Um corrente de oração reparadora segundo o sentir do Coração de Jesus

José Jacinto Ferreira de Farias, scj
2 de Junho de 2011

O nosso país e o mundo de hoje em geral estão a passar por um momento particularmente difícil da história. Na Igreja a situação também não é em muitos casos animadora, se observarmos com atenção um certo esmorecimento da fé e mesmo arrefecimento na piedade e no zelo apostólico nos mais conscientes e responsáveis. Parece que a humanidade em geral e Portugal em particular estão a passar por um período de grande cansaço, de esgotamento, quase mesmo de depressão, motivada não tanto ou pelo menos não principalmente pela crise financeira dos mercados ou pelas dívidas soberanas dos Estados, como é também o caso de Portugal, mas por uma crise mais profunda, uma crise da alma, do coração, uma autêntica crise espiritual não só das pessoas individualmente, mas também como nação, pois como que se perdeu a alma e o espírito de um povo, e todos andam à deriva.
Pessoalmente a muitos títulos encontro-me eu próprio na mesma situação descrita pelo profeta: o profeta e o sacerdote percorrem o país sem nada entenderem.
Por isso impõe-se um novo fôlego, e este mês de Junho pode ser o tempo propício para isso, como mês que é consagrado ao Coração de Jesus. É urgente escutar os apelos que o Senhor, na figura do Seu Coração, fez no séc. XVII a Santa Margarida Maria, lamentando-se do esquecimento a que estava sendo votado nesse tempo, queixando-Se da ingratidão das almas. S. Paulo exclamava: Ele amou-me e entregou-se por mim. S. João confessava ser o discípulo predilecto, o discípulo que Jesus amava. Ora a nossa sociedade esqueceu-o ou quer mesmo esquecê-Lo e esquecer os seus sinais, abolindo, por exemplo, dos espaços púbicos o crucifixo, o sinal mais evidente do amor, pois foi por mim, por cada homem que Ele derramou o seu sangue na cruz.
A mesma lamentação foi feita em Fátima por Nossa Senhora, que se queixava da pouca gratidão dos homens, do sofrimento do Seu Filho por causa dos pecados cometidos todos os dias; mostrava com dor o destino de tantos pecadores que caíam no inferno; pedia aos Pastorinhos orações e sacrifícios em reparação pelos pecados cometidos sobretudo por aqueles dos quais seria de esperar mais sensibilidade, porque mais amados, como são os cristãos, as almas consagradas, os sacerdotes. Os Pastorinhos corresponderam com todas as forças de que eram capazes. Francisco e Jacinta corriam para a Igreja a fazer companhia a Jesus escondido. E Francisco dizia que o que mais lhe interessava mesmo nem sequer era a conversão dos pecadores, mas sim consolar Deus.
Aqui está a mensagem e o sentido da reparação, tão importante na espiritualidade do Coração de Jesus, tão urgente e necessária hoje. Por isso, será conveniente para todos nós escutar os apelos que no dia 16 de Junho de 1675 o Coração de Jesus fez a Santa Margarida Maria: "Estava ela rezando diante do Santíssimo Sacramento, a 16 de Junho de 1675, quando Nosso Senhor lhe aparece. Depois de um breve diálogo, Ele aponta para seu próprio Coração e diz:
 “Eis aqui o Coração que tanto amou os homens, que não poupou nada até esgotar-se e consumir-se, para testemunhar-lhes o seu amor; e, por reconhecimento, não recebe da maior parte deles senão ingratidões, por suas irreverências, sacrilégios e pelas indiferenças e desprezos que têm por Mim no Sacramento do amor. Mas o que Me é ainda mais penoso é que corações que Me são consagrados agem assim.
   “Por isso, Eu te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento seja dedicada a uma festa especial para honrar o meu Coração, comungando-se neste dia e fazendo-Lhe um acto de reparação, em satisfação das ofensas recebidas durante o tempo que estive exposto nos altares. Eu te prometo também que o meu Coração se dilatará para distribuir com abundância as influências de seu divino amor sobre aqueles que Lhe prestem culto e que procurem que Lhe seja prestado”.
Façamos então uma corrente de oração ao longo destes dias e de todo o mês de Junho no sentido reparador que o Coração de Jesus pediu a Santa Margarida Maria; que Nossa Senhora pediu em Fátima. E neste espírito de reparação façamos as primeiras sextas-feiras tal como Ele pediu, a que devemos unir os primeiros sábados, sempre na mesma intenção reparadora, primeiro para O consolar e depois em reparação dos pecados que contra Ele se cometem, pela conversão dos pecadores, por Portugal para que verdadeiramente se cumpra aqui a promessa de Nossa Senhora, de que aqui não se perderá nunca o dogma da fé, sobretudo no seu sentido prático: para que os casais sejam santos, unidos e abertos à vida; para que não haja divórcios e sobretudo para que parem os abortos em Portugal, que fazem de Portugal uma terra amaldiçoada, porque é da terra que o sangue das vítimas inocentes clama por justiça; para que todos se deixem tocar pela preocupação pelo bem comum; para que ninguém se deixe levar pelo ídolo do interesse materialista do dinheiro; que todos, mesmo todos, deixem elevar o seu coração para o alto, para que vejam as coisas da terra com o olhar lúcido da eternidade.

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