"Marcou a sua geração sacerdotal a vários níveis, belíssimos todos"

Nascido em Lisboa a 15 de setembro de 1972, o padre Ricardo Neves viveu a infância em Rio de Mouro, beneficiando desde o berço de uma carinhosa edução cristã e humana que se refletiu em muitos traços da sua personalidade e da sua atuação pastoral. Aluno dos seminários do Patriarcado de Lisboa desde 1986, foi ordenado padre a 29 de junho de 1997, no Mosteiro dos Jerónimos, e celebrou a sua Missa Nova a 13 de julho, em Rio de Mouro.
Desde setembro de 2011 era pároco de Santo António do Estoril e vigário de Cascais, juntamente com a direção do Serviço de Animação Espiritual. Ao longo dos seus 18 anos de sacerdócio, foi também prefeito e vice reitor do Seminário de São José de Caparide, assistente do Sector de Cascais das Equipas de Jovens de Nossa Senhora e diretor diocesano do Serviço da Pastoral Vocacional.
Escrevendo um dia a João Costa, membro do “Percurso Alpha”, o padre Ricardo Neves confessava: «Ser padre é para mim uma grande felicidade. Não o procuro por causa da felicidade mas ela vem realmente como consequência de estar ao serviço, de viver em comunhão com Jesus, de estar na vida das pessoas e ajudar a construir a Igreja. Esta felicidade tem as mesmas marcas da de Jesus: está atravessada pelo mistério da Cruz, onde o amor e a confiança são chamados a radicalizar-se. Tenho experimentado também isso na minha vida: pelo meio de tormentas e sofrimentos, Deus faz crescer um amor mais límpido». 
O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que o conheceu desde a entrada no seminário e o acompanhou proximamente na sua vida, com um cuidado especial neste último ano, reconhece essa felicidade que o padre Ricardo Neves experimentava no seu sacerdócio e no serviço às pessoas: «O padre Ricardo Neves marcou a sua geração sacerdotal a vários níveis, belíssimos todos. Entre os seus colegas de seminário, era naturalmente líder, pela inteligência, pela sensibilidade, pelo entusiasmo. Entre os seus seminaristas, depois, juntava um alto grau de discernimento com a relação próxima, fraterna e estimulante. Para quem o escolheu como "diretor espiritual", de perto ou mais longe, foi determinante para o sentido cristão da existência e a fidelidade certa aos compromissos. Para os seus paroquianos, foi um pastor de todas as horas, de todos os projetos, de aplicação sacerdotal inteira. Foi-o também nos longos meses da sua doença, de que fez cruz salvadora». 
Recorda o padre José Paulo Machado, vigário paroquial, que o auxiliou e viveu com ele todos estes anos de pároco do Estoril, desde que se encontraram em Julho de 2011 para «traçar um plano conjunto para a comunidade paroquial do Estoril»: o padre Ricardo Neves era um «atento observador de todos os pormenores» e «foi essa observação amorosa sobre as pessoas, sobre a paróquia, sobre as situações, sobre os pormenores, a responsável pela construção de uma paróquia agora verdadeiramente conciliar, dotada de instrumentos de corresponsabilidade transversais a todos os seus membros». Impressionado pelo sentido pastoral e pelo testemunho que manteve sempre, incluindo durante a doença, refere ainda que «mesmo na dolorosa provação do galopante cancro que o invadiu, o Padre Ricardo nunca descurou uma atenta observação sobre o amanhã da paróquia e sobre si próprio». 
Logo quando tomou posse no Estoril, o padre Ricardo Neves renovou e inovou muitas práticas pastorais, mas a mais simples e fundamental de todas terá sido, muito provavelmente, a oferta permanente e diária do sacramento da Reconciliação. «Num dia muito importante da história da minha conversão senti uma força muito grande para não adiar mais a Confissão: meti-me no carro e fui direita à paróquia. A minha história com o padre Ricardo começa porque ele estava no sítio certo à hora certa: o confessionário! Aí começou o caminho que me trouxe ao convento e no qual o padre Ricardo tem sido uma mão da Providência», lembra Sor Maria Madalena da Divina Misericórdia (monja concepcionista).
No mesmo sentido de disponibilidade permanente para o acompanhamento pessoal, Fátima Terra, atualmente no Secretariado da Catequese do Patriarcado de Lisboa, que conheceu o Padre Ricardo Neves na juventude e era sua dirigida espiritual, vê nele «um irmão, um amigo, um companheiro nesta peregrinação que fazemos para o Céu…uma vez que não temos aqui morada permanente» e conclui: «Tenho a certeza que o padre Ricardo foi colocado no meu caminho por Deus. Foi ele que nestes seis anos me acolheu, apoiou e suportou, animando a minha Fé e Esperança e estimulando a minha vivência da Caridade, particularmente nos momentos mais difíceis». No mesmo sentido, João Costa: «Através da sua catequese, a minha vida espiritual cresceu bastante. Nos dias que correm, em que nos faltam mestres de vida interior, e de uma existência digna de ser vivida, eu sinto-me muito privilegiado por o ter tido no meu convívio íntimo e a guiar-me, hoje e sempre».
Maria João Dias Ferreira, jovem da paróquia do Estoril, recorda que o nosso prior se fazia «transmissor incansável desse mesmo amor [de Deus]. Uma dádiva de Deus na minha vida, que sem eu esperar e nada antever, me tocou profundamente. O padre Ricardo era uma pessoa cheia de Jesus. Uma alma amiga e extremamente inspirada. (…) O amor de Deus é grande e transmite-se desta forma: através de quem nos ama, de quem nos quer bem e nos motiva a fazer o mesmo. Assim era o padre Ricardo Neves, alguém que me amou de verdade, como Jesus, convertendo o meu coração».Como conclui o Patriarca de Lisboa no seu testemunho sobre o padre Ricardo Neves, «Continuaremos com ele, pois, como Santa Teresinha, "passará o seu céu a fazer bem na Terra"».

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