Alarme


João César das Neves

DESTAK 15 01 2009 07.57H

Antigamente, quando o tempo estava assim, dizíamos: «Está um frio terrível. Que gelo!». Agora, que somos ricos, temos um «alarme amarelo da meteorologia em todo o País».

A temperatura é a mesma mas o nervosismo é muito maior. O pior é que, porque as autoridades acreditam no nervosismo, existe um exército de pessoas em institutos, observatórios, organismos e autarquias, todas pagas pelos nossos impostos, só para gerir esse alarme. Apesar de todo esse barulho e actividade não conseguem aquecer nada. Continua um frio terrível.

Somos uma sociedade moderna, um país desenvolvido, que tem de ter mecanismos para tratar de tudo. Até do tempo. Por isso, além da nossa vida habitual, participamos num outro nível de acção que nos vem através da comunicação social. Jornais, rádios e televisões mantêm-nos num elevado grau de agitação permanente.

Já estamos habituados e, em grande medida, damos o desconto, mas mesmo asim afecta-nos. É difícil viver num tempo que passa de crise para alarme, de recessão para emergência. Neste último ano batemos o recorde mundial do alvoroço.

Vivemos sucessivos pânicos e catástrofes, alguns contraditórios e vários depois evaporados, mas todos supostamente muito importantes. Da carestia energética aos preços alimentares, do aquecimento global às eleições americanas e ao ataque em Gaza, da crise financeira à deflação e à globalização. Será que isto vai ter influência na nossa vida. Bem, uma coisa é certa: está um frio terrível. Que gelo!

João César das Neves naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

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