Deus os perdoe
Económico, 2016.03.01 João Távora
A propósito da “conquista enorme da adopção de crianças por casais gay”, o BE engendrou uma paródia de mau gosto com a imagem do Sagrado Coração de Jesus.
É perturbador reconhecer que esta estética tem a adesão de uma burguesia urbana e niilista (que não sabe que é) profundamente ignorante. No fim, como consolo, oferecem-lhes a eutanásia.
Trata-se de um discurso ancorado no ódio e no preconceito, que visa a fractura social. Acontece que, com uma taxa de divórcio acima dos 70%, um Inverno demográfico de consequências incalculáveis, as pequenas comunidades e o modelo de família natural em acelerado processo de extinção, a sociedade caminha para uma atomização sem precedentes.
As pessoas isoladas e desprotegidas, sem sólidas pertenças comunitárias, estarão cada vez mais expostas aos caprichos de um monstruoso poder central – menos livres, portanto. Este fenómeno não é independente do empenho colocado na laicização da sociedade, da religião sitiada na esfera do privado e a sua prática na condição de subcultura marginal.
Inquietam-me os festejos destes bárbaros alucinados à volta de um incêndio que a cada dia arruína mais os alicerces daquela que se foi tornando a nossa casa comum ao longo dos séculos.
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