Ganhou o azeite

Miguel Esteves Cardoso
Público, 27/05/2013

Bastaram dois ou três artigos nos jornais ingleses para a União Europeia deixar de proibir os galheteiros de azeite e vinagre. Na sexta-feira à tardinha, no PÚBLICO.pt, Andrea Cunha Freitas contava a triste história.
Portugal, com aquela ganância eterna de melhor aluno, adoptou a lei logo em 2006, porque dava dinheiro às empresas mais azeiteiras, que ganham mais dinheiro em vender garrafinhas de azeite invioláveis (pois sim). Foi o veto dos países nórdicos - esses grandes especialistas do azeite - que acabou com a estúpida lei. Quando fui estudar para a Inglaterra, em 1976, o azeite ainda se comprava em farmácias em doses de um decilitro, "só para uso externo".
Para fazer açorda à alentejana em Manchester usava o óleo de oliveira indicado para amolecer a cera nos ouvidos. Escusado será dizer que o sabor era afectado.
Aqui em casa compramos o azeite em garrafões, e quem percebe o azeite faz questão de usar garrafões de vidro escuro (ou plásticos) já usados. A reciclagem é automática.
Com a mesma ganância com que aderiram à proibição, os azeiteiros agora anunciam que continuarão a obedecer uma lei que nunca foi lei, sete anos depois de ter tentado ser.
Os restaurantes que sobreviveram a todos os mortíferos impostos e a todas as falsas higienizações deveriam agora voltar ao bom azeite de garrafão e reintroduzir os galheteiros iguais aos que temos em casa.
Para poupar dinheiro, ajudar o ambiente e melhorar a qualidade. De uma só vez.

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