Faltam psicólogos para analisar Sócrates

Eduardo Cintra Torres (ectorres@cmjornal.pt)
Correio da manhã, 31 Março 2013

A entrevista de Sócrates, mais do que analisada por comentadores, políticos, jornalistas e críticos, deveria ser analisada nos media por psicólogos e psiquiatras.

Anda-se a iludir o que só alguns escrevem a medo: para avaliar o político Sócrates, é preciso considerar o seu perfil psicológico. Sócrates é um caso psi, mitómano, narcísico ao ponto de anular o mundo exterior e negar a realidade e a verdade, diminuído na capacidade de agir por valores éticos. O seu autoritarismo de perfil patológico confunde-se com convicção política e carisma. Como Hitler, Chávez ou Berlusconi, o seu ego precisa loucamente dos media, que se entusiasmam com chefes e por isso o adoram. O seu mundo de fantasia, embrulhado em retórica convincente, é como sabão para a espuma dos dias mediáticos.
A RTP deu-lhe hora e meia, tempo de entrevista jamais visto na história da TV portuguesa, que me lembre. Sócrates leva frases decoradas. Se o interrompem, fica furioso porque tem dificuldade em retomar o decorado. Quando lhe fazem perguntas vulgares, o olhar de ódio aos jornalistas revela o seu perfil psi porque o seu ego gigante não tolera contraditório nem debate. Não mudou desde que, como chefe de governo, tentou calar opositores, críticos, dominou a RTP e interveio em media privados, como a TVI.
Dos entrevistadores, o DI da RTP, Paulo Ferreira, não passou das perguntas óbvias para as quais Sócrates levava respostas preparadas; Vítor Gonçalves tentou ir mais longe, mas a personalidade tipo chefe fascista de Sócrates atrapalha um jornalista educado. Mesmo assim, Gonçalves chamou duas vezes mentiroso a Sócrates. Ficaram por fazer perguntas essenciais, como as que o CM publicou na sexta. Essenciais porque o seu esclarecimento explica o verdadeiro Sócrates. Mas, para alguns media, o Sócrates-espectáculo é mais interessante do que a verdade.
A entrevista resumiu-se a um passado mitológico e à vingança pessoal e ódio patológico contra "inimigos" que não conseguiu destruir quando no governo, Cavaco Silva e Correio da Manhã. E serviu também para Sócrates disseminar por hora e meia o seu Eu megalómano.
Diversos dos nossos media, prisioneiros da intriga e de paleio a respeito de paleio, excitaram-se com o "regresso" de Sócrates e fizeram da medíocre entrevista à RTP um "evento" extraordinário, tipo regresso de Cristo à Terra. Mas aquilo foi apenas um caso para a medicina e media sem temas mais próximos da realidade. Por agora Sócrates é só conversa. Mas será perigoso para Portugal se conseguir voltar ao poder. É para isso que está na RTP.

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