Elogio da imprudência


José Luís Nunes Martins
ionline, 2014.07.26
Cada decisão deve ser pensada. O governo da nossa vida deve passar por um exame cuidado das circunstâncias, uma consideração alargada a todas as perspetivas possíveis, escolhendo-se os fins e os meios mais seguros e adequados.
Esta coerência constrói-se através de uma consciência que equilibra todas as partes. A prudência é um pilar essencial da nossa estrutura interior.
Importa aceitar o mundo e cuidar sempre de nos projetarmos e agirmos em função da realidade. Desconfiando do que se ouve e do que se vê… suspeitando até de nós mesmos e das nossas capacidades de analisar, avaliar e decidir. Só quem é humilde distingue o desejável do indesejável.
Mas esperar por rigorosas certezas é um erro enorme. A prudência aconselha a que não se percam as oportunidades, agindo, nesses momentos, sem grandes pensamentos ou moderações.
O maior perigo na vida é o de a desperdiçarmos por falta de coragem. Aqueles que escolhem ser cobardes decidem ser nada em vez de ser…
Uma certa ponderação permite tornar o tempo numa vantagem e gerir o esforço; o excesso de timidez faz com que nada tenha sentido. Quem recusa o papel de autor e ator do seu destino condena-se a ser espectador e figurante de um teatro que nunca chega a acontecer.
Podem os prudentes viver muito mais que os audazes, mas ninguém chega a ser feliz sem arriscar. O amor não é compatível com muitos discernimentos.
Devemos cuidar de nós mesmos, de garantir o nosso conforto, hoje e amanhã. Mas há valores bem mais altos do que a nossa tranquilidade. Para que nos servem os anos se não formos capazes de ultrapassar o egoísmo? De que serve uma vida inteira se não formos capazes de nos arriscarmos em vista do melhor?

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