Na pista dos centauros

Na pista dos centauros

Graça Franco
RR on-line, 080521

Este passo de gigante na divinização da ciência não mereceu mais do que uma poucas linhas nas páginas do noticiário internacional.


Os deputados britânicos aprovaram a geração de embriões mistos de humano e animal. Isso mesmo: a criação de híbridos. Basta que a sua criação seja comprovadamente “necessária e útil à investigação”. O que até há pouco tempo nos parecia impossível, aconteceu. Nos nossos dias, em plena Europa.

Mas este passo de gigante na divinização da ciência não mereceu mais do que uma poucas linhas nas páginas do noticiário internacional.

Na Grã-Bretanha, houve uma intensa polémica, onde a Igreja Católica desempenhou um papel decisivo. Mas o trabalhista Gordon Brown, tal como o seu rival conservador David Cameron, avalizaram o diploma. Votou-se “em consciência” ou na inconsciência.

Criaram-se, como é costume, limites: não será permitida a vida para além dos 14 dias dos embriões híbridos gerados e eles nunca poderão sair do laboratório. É proibida a sua implantação no útero de humanos ou de animais. Até quando?

Os cientistas estão sobretudo interessados na criação abundante dos chamados cíbridos, resultantes da introdução do núcleo de uma célula adulta de um homem num óvocito de animal, de forma a produzir um embrião dito “99,9% humano” e 0,1% animal.

Com o recurso à investigação nas células estaminais destes novos seres - garantem os cientistas - será mais fácil descobrir a cura para o Alzheimer e salvar a prazo milhões de vidas.

Nem por isso fica justificado o desvario. Há doze anos, quando a Dolly surgiu, alguns alertaram para o risco de se ter aberto a caixa de Pandora. Acusaram-nos de velhos do Restelo, capazes de afogar nos maus presságios um mar de descobertas (vida longa e saudável e juventude eterna). Dois anos depois, proibia-se com pompa e circunstância a clonagem humana. Tranquila, a humanidade adormeceu. E acordamos aqui! Ainda 99,9% humanos… Na pista dos centauros da mitologia.

Graça Franco

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