Perde-Ganha

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada
ionline 2014.07.12

Foi com grande desgosto que os brasileiros assistiram à derrota da sua selecção de futebol, arredando-a definitivamente do tão cobiçado título de campeão mundial. Antes, o mesmo tinha acontecido já à equipa nacional. Sabia-se que eram remotas as possibilidades do plantel das quinas, por mais que se enfatuasse a presença do melhor jogador do mundo, ou se recordassem as remotas glórias dos magriços. Mas parecia plausível que o país anfitrião do campeonato chegasse à final. Por isso, quando frente à implacável esquadra teutónica,  a selecção canarinha implodiu, foi como se a nação brasileira ficasse mortalmente ferida no seu orgulho nacional.
Portugal e o Brasil, bem como as formações de muitas outras nações, não conseguiram vencer, o que não é dramático. Mas sê-lo-ia se também não soubessem perder. O desporto, como a vida, não é feito apenas de retumbantes êxitos, nem tão-só de apocalípticos desastres. Ser homem, em todos os palcos e estádios da vida, implica saber ganhar, sem arrogância; e saber perder, sem derrotismos nem ressentimentos. É lógico que, ao marcar um golo, ou fazer uma boa jogada, se experimente alegria, mas a temperar com a consciência de que esse ganho se pode perder no lance seguinte. É também natural que se encare com insatisfação um desaire competitivo, mas sem perder o ânimo, que é imprescindível para dar a volta ao resultado.
Ser desportista, no estádio como na vida, é saber vencer, mas também saber perder: ganhar, sem se envaidecer; e aceitar a derrota, com humildade. Não é quem nunca sofre um desaire que vence, mas quem, mesmo sendo por vezes derrubado, não se prostra, nem se dá por vencido. Os santos não foram os que nunca quebraram, mas os que, tendo caído algumas vezes, se levantaram sempre. Porque neles, como nos bons desportistas, não obstante os fracassos momentâneos, prevaleceu sempre a luz da esperança.

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