Um crucifixo não é decoração

JOSÉ LUÍS NUNES MARTINS     09.05.2018        AGÊNCIA ECCLESIA

 
Há pouco tempo, na Alemanha, o primeiro-ministro da Baviera resolveu colocar crucifixos em todos os edifícios públicos da sua região. Os bispos alemães logo se mostraram contra a medida, uma vez que se tratava de aproveitamento político, uma instrumentalização que, mais importante ainda, se tornou motivo de divisão, colocando as pessoas umas contra as outras.
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No passado dia 10 de maio, em Nova Iorque, foi aberta ao público uma exposição no MET (Metropolitan Museum of Art) cujo título é “Corpos Celestiais: Moda e a Imaginação Católica”, que pretende conjugar a moda com a fé católica. A ideia inicial contou com o apoio do Vaticano, que cedeu mais de 40 peças. No entanto, na gala de inauguração, as indumentárias dos convidados fizeram perceber a todos que a fé católica, naquele contexto específico, é apenas um tema sobre o qual cada um pode fazer o que quiser, em nome da criatividade da moda.
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O desrespeito foi mais do que evidente. Centenas de convidados desfilaram com trajes onde a fé católica era apenas e só o ponto de partida para uma imaginação sem limites nem escrúpulos. Será que a falta de respeito não é, por si só, prova evidente de falta de imaginação?
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Talvez a Igreja Católica tenha sido escolhida por ser a mais tolerante a este tipo de abusos. Confesso discordar do apoio do Vaticano, pelo menos pelo que me é dado saber. Afinal, a visibilidade pública, por maior que seja, não conseguirá ser suficiente para justificar as ofensas feitas à fé católica. 
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Ter boa intenção não chega. É necessário antecipar o que é previsível e decidir em função disso. Sem ingenuidades. 
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Qual seria a reação dos convidados se tivesse sido escolhida outra igreja ou religião? Por que razão a Igreja Católica aceitou ser instrumentalizada?
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Um crucifixo é mais do que um simples sinal. É símbolo do amor. Não deve ser utilizado como meio para qualquer outro fim. Qualquer que ele seja. 
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Quando um católico usa um crucifixo ao pescoço, deve usá-lo como símbolo da sua fé, jamais como um adereço estético. Não serve para se promover a ele mesmo, mas para louvar o sacrifício daquele que deu a sua vida por nós. 
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Exibir um qualquer objeto religioso fora do seu contexto é potenciar o erro de o julgar por si mesmo. 
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Cada um é livre de escolher o que veste. Mas é uma hipocrisia considerar que não deve respeitar os outros, nem sequer conceder-lhes o direito de expressar a sua repugnância pelas suas escolhas. 
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