O Papa publica um novo livro

JOSÉ MARIA C.S. ANDRÉ  21.10.2018  CORREIO DOS AÇORES

Livro recém editado, 160 páginas.

Neste mês de Outubro, tradicionalmente dedicado a Nossa Senhora, o Papa publicou um livro sobre a Mãe de Deus, sob a forma de uma entrevista concedida a Marco Pozza (editado em italiano pela Rizzoli e pela Libreria Editrice Vaticana). A gravação da entrevista foi transmitida no dia 16 de Outubro pela cadeia de televisão Tv2000. Nesta conversa, o Papa traça o perfil biográfico de Nossa Senhora e ensina a rezar-lhe, especialmente a «Ave Maria».
Um traço fundamental da santidade de Maria é ser a santidade do dia-a-dia, das pequenas coisas correntes, como é a vida da generalidade dos homens e mulheres. O cume da santidade não consiste na extravagância, mas na presença actuante de Deus através dessa normalidade:
– «Desde que nasceu até à Anunciação, quando se encontrou com o Anjo de Deus, imagino-a como uma rapariga normal, uma rapariga de hoje, não posso dizer uma rapariga urbana, porque vivia numa aldeia, mas normal, normal, com uma educação normal, aberta a casar-se, a ter uma família. Uma coisa que imagino é que amava as Escrituras: conhecia as Escrituras, tinha feito a catequese, mas no ambiente familiar, do coração. Depois de conceber Jesus continuou a ser uma mulher normal: Maria é a normalidade, ela é uma mulher que qualquer mulher deste mundo pode imitar. Não fazia nada de estranho na vida, era uma mãe normal: mesmo no seu casamento virginal, vivendo castamente na virgindade, Maria era normal. Trabalhava, ia às compras, ajudava o Filho, ajudava o marido: era normal».
A normalidade cristã não consiste em ceder ao espírito mundano. Pelo contrário, é a generosidade de ir ao encontro dos outros, é viver a sério a amizade, a capacidade de estabelecer laços pessoais fortes e profundos, que acabam por aproximar os outros de Deus. Isolar-se, não se sentir plenamente cidadão, desinteressar-se, é a estratégia de Satanás:
– «A normalidade é viver no meio do povo, como o povo. É anormal viver sem estar enraizado num povo, sem ligação com um povo histórico. Nesse desenraizamento, nasce um pecado que agrada tanto a Satanás, nosso inimigo: o pecado da “élite”. A “élite” não sabe o que é viver no meio do povo e quando falo da “élite” não me refiro a uma classe social: falo de uma atitude da alma (...). Em contrapartida, como diz o Concílio na “Lumen gentium”, a Igreja é justamente o santo povo fiel de Deus. A Igreja é povo, o povo de Deus. E o diabo gosta das “élites”».
A normalidade de Nossa Senhora resplandece de fecundidade por acção de Deus. Apoiado na sua fidelidade, Deus transformou o mundo:
– Ele «começa a re-criação por Maria».
A resposta à vocação é sempre um encontro pessoal com Deus, sem o anonimato de quem se dilui num grupo. A vocação, que se descobre em oração pessoal, num diálogo íntimo com Deus, é entregar-se pessoalmente, mesmo quando esse caminho nos leva a entroncar a nossa vida com a de outros:
– «Podemos pensar nas mulheres solteiras que tratam da casa, que educam sozinhas os filhos. Maria está ainda mais sozinha. Começa sozinha esta história, que continua com José e a família; mas no começo da recriação existe apenas o diálogo entre Deus e uma mulher sozinha. Sozinha no momento da anunciação e sozinha no momento da morte do Filho».
O Papa pediu a todos que rezassem o Terço com especial devoção neste mês de Outubro e que pedissem, por intercessão de Maria e do Arcanjo S. Miguel, pela unidade da Igreja, ameaçada nestes tempos pelas manobras de Satanás.


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