São as eleições, estúpidos!

Sofia Vala Rocha | SOL | 26/04/2016

Toda a gente se lembra do Túnel do Marquês. Estamos a viver um novo Túnel do Marquês em Lisboa e no país, sabendo-o António Costa melhor do que ninguém.

Era uma grande solução para a cidade, mas o Bloco de Esquerda viu nela uma grande oportunidade política. O vereador José Sá Fernandes, sedento de protagonismo, interpôs uma providência cautelar que provocou uma paragem nas obras entre abril de 2004 e janeiro de 2005. Por causa da brincadeira, o custo da obra disparou milhões de euros. No fim, os munícipes e os portugueses pagaram as obras com custos acrescidos de milhões e António Costa ainda recompensou a façanha com um bilhete na coligação das esquerdas que governa Lisboa. Isto passou-se em 2004. Em 2016, José Sá Fernandes continua vereador no executivo das esquerdas de Lisboa.
O país político vibrou na semana passada com a líder do Bloco de Esquerda que, no debate parlamentar com Costa, teria atirado a matar, ferindo de morte a ‘geringonça’. Pretensamente, Catarina Martins teria feito na Assembleia da República a intervenção mais agressiva de sempre contra o primeiro-ministro por causa da banca. Acusando-o de uma escorregadela no Banif, mancomunado com o Presidente da República e com o governador do Banco de Portugal. Acusou ainda António Costa de ter perdido a maioria parlamentar porque no caso Banif teve o voto do PSD.
Não há mortos nem feridos, é tudo a fingir, sosseguem as almas mais sensíveis.
Em Lisboa, há um novo caso idêntico ao do Túnel. Estamos a um ano das eleições autárquicas. Fernando Medina governa a cidade com a coligação das esquerdas que herdou de António Costa.
Conhecem aquela enorme cratera em frente às Picoas e à Maternidade Alfredo da Costa? Devia nascer ali um edifício de 17 andares. Neste momento não há prédio, há um ‘caso’ já em estado de queixa criminal do Ministério Público devido ao empenhamento militante do Bloco de Esquerda - que está a mostrar a sua força e o seu poder negocial.
A última sondagem de popularidade mostrava em primeiro lugar um António Costa com 23.9%, em segundo lugar Catarina Martins com 17.2%, e em último lugar Jerónimo de Sousa com 6.1%. O PCP já está no bolso, para o que também contribuiu um resultado miserável nas presidenciais. O jogo já é só a dois, entre Costa e Catarina.
Catarina está a subir a parada - e o preço, já agora. O Presidente Marcelo foi ver o Papa, o primeiro-ministro foi de Falcon ver Tsipras.
Quando houver legislativas, antecipadas ou não, Catarina Martins quer ser vice-primeiro-ministro e ter pastas relevantes no Governo. Em Lisboa, o BE quer passar à frente de Helena Roseta, ser número dois do executivo camarário e ter vereadores em pastas chave.
A todas as pretensões, António Costa e Fernando Medina dirão que sim. Haja dinheiro para viagens de Falcon e para pagar obras embargadas. Haja paciência para mudar o nome do Cartão de Cidadão e o estatuto dos cães.
Eles dizem que sim, os portugueses e os lisboetas pagam a conta.

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