inexplicável e, ainda por cima, inútil. Não falo de Portugal (que passou depressa). Falo de toda a gente com a evidente excepção da Argentina e do Brasil. Mas, no meio da sonolência e da irritação com a monotonia e a mediocridade do que tenho visto, comecei pouco a pouco a perceber a explicação daquele desastre: o Campeonato do Mundo de Futebol não é, de facto, o Campeonato do Mundo de Futebol, é campeonato dos jogadores da Europa (e aqui incluo na Europa, embora em pequena medida, a Rússia europeia) e da Turquia, arbitrariamente divididos por nacionalidade de origem.
Verdade que se tocam hinos e se mostram bandeiras e que uns milhares de entusiastas pintam a cara e agitam bandeiras. Mas seria informativo e didáctico indicar a que clube está neste momento ligado cada jogador e fornecer um pequeno sumário da sua carreira. Isto, porque a maioria foi educada na Europa e continua na Europa. Normalmente, nos países mais ricos: na Alemanha, em Inglaterra, em Espanha, em Itália, em França, na Holanda ou na Bélgica. Mas também na Grécia, na Turquia e até, em certa medida, em Portugal. Por isso, quase sem excepção, jogam como se joga na Europa. A "nacionalidade" futebolística, como existia há 20 anos, desapareceu. Já não há surpresas. Há uma rotina de anos, que se reproduz num cenário novo e com um aparato diferente.
A fraqueza de equipas como a Inglaterra ou França vem precisamente desta uniformidade geral. A Europa compra o talento da África, da América do Sul e mesmo da Ásia. Quando um clube europeu precisa de um atacante ou de um médio ou um defesa, não o procura em casa, compra no mercado universal, mais prometedor e barato. Não admira que a seguir às selecções verdadeiramente nacionais faltem jogadores de qualidade para lugares decisivos (como, por exemplo, falta à Inglaterra um guarda-redes). Pior ainda: as secções juvenis dos grandes clubes não hesitam em importar adolescentes do Mali ou do Chile, para os desenvolver e treinar para seu benefício (ou os mandar embora sem educação e sem destino, se falharem). O Campeonato do Mundo acabou por se tornar uma falsificação. É um negócio e uma bolsa de jogadores. Pouco mais.
Verdade que se tocam hinos e se mostram bandeiras e que uns milhares de entusiastas pintam a cara e agitam bandeiras. Mas seria informativo e didáctico indicar a que clube está neste momento ligado cada jogador e fornecer um pequeno sumário da sua carreira. Isto, porque a maioria foi educada na Europa e continua na Europa. Normalmente, nos países mais ricos: na Alemanha, em Inglaterra, em Espanha, em Itália, em França, na Holanda ou na Bélgica. Mas também na Grécia, na Turquia e até, em certa medida, em Portugal. Por isso, quase sem excepção, jogam como se joga na Europa. A "nacionalidade" futebolística, como existia há 20 anos, desapareceu. Já não há surpresas. Há uma rotina de anos, que se reproduz num cenário novo e com um aparato diferente.
A fraqueza de equipas como a Inglaterra ou França vem precisamente desta uniformidade geral. A Europa compra o talento da África, da América do Sul e mesmo da Ásia. Quando um clube europeu precisa de um atacante ou de um médio ou um defesa, não o procura em casa, compra no mercado universal, mais prometedor e barato. Não admira que a seguir às selecções verdadeiramente nacionais faltem jogadores de qualidade para lugares decisivos (como, por exemplo, falta à Inglaterra um guarda-redes). Pior ainda: as secções juvenis dos grandes clubes não hesitam em importar adolescentes do Mali ou do Chile, para os desenvolver e treinar para seu benefício (ou os mandar embora sem educação e sem destino, se falharem). O Campeonato do Mundo acabou por se tornar uma falsificação. É um negócio e uma bolsa de jogadores. Pouco mais.
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