Como os Papas deram a volta ao silêncio dos jornais

José Maria C. S. André | «Correio dos Açores» |19-I-2014

Acaba de fazer 1 ano que Bento XVI inaugurou o uso pontifício do Twitter. Evidentemente, em latim, mas também em muitas línguas modernas. A primeira mensagem foi transmitida no contexto imponente de uma audiência, diante de dezenas de milhares de pessoas. Bento XVI recebeu um iPad «touch screen» e, com alguma ajuda técnica, tuítou, sem erros ortográficos: «Queridos amigos, estou muito contente de comunicar convosco através do Twitter. Obrigado pela vossa adesão generosa. Abençoo-vos de todo o coração». De facto, naquele momento, 1 milhão e duzentos mil pessoas aderiram ao Twitter do Papa e esta multidão engrossou todos os dias, a um ritmo impressionante.

Mal foi eleito, o Papa Francisco abriu uma conta e continuou o costume papal de tuítar. A colecção inteira pode ler-se na «paginam publicam Papae Francisci breviloquentis», ou: «site» oficial («paginam publicam») dos tuítes («breviloquentes») do Papa Francisco. É divertido ser-se saudado em latim com entusiasmo argentino: «Tuus adventus optatissimus est!», que significa textualmente: a tua vinda a esta página é muitíssimo esperada! Fica-se logo bem disposto. Mas suponho que poucos vão à página latina, porque as mensagens do Papa Francisco, como as de Bento XVI, estão igualmente disponíveis nas principais línguas do mundo. Os seguidores do Twitter pontifício continuam a crescer aos milhões e um número ainda maior relê as mensagens no «site». Neste momento, o Papa Francisco escreveu praticamente 250 mensagens, quase tantas quantos os dias de pontificado.

Em Portugal, poucos acompanham o magistério oral ou escrito do Papa, mas noutros países a Internet e o Twitter conseguiram atravessar a barreira de indiferença de algum jornalismo e estão a mudar a sociedade. Por exemplo, numa entrevista à televisão CBS, o Cardeal Timothy Dolan, de New York, falava do «efeito Francisco» nos EUA: «a qualquer lado que vá, nota-se e as pessoas dizem-mo (…); os párocos dizem que crescem a afluência à Missa dominical e as filas para a Confissão, crescem os pedidos para receber formação e até os peditórios aumentam».

O insuspeito «The New York Times» (5 de Janeiro de 2014) dizia que actualmente a pessoa de que mais se fala na Assembleia e no Senado norte-americanos é o Papa («Popular Voice in the Capitol? It's the Pope's»): a seguir, documentava esta afirmação com uma extensa lista de citações, por parte de deputados de todos os partidos.

Quais são os temas mais frequentes dos tuítes do Papa Francisco, que conquistam de modo tão surpreendente até a juventude? Há cinco temas principais: a vocação, a fidelidade no amor, a oração, a Confissão e o amor pelos pobres.


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