Diversão

DESTAK|19 | 02 | 2009 08.09H

João César das Neves

Portugal vive uma das crises mais graves dos últimos 50 anos. Exige-se unidade nacional e solidariedade para a enfrentar. Face ao desafio, o País tem de eliminar diferenças e esquecer embates. Será por isso o senhor orimeiro-ministro incluiu o casamento dos homossexuais na sua proposta eleitoral, afrontando desnecessariamente largos sectores da sociedade?

O investimento e o consumo estão em queda, as exportações descem e o desemprego ameaça milhares. A pobreza aumenta e o sistema financeiro exige cuidados. Mas o País vai debater vestidos de noivo e certidões matrimoniais, opções sexuais e evolução da família. Isto é o que se chama liderança segura para lidar com a crise?

Do ponto de vista do interesse nacional a decisão roça a irresponsabilidade criminosa. Considerada a partir do mesquinho propósito partidário tem justificação clara. Além de agradar à Esquerda e polir os emblemas ideológicos, cria a diversão ideal em ano de eleições. A evidente falta de reformas estruturais e a fragilidade dos equilíbrios económicos perante a crise internacional constituem sérios perigos eleitorais.

Nada melhor que um debate sobre problemas fundamentais para os esconder. Quanto mais se discutirem valores e princípios básicos mais se esquecem as dificuldades económicas e menos se censura o Governo pelo desemprego e as falências.

A manobra cheira a desespero. Sócrates, como Guterres, parecia destinado a uma vitória no fim do primeiro mandato, para fugir depois perante a evidente incapacidade de controlar a situação. Agora até isso se mostra difícil.

João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt

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