Crise. António Costa foi de férias mas volta a meio da semana

ANA SÁ LOPES     SOL      03.07.17

Marcelo quer tudo investigado “até ao fim”. Conselho Superior de Defesa reúne-se sob tensão.

O primeiro-ministro tinha férias marcadas para a primeira quinzena de julho e não as desmarcou, apesar da crise dos incêndios de Pedrógão Grande e do roubo de armamento dos paióis de Tancos. Vai ser à distância que tomará conhecimento da reunião do Conselho Superior de Defesa, que se reúne hoje em clima de alta tensão contra o ministro Azeredo Lopes. Também será à distância que ficará a par da reunião urgente que o CDS pediu ao Presidente da República sobre “a quebra grave da confiança nas instituições do Estado” depois dos incêndios e do assalto a Tancos. A direção centrista é recebida hoje às 14 horas no Palácio de Belém.
António Costa interromperá as férias e regressará a Portugal entre terça e sexta-feira. Depois voltará para o seu destino de férias – aparentemente, uma ilha espanhola – até ao debate sobre o estado da nação, no dia 12 de julho. As férias do primeiro-ministro – ou o local onde decorrem – não foram divulgadas oficialmente.
O primeiro-ministro ainda não se pronunciou sobre o roubo de material de guerra que está a preocupar as autoridades internacionais. Assunção Cristas, a líder do CDS, pediu ontem a António Costa para dar explicações, mas vai ter de esperar. “Creio que é altura de o senhor primeiro- -ministro dizer alguma coisa. Esta é uma situação muito grave do ponto de vista da segurança interna que mina a confiança dos portugueses nas instituições do Estado e é também gravíssima do ponto de vista externo, da credibilidade externa do governo português e de Portugal”, disse.
O Presidente da República, que tem passado os últimos dias a evitar o assunto, falou ontem pela primeira vez. Para Marcelo, não pode haver dúvidas de que “se deve investigar até ao fim em matéria de factos e responsabilidades”. O Presidente falou também em “prevenir o futuro para que não haja de seis em seis anos furtos destes e com gravidade crescente”, em alusão a um roubo no Carregado no final de 2010. Marcelo quer também que se investigue alguma possível ligação entre o assalto a Tancos e roubos que aconteceram “nos últimos dois anos em países-membros da NATO, um deles há poucos meses”.
Remodelação inevitável
Servirão as férias a António Costa para meditar na remodelação que em muitos setores do PS já se considera inevitável? É possível. Os dois ministérios que concentram duas funções de soberania do Estado estão fragilizadíssimos – por muito que António Costa tenha uma relação de amizade profunda com Constança Urbano de Sousa, o seu afastamento começa a ser dado já como inevitável. O mesmo se passa com o ministro da Defesa, que afirmou “assumir as responsabilidades políticas” no caso de Tancos, mas não só se manteve no lugar como aludiu a atos terroristas que possam vir a acontecer. Ontem, António Nunes, presidente do OSCOT (Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo), admitiu à TVI que o levantamento do material roubado pode não estar completo. 

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