Mensagens

A mostrar mensagens de 2017

A Bolha do Natal

Imagem
INÊS TEOTÓNIO PEREIRA             DN             23.12.2017 Chega o Natal e chega a altura de idolatrar as criancinhas. Eu, inclusive. É uma estupidez sem limites. Ando há semanas a comprar presentes para o meu filho mais novo, não comprei um presente e pronto, comprei uma série de porcarias e sorri quando paguei cada uma delas só de imaginar o sorriso e a felicidade da criança ao abrir os embrulhos. Os meus outros filhos olham para mim com alguma comiseração e abanam a cabeça cada vez que apareço com mais um dos membros da Guarda do Leão ou mais um cão da Patrulha Pata. Mas é assim, hoje em dia o Natal serve quase exclusivamente para acabar de estragar as criancinhas que ainda não estragadas.  Torná-las verdadeiramente insuportáveis e mimadas, caprichosas e irritantes. É o que se espera de alguém que começa uma carta com "quero" - nem a Autoridade Tributária se atreve a tanto. Mas as criancinhas podem. E no Natal podem tudo. A verdade é que alguém, algures e h

Conto de Natal

Imagem
JOÃO CÉSAR DAS NEVES                  DN              2017.12.23 Maria estava muito desanimada: passaria a noite de Natal a trabalhar. Lembrava-se com triste saudade das ceias da infância, em que toda a família se reunia para comer, rezar, conversar, cantar e trocar presentes. Alegria, beleza, sabor, amizade, fé, tudo o que a maravilhava em menina e jovem mulher estava agora muito longe. Emigrada por necessidade, vivia em terra estranha, longe da família e amigos. As notícias de casa só falavam de miséria e destruição. A viagem e a adaptação não tinham sido fáceis. Fora acolhida na Igreja. Na paróquia, apesar da dificuldade da língua, já pertencia à comunidade. Mas neste dia tão importante faltaria à Missa do Galo, para fazer as limpezas na "boutique financeira". O que acrescentava degradação à circunstância: a instituição onde trabalhava era um bando de agiotas, pior do que estrebaria. A comparação interrompeu-lhe os pensamentos negros. De repente deu-se conta da sem

O Natal de Jesus é mesmo para todos, sem excluir ninguém.

Imagem
JULIÁN CARRÓN    AVENIRE    22.12.2017     https://portugues.clonline.org/ «Quem O reconhece começa a ver florescer a vida nesta terra árida». O artigo do Presidente da Fraternidade de CL no "Avvenire" de 22 de dezembro «A realidade é superior à ideia» (Evangelii gaudium, 231). Não há nada que desafie mais a razão do homem, a lógica humana, do que um fato, um acontecimento real. Pensemos no povo judeu no exílio, de que fala o profeta Isaías. A última coisa de que os judeus estavam à espera, quando tudo parecia estar acabado, enquanto estavam no meio do nada, era de alguém que desafiasse as derrotas que tinham sofrido e a medida com que julgavam. Tanto assim, que tinham começado a habituar-se à situação em que tinham acabado por se encontrar. No entanto, no meio do deserto, ecoa uma voz: «Eu sou o Senhor» (Is 41,13ss), uma voz que pronuncia palavras que ninguém teria a coragem de dizer, de tão distantes que estão da lógica humana: «Não temas». Será possível

Adeste Fideles: Hino Português tocado em todo o mundo no Natal

Imagem
"Adeste Fideles" é o título do chamado "Hino de Natal Português", escrito pelo Rei D. João IV de Portugal. Foram encontrados dois manuscritos desta obra, datados de 1640, no seu palácio de Vila Viçosa. Muitos outros atribuem a autoria desse hino a John F. Wade, que não pode ter composto a obra, já que o seu manuscrito data de 1743. O mais provável é que Wade tenha traduzido o Hino Português, como era chamado em Londres na época e ficado com os louros. D. João IV de Portugal, “O Rei Músico” nascido em 1604 foi um mecenas da música e das artes, assim como um sofisticado autor; foi também compositor e durante o seu reinado possuiu uma das maiores bibliotecas do mundo. A primeira parte da sua obra musical foi publicada em 1649. Fundou uma escola de música em Vila Viçosa de onde saíam músicos para Espanha e Itália e foi aí, no seu palácio, que se acharam dois manuscritos desta obra. Esses escritos (1640) são anteriores à versão de 1760 feita por Wade. De

Um Santo Natal

Imagem
Um Santo Natal da Família Dias da Silva

A solidão do Natal

Imagem
INÊS TEOTÓNIO PEREIRA   16.12.2017 Percebo que não se goste do Natal. Conheço pessoas, muitas mesmo, que me dizem detestar o Natal. Assim, com mágoa. E são várias as razões: porque adivinham ou têm memória do inferno que é andarem de um lado para o outro entre a casa da mãe, a casa do pai, dos vários avós e das discussões sobre as horas de entrega; porque não têm dinheiro e têm presentes para comprar; porque estão zangadas com mais de metade da família e o Natal abre essas feridas; porque não aguentam a pressão de ter de sorrir quando só lhes apetece chorar; porque é quando nos dói mais a saudade de quem já partiu. O Natal assim é um suplício. É triste. Sobram poucas razões para se gostar do Natal desta festa de presentes e comida. A mim, por exemplo, angustia-me pensar nos presentes que tenho de comprar, nos preparativos que devo fazer, na pressão de conseguir estar à altura das expectativas dos meus filhos, que dificilmente aceitam que estes não sejam dos dias mais felizes do a

Sobre Sentimentos

Imagem
FILIPE D'AVILLEZ           WWW.ACTUALIDADERELIGIOSA.BLOGSPOT.COM        20.12.2017 James V. Schall S.J. A direcção de uma grande universidade pediu recentemente informação sobre o sucesso de uma nova iniciativa. Enviou-se um inquérito e pediu-se aos inquiridos que expressassem, de diversas formas, os seus “sentimentos” sobre o programa. Claro que sobre “sentimentos” não pode haver controvérsia ou desacordo. Se nos baseamos na categoria de “sentimentos” para saber coisas, não pode haver discussão. Os “sentimentos”, enquanto tal, por mais fugazes que sejam, são absolutos. Ou os temos ou não temos. É isso que significa o ditado latino: “De gustibus non est disputandum” – os gostos não se discutem. Num mundo de “sentimentos” não há ponto intermédio. Não existe qualquer princípio comum, salvo: “Sim, eu ‘sinto-me’ assim”, ou “não, não me ‘sinto’ assim”. Suponhamos que alguém diz: “Deixa-me convencer-te que a cerveja que dizes que sabe tão bem, na verdade não é muito melho

Fundadora das Servas de Nossa Senhora de Fátima a caminho da beatificação

Imagem
http://www.agencia.ecclesia.pt/ Papa aprovou decreto de reconhecimento das virtudes heroicas de Luísa Andaluz Cidade do Vaticano, 19 dez 2017 (Ecclesia) – O Papa aprovou hoje um decreto que reconhece “as virtudes heroicas” da Serva de Deus Luísa Andaluz, fundadora da Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima. O documento, publicado pela sala de imprensa da Santa Sé, é um passo central no processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade. A aprovação de um milagre é agora um ponto necessário para a proclamação de Luísa Andaluz como beata. De nome completo Luísa Maria Langstroth Figuera De Sousa Vadre Santa Marta Mesquita e Melo, Luísa Andaluz nasceu a 12 de fevereiro de 1877, no Palácio Andaluz em Marvila (Santarém), no meio de uma família abastada. Fruto de uma sólida educação católica, cedo nasceu na então jovem Luísa o desejo de dedicar a sua vida aos outros, através do apostolado e do ensino, do se

Os sem Natal

Imagem
LAURINDA ALVES                          OBSERVADOR                   19.12.2017 Impressiona sempre estar cara a cara com quem vive diariamente numa cela e cumpre pena pela sua falta, especialmente quando se trata de penas pesadas ou condenações para a vida. Não sou visitadora de prisões, mas fui a vários estabelecimentos prisionais nas últimas décadas. Vou a pedido de reclusos, mas também a convite das direcções das prisões ou de quem lá trabalha. Vou porque me faz sentido aceitar o desafio e nunca me ocorreu recusar ir a uma cadeia. Nesta lógica, acabei por conhecer mais de uma dúzia de prisões e umas boas centenas de presos. Impressiona sempre estar cara a cara com quem vive diariamente numa cela e cumpre pena pela sua falta, especialmente quando se trata de penas pesadas ou condenações para a vida. Nunca perguntei a um recluso porque é que estava preso porque não me compete saber e, muito menos, julgar quem já foi julgado e condenado. Mas interroguei-me muitas vezes sobr

Xutos e Pontapés na Igreja e no Estado

Imagem
  Pe. GONÇALO PORTOCARRERO DE ALMADA        OBSERVADOR           16.12.2017 Não podendo o Parlamento honrar todos os cidadãos falecidos, é razoável que reserve as suas homenagens para os portugueses que mais se distinguiram pelo seu saber e serviço à comunidade. Há já muito tempo que não via algo tão insólito como o Parlamento aprovar por unanimidade – que, poucos dias antes, foi negada à memória de Belmiro de Azevedo – um voto de pesar pelo Zé Pedro, músico da banda Xutos & Pontapés. Belmiro de Azevedo foi um empresário como poucos no nosso país. Criou um grupo económico que dá emprego a milhares de trabalhadores e sustenta outras tantas famílias. Esteve também na origem de um jornal de referência, que é certamente uma mais-valia cultural. Nunca pedi nem obtive qualquer favor do Eng.º Belmiro de Azevedo, que não conheci pessoalmente. Também não tive nenhuma relação com qualquer seu familiar nem, que eu saiba, com nenhuma empresa directa ou indirectamente a ele ligada.

Padre Pedro Quintela celebrou jubileu sacerdotal

Imagem
SOFIA SÁ LIMA    WWW.DIOCESE-SETUBAL.PT Com júbilo e gratidão imensa, a Paróquia do Monte de Caparica, o Vale de Acór, a Família, amigos e restante Povo de Deus, reuniram-se para a Celebração da Santa Missa na Solenidade da Imaculada Conceição, no passado dia 08 de dezembro, levantando a Deus Nosso Senhor, “numa só voz”, orações de súplica e de ação de graças pelos 25 anos de Ordenação Sacerdotal do Padre Pedro Quintela. Bendito Seja Deus! Que Aquele que assim começou a boa obra a complete até ao dia de Cristo Jesus! Texto: Sofia Sá Lima Fotografia: Foto Fevereiro Nota: Ordenado presbítero no dia 08 de dezembro de 1992, o Pe. Pedro Quintela é, atualmente, pároco do Monte da Caparica, vigário paroquial da Trafaria e Presidente da Associação Vale de Acór. É, ainda, diretor da Pastoral Universitária do pólo de Almada, capelão do Estabelecimento Prisional de Setúbal e membro do Conselho Presbiteral. Foi pároco do Seixal, onde iniciou o seu ministério sacerdotal, e vigário paroqu

Um breve texto moralista a pretexto de uma rábula do Bruno Nogueira

Imagem
TIAGO CAVACO   http://vozdodeserto.tumblr.com/    12.12.2017 Estou a escrever este texto porque, depois de ter lido um do meu amigo Filipe Avillez, fui ouvir uma rábula radiofónica do Bruno Nogueira, que passou esta passada Sexta-Feira, 8 de Dezembro. Nesses poucos mais de três minutos de rádio, o Bruno Nogueira fazia humor a partir da Imaculada Conceição de Maria, que nos dá o feriado (caindo num erro de confundir a Imaculada Conceição de Maria com o nascimento virginal de Cristo, como o Filipe Avillez explica). Quero começar por fazer três qualificações prévias: 1. Sou um cristão reformado (ou protestante, ou evangélico, escolham o que preferirem). Não acredito na Imaculada Conceição de Maria (o que não deve ser confundido com o nascimento virginal de Cristo, no qual creio - é uma doutrina fundamental da ortodoxia cristã). Tentando ser respeitoso com os meus companheiros católicos romanos, quero, ainda assim, afirmar claramente que tenho esse dogma como uma invenção.

Estou chateado com o Bruno Nogueira

Imagem
FILIPE D'AVILLEZ   WWW.ACTUALIDADERELIGIOSA.BLOGSPOT.PT 11.12.2017 Ao longo dos últimos dias recebi várias mensagens de católicos a alertar-me para uma rubrica do Bruno Nogueira em que ele ofende Nossa Senhora de forma vil e baixa. Normalmente ignoro esses apelos. Os católicos têm de perceber que os humoristas ganham dinheiro a fazer humor e que a forma mais simples e básica de fazer humor é à custa de outros. De vez em quando os católicos vão estar na mira dos humoristas, é a vida. Por vezes conseguiremos rir-nos de nós próprios, outras vezes ficaremos chocados com o que ouvimos e serão apenas os outros a rir, mas seja como for as campanhas organizadas de revolta, que têm sempre o efeito de aumentar as audiências e os cliques da dita ofensa, acabam por ser contraproducentes e passam uma imagem dos cristãos como gente histérica e sem sentido de humor. Mas desta vez fui ouvir e confesso que fiquei chocado e chateado. Não foi com as piadas… Só quem conseguiu viver

O pai, a mãe e o professor

Imagem
POVO 11.12.2017 "Para que um país se torne livre de corrupção e uma nação de belas mentes, acredito que existem três membros-chave da sociedade que podem fazer a diferença. O pai, a mãe e o professor." Abdul Kalam 11º presidente da Índia (2002-2007) Em plena  season  dos donativos e da boa vontade, eis que chega o escândalo da Raríssimas. Particularmente próxima à causa em questão como mãe de uma criança com doença rara, recebi primeiro a notícia este fim-de-semana numa partilha de mães que a mim se unem pela mesma razão. Ao tentar ver a reportagem entro no site da TVI que me recebe com um grande anúncio do seu Reality Show de sucesso, uma outra fábrica de escândalos que compramos todos os dias... muito dinheiro que poderia ter outro uso, outra gestão e que pouparia  o prejuízo  de melhores causas. São, assim, oportunas estas sugestões de Natal sobre a  indispensável associação entre a liberdade e o sentido de dever.   Não só para dirigentes

Sugestão de Natal: Oferecer a Escola

Imagem
Descobri muito recentemente que na creche (IPSS) que a nossa filha Leonor frequenta, há famílias que passam fome e que não pagam as propinas.  Com toda a descrição que eu hoje excepcionalmente quebrarei, a  Escola no Chiado  do Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Encarnação, recebe estes alunos e as suas famílias com um currículo de colégio privado, com aulas precoces de inglês, educação artística e musical e prepara caixas com os restos do almoço para que as famílias possam levar para a hora do jantar. Porquê? Porque estão certas de que uma bela mente é gerada por um pai, uma mãe e um professor. Esta IPSS não faz campanhas em Centros Comerciais e não tem brindes para oferecer, está demasiado ocupada a educar estas crianças, a ajudar estas famílias e a fazer as contas para cada mês, mas precisa muito da nossa ajuda para sustentar as bolsas destes estudantes. Este Natal, fica aqui a sugestão de oferecer a escola com o montante que entender, sabendo que a bolsa anual de

Vendilhões do Apocalipse

Imagem
RUI TAVARES      11.12.2017       PÚBLICO Do alto desta coluna vos profetizo: estamos a aproximar-nos de um novo Grande Terramoto de Lisboa. Como demonstração, uma evidência: estamos a aproximar-nos de um novo Grande Terramoto de Lisboa desde que ocorreu o último, em 1755. É impossível falhar nesta profecia, mais cedo ou mais tarde. Mas, precisamente: estamos a falar de mais tarde ou mais cedo? Estou a profetizar para daqui a cinco anos ou para daqui a quinhentos anos? Dizer que vem aí um novo Grande Terramoto chama a atenção mas não dá informação. Nada compensa tanto no debate público como mercadejar em profecias pessimistas. O vendilhão de catástrofes na praça pública tem sempre garantida a atenção geral, mas quando a profecia não ocorre está toda a gente demasiado aliviada para reparar no erro. E quando finalmente ocorre outra crise qualquer, como fatalmente sucederá, o profetizador de desgraças poderá então, de qualquer forma, vir reclamar os seus créditos pela

Deseducar adolescentes

Imagem
INÊS TEORÓNIO PEREIRA    DN   09.12.2017 Ninguém é competente para educar adolescentes. Ninguém. Qualquer mãe ou pai de adolescentes não sabe o que faz, como se faz e onde vai acabar a borrada que se faz. Um adolescente é o exame de Matemática dos pais. Está cheio de equações indecifráveis, de matéria que não se estudou e só consegue passar quem tem experiencia, quem praticou. O que exclui à partida a esmagadora maioria dos pais. Há uma coisa que os pais de adolescentes têm que mais pai nenhum tem na mesma medida: a culpa. Nós assumimos com rigor a culpa por o nosso adolescente ser inseguro, ríspido e estar em silêncio horas a fio. Que cada borbulha, cada fragilidade, cada falta de autoestima é resultado de anos e anos de incompetência nossa. Nós sabemos melhor do que ninguém que fazemos imensa borrada: que damos mimos a mais e a menos, importância a mais e a menos, berramos de mais e de menos, que mudamos de estratégia com a mesma frequência com que mudamos de canal, que os trata

Raríssimas

Imagem
FERREIRA FERNANDES                  DN                 11.12.2017 A Raríssimas, Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, não podia aguentar-se à custa de um mecenas. Estes são raros em Portugal. Fosse o caso, uma Raríssimas rara porque a viver de dinheiros privados, não faria sentido a recente reportagem da TVI sobre a Raríssimas e a gestão da sua presidente. Cada um faz o que quer da sua caridade. Da sua. Mas a Raríssimas é uma instituição que, embora privada, sobrevive graças a subsídios estatais (665 mil euros em 2016). Porém, nem mesmo essa condição de dependente de donativos oficiais pode proibir à presidente os tiques de soberba que lhe são assinalados na reportagem. A presidente emprega o filho e apresenta-o publicamente como "o herdeiro da parada" (isto é, da Raríssimas); a presidente fazia levantar o pessoal de cada vez que ela passava no corredor; enfim, a presidente é quero, posso e mando... Não gosto, mas não é isso o essencial. Sempre houve grand

Livros para o Natal (I)

Imagem
JOÃO CARLOS ESPADA                 11.12.2017                     OBSERVADOR Três livros sobre a indispensável associação entre liberdade e sentido pessoal de dever. A minha primeira sugestão de livros para o Natal é  Virtude Política: Uma Análise das Qualidades e Talentos dos Governantes , de Pedro Rosa Ferro (Almedina, 2017). Trata-se de um livro importante sobre um tema muito importante: a virtude política. O autor detecta um paradoxo curioso nas nossas contemporâneas democracias liberais. Por um lado, é voz corrente a condenação da falta de virtude política nos detentores de cargos públicos (por vezes designados como ‘elites’). Por outro lado, a praça pública, ou o debate político público, encara com sérias reservas (para dizer o mínimo) qualquer referência ao conceito de virtude — embora lance simultaneamente sobre os políticos a suspeita permanente de não praticarem a virtude. Pedro Rosa Ferro discute este paradoxo com notável abertura e profundidade. Através de uma