O cão católico

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada
ionline, 2013-08-17

A história é bizarra, mas verdadeira e foi protagonizada por um capelão da comunidade portuguesa radicada no estrangeiro. Um dia, um seu paroquiano apresentou-se abatido e disse:
"Morreu o meu grande amigo: o meu cão!"
O sacerdote consolou o fiel, mas minimizando a perda, pois afinal seria fácil encontrar um novo exemplar da mesma raça. "É que eu vinha pedir ao Senhor Padre", aventurou-se o fiel enlutado, "se lhe fazia o funeral…"
O prior, sem meias medidas e com caridade, fez-lhe ver a improcedência da petição, dado que o animal, ao contrário do ser humano, não tem alma espiritual. "Mas", insistiu o paroquiano, "não poderia pelo menos rezar umas orações pelo finado?!"
Nova negativa porque, como é óbvio, só as almas humanas podem beneficiar com orações e sufrágios. "E o Senhor Padre acha que, por cinco mil dólares, alguma outra religião o fazia?" "Ó homem, já podia ter dito que o cão era católico!" Pouco católico era, sem dúvida, o padre que estava a levar longe de mais a sua devoção pelo dinheiro. A não ser que, como Santo António, que pregou aos peixes para ser ouvido pelos homens, assim procedesse para manter no redil o dono do cão, que à conta da recusa do funeral do animal ameaçava abandonar o rebanho.
Só o ser humano é imagem e semelhança do Criador, mas quem pode negar que os animais são também suas criaturas?! A Bíblia diz que até Deus gosta de brincar com eles, S. Francisco tinha-os por "irmãos" e Cristo chamou raposa a Herodes, pelo que não será ofensivo chamar animal a alguém… sobretudo se for um político do mesmo género!

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