A liberdade não dá descanso!

Maria José Vilaça 

O presente desafia-nos. As circunstâncias abanam-nos. 
Os desaires políticos, os atropelos à dignidade do homem, as tentativas de alterar o conceito de família, o desrespeito pelas necessidades das crianças, o abandono das grávidas, enfim tudo o que, por via do processo democrático, tínhamos ganho e agora perdemos… tudo nos leva a um desânimo e à sensação de que voltamos ao início.
A guerra no mundo, os imigrantes e os refugiados, os cristãos e outros perseguidos e mortos pela sua fé, os reféns que podíamos ser nós, a ameaça que cada vez parece mais perto… tudo nos leva a um desânimo e a uma sensação de não termos para onde nos voltar.
À nossa volta parece que tudo se desmorona, tudo cai… a estrutura sobre a qual tínhamos construído as nossas certezas abana cada vez mais e todos nos sentimos no meio de um terramoto, a querer fugir do terror de um mundo sem sentido.
Mas será mesmo assim? Será esta a leitura que somos forçados a fazer? Deixamos cair os braços ou podemos olhar para esta realidade e tirar outras conclusões? O encontro com a misericórdia de Deus, em Cristo encarnado teve assim tão pouca importância na nossa vida? Não mudou em nada a nossa forma de olhar a realidade? Afinal de que serve sermos católicos? Afinal de que serve acreditar que um dia Deus entrou na nossa vida… se nada mudou? Acreditamos ou experimentámos mesmo uma mudança?
Podemos dizer que a mudança que Deus tem vindo a trazer ás nossas vidas é a certeza de que a esperança não é vã. A certeza de que quem nos sustenta não é uma ideologia, mas uma pessoa e que essa pessoa que deu a vida por nós. Por isso não existe o medo sem sentido. Tudo tem um sentido e tudo é um pedido de ser mais e ir mais além. Fazer mais um esforço, recomeçar e fazer melhor, amar mais porque o que fizemos não chegou. Não chegou para mudar o nosso coração. Talvez tenhamos ficado ainda presos no voluntarismo, no agir e agora somos chamados a amar com a compaixão de Cristo, até à morte. Ainda não demos tudo, ainda não demos o que faltou à paixão de Cristo… a paixão da Igreja esposa que se realiza em cada um de nós.
Agora olhamos de outra forma para o Jubileu da Misericórdia e percebemos que o Papa Francisco foi profeta. Mais do que nunca precisamos de contemplar a misericórdia e de nos vermos envolvidos pelo seu abraço. Mais do que nunca precisamos de reconhecer que somos os primeiros necessitados e os primeiros beneficiários deste mistério que é sermos amados por Deus!
Se tivemos a experiência do encontro com o Amor, nada nos pode fazer desanimar. Animemo-nos uns aos outros na certeza do amor de Cristo, em especial agora que nos preparamos para celebrar a encarnação. O Natal não é quando um homem quer. O Natal é a celebração do dia em que Jesus encarnou, ou poderíamos dizer, do dia em que a misericórdia se fez carne para melhor nos poder encontrar e para que pudéssemos já, aqui e agora viver com a certeza de que a vitória do Amor já aconteceu.
Nós na Associação de Psicólogos Católicos estamos prontos para pôr mãos à obra. Nas diversas áreas onde somos chamados a trabalhar queremos ser testemunhas da esperança, da misericórdia e do olhar que Jesus tem sobre cada um, como se Ele nos dissesse “Amo-te como és, e sei que podes ser melhor”.
Maria José Vilaça 
Presidente da Associação dos Psicólogos Católicos
26 Novembro de 2015

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