Revoltas

DESTAK | 16 | 02 | 2011   19.57H
João César das Neves | naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt
Muitos sonham que as revoltas na Tunísia e Egipto tragam uma hipótese à democracia no mundo árabe. Não notam que, por causa dos tumultos, a liberdade vive nessas pobres terras o seu maior risco de sempre.
A história mostra como, depois do alívio pelo fim de um opressor, a confusão, conflitos e incapacidade do regime sucessor acabam por eliminar a liberdade por muito tempo. Uma democracia caótica é a justificação que motiva e sustenta todos os ditadores. Foi a desastrosa experiência portuguesa em 1910 que nos levou em 1928 a um absolutismo ainda mais total que o de D. Miguel. Nas sociedades com alto grau de desconfiança mútua existem apenas três alternativas: os velhos tiranos, os períodos entre tiranos e os novos tiranos. Os dois últimos são muito piores do que o primeiro.
É sempre bom não esquecer a sabedoria da velhinha de Siracusa.
«Em Siracusa, no tempo em que toda a gente desejava a morte de Dionísio, uma certa velhinha constantemente rezava para que não lhe acontecesse mal e ele vivesse mais tempo do que ela. Quando o tirano soube disto, perguntou-lhe a razão. E ela respondeu: “Quando eu era rapariga nós tínhamos um tirano muito cruel e eu desejava a sua morte. Quando ele foi morto, sucedeu-lhe um que era um pouco mais cruel que ele. Eu também estava ansiosa por ver o fim do seu domínio, mas então tivemos um terceiro tirano, ainda mais cruel. Este és tu. Por isso, se tu fores levado, um pior vai suceder-te no teu lugar.» (Valerius Maximus Factorvm Et Dictorvm Memorabilivm Libri Novem VI, 2).

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