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A mostrar mensagens de outubro, 2016

O "meu" colega Pedro

MARIA ADÉLIA FERREIRA      31.10.16 O Pedro era diferente de todos nós, no curso de 77-78! Desde logo porque tinha ficado sem o Pai aos 15 anos. Depois porque era bolseiro da GULBENKIAN, isso mesmo em maiúsculas. Não eram para todos aquelas bolsas!! E depois porque tinha sotaque do "Pôarto" que depois perdeu quase completamente, pois ninguém do Norte o perde totalmente. 
Escolheu a especialidade de Agronómica, a Minhoca e eu a de Indústrias. Passámos a não estar nas mesmas turmas. Só nos encontrávamos nos momentos comuns aos vários cursos. Nas Reuniões Gerais de Alunos, pedia a palavra para dizer as evidências que conseguiam unir os extremos e mais ninguém notava. Ficámos ambos a trabalhar no Instituto Superior de Agronomia (ISA). No Pedro os incómodos, faziam-se caminho... Recordo um momento em particular e algumas atitudes que fizeram a diferença no ISA e por isso ficarão no tempo... Incomodava-o o facto de os nossos estudantes católicos não estarem

Dou graças a Deus por ter cruzado os nossos caminhos

JOSÉ PIMENTEL         11.10.2016 Ao meu Amigo Pedro (c.c. à Minhoca e à Inês) Hoje, naquele meu jeito frágil e angustiado que tu tão bem conheces, tirei o meu fim de tarde para falar contigo. A verdade, porém, é que não sabia muito bem qual a melhor forma de o fazer e, sobretudo, queria fazer as coisas certas: como tu farias; como tu apreciarias. Decidi escrever-te, tendo a certeza de que, desta feita, mesmo que discordes e tenhas a inclinação para me dar uma reprimenda, ainda que suave e complacente como sempre (pois, penso pertencer a um grupo muito restrito de pessoas a quem tu te permitias, ou achavas que valia a pena, dar uma reprimenda, no meu caso, sempre merecida e construtiva), me ouvirás com atenção. Tu pertences a uma daquelas combinações muito raras da criação de Deus, certamente que encarnada com o propósito de melhorar o mundo e de servir de exemplo aos seus semelhantes. És profundamente humano na tua disponibilidade, atenção, compreensão, serenidade e amiz

Pedro Aguiar Pinto: Homília Missa de corpo presente 13.10.16

O professor que ensina Bob Dylan na Universidade de Coimbra

VISÃO         20.10.2016 Há dias, uma aluna de Stephen Wilson dizia-lhe que tem a discografia toda de Bob Dylan (pertencia ao seu pai), mas a jovem tinha dúvidas se a geração anterior entenderia o músico e poeta. E o professor Wilson, 64 anos, achando-lhe graça, respondeu que Bob Dylan gostaria que ela dissesse isso em público. Aos 75 anos, Bob Dylan está tão atualizado que os próprios jovens consideram-no mais contemporâneo do que foi no início da sua carreira. Na manhã do passado dia 13 de outubro, quando a academia sueca anunciou o Prémio Nobel da Literatura – mal sabia a secretária permanente Sara Danius que passados oito dias ainda não teriam conseguido entrar em contacto com o laureado –, Stephen Wilson ficou agradavelmente surpreendido. Para o professor especialista em Estudos Americanos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, dar o prémio a uma pessoa pouco canónica, como Bob Dylan, é uma polémica escusada, pois o prémio tem todo o cabimento. “Se fossemos a

Todos os Santos

Em vésperas de Todos-os-Santos, e rodeados de montras nas ruas, publicidade na radio e televisão (e  emoticons  sugeridos à medida que escrevo esta mensagem) com fantasmas, zombies, abóboras, bruxas, e campas, o pai fazia sempre uma reflexão sobre o modo como educamos as crianças, "cedendo à globalização dos costumes e perdendo a função educativa das nossas tradições". Por isso listo abaixo vários textos sobre o Halloween e o que tem de mal e sobre a tradição portuguesa do Pão por Deus e o que tem de bom. Numa nota pessoal, é curioso que a morte seja aceite como tema de brincadeira infantil nestes dias, quando tão frequentemente se questione a presença das crianças nas cerimónias fúnebres das pessoas de família. Na nossa experiência, a brincadeira só é útil se ajuda a viver, e neste aspecto pode-se dizer que com as coisas sérias não se brinca, mas ajudam-se a viver. HALLOWEEN Europa trocou crucifixos por abóboras Cardeal Tarcísio Bertone Halloween  Aura Miguel H

O meu irmão João

ANTÓNIO LOBO ANTUNES   VISÃO  15.09.2008 Agora, há uma semana, sucedeu aquilo do Pedro e de novo te admirei, mano, a tua eficiência, a tua capacidade de decisão, o teu valor, a rapidez pragmática do teu afecto, eu que de pragmático, pobre de mim, nada tenho.   É talvez a pessoa que conheço melhor no mundo e todavia quase não falamos. Para quê? São desnecessárias as palavras entre nós, passámos mais de vinte anos, acho eu, no mesmo quarto, num silencioso princípio de vasos comunicantes que até hoje se mantém. Para além do muito amor que raramente lhe manifestei tenho uma imensa admiração por ele e um orgulho sem limites. Herdou do nosso pai (herdaste do pai, sim, tem paciência) a honestidade, o carácter, a coragem e o horror à mentira. Desde criança foste sempre valente. Se assim à má fi la me ordenassem que dissesse duas características tuas respondia logo a valentia e o pudor, formas supremas da elegância. E isto desde que te conheço, tu que nasceste vinte meses depois de mim

João Lobo Antunes: “O pessimismo é uma profecia que se cumpre”

EXPRESSO    27.10.2016 Compaixão, doçura, crueza, doença, esperança. “Apesar do progresso, e ainda mais numa especialidade altamente tecnológica como a minha, nunca vi, não conheço arma nenhuma, de qualquer natureza, seja medicamentosa seja instrumental, que faça anular a necessidade da compaixão”. Palavras de João Lobo Antunes, numa entrevista em 2015 à revista E, em que disse, entre outras coisas, ter sido “mais um barco de papel deitado ao rio do que um barco com remos a tomar uma direção”. O neurocirurgião das palavras morreu esta quinta-feira, vítima de um melanoma.  Em sonhos ainda opera. Vê-se na sala de operações com uma coluna aberta e diz: sei fazer isto, mas estou cansado, não quero estar aqui. Quando acorda, verifica que era verdade. Já não quer estar ali. Retirado desde junho, e “sem lágrimas”, o que tinha a dizer nesse campo está dito e outras são as paisagens que agora lhe interessam. E onde se situam elas? Em que lugar do mapa? O livro que publicou há semana

Frase do Dia

“(...)  nunca vi, não conheço arma nenhuma, de qualquer natureza, seja medicamentosa seja instrumental, que faça anular a necessidade da compaixão. ” João Lobo Antunes

Morreu João Lobo Antunes, o neurocirurgião da tradição humanista

PUBLICO    28.10.2016 Terão sido muitas as vezes em que o neurocirurgião João Lobo Antunes se deparou com o outro na sua mais profunda nudez anatómica. Prémio Pessoa em 1996, distinguido por ser um “renovador e intérprete da tradição médica humanista”, era ele que relia o acto cirúrgico como um acto sagrado, numa sucessão de imagens que remetem para um ritual. As mãos limpas, purificadas, a vítima inocente, a dormir. À sua frente, o órgão onde convivem emoções, sentimentos, memórias, uma consciência. O médico português morreu de cancro nesta quinta-feira, em Lisboa, aos 72 anos. O velório será esta sexta-feira a partir das 18h na Basílica da Estrela, em Lisboa, e as exéquias fúnebres serão no sábado às 10h, presididas pelo patriarca de Lisboa, Manuel Clemente. “Enquanto as mãos me obedecerem e o cérebro souber mandar, vou continuar”, disse o neurocirurgião, em Junho de 2014, na última aula como professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, assegurando que, apesar

Obrigado Pedro

 JORGE             11-10-2016 -Quem dirá a’O POVO as coisas belas,  justas, importantes, que corriam o risco de ficar despercebidas, como tu o fazias? -Quem ensinará como tu a ciência, com os olhos pousados mais além? -Quem nos indicará o caminho do nosso peregrinar, especialmente quando duvidamos qual ele é? -Quem nos mostrará o que é ser pai como tu, imagem da Paternidade de Deus? -Quem nos mostrará o que é ser o herói no dia-a-dia? Obrigado a Deus por esta companhia.  Obrigado Pedro por fazeres parte dela. Jorge Pinheiro    

O rosário para crentes e não crentes

ECCLESIA      26.10.2016                                                                               ENCONTRE O LIVRO   AQUI O selecionador nacional de futebol, Fernando Santos, destacou esta terça-feira em Lisboa a relevância da oração do terço para todos os campos da vida, durante a apresentação do livro “O Rosário para Crentes e Não Crentes”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o técnico que conduziu Portugal à vitória no último Campeonato da Europa disse que “rezar o terço é sempre auxiliador, seguramente uma das orações mais belas de fazer”, uma “oração fantástica de louvor a Nossa Senhora” o que “só por si seria suficiente”. “Mas acho que é muito mais do que isso, é um fator de meditação, de interiorização, de reflexão sobre a vida”, salientou. Lançada na Basílica dos Mártires, em Lisboa, a obra “Rosário para crentes e não-crentes” é da autoria de José Luís Nunes Martins e Paulo Pereira da Silva, que já antes haviam publicado um livro nesta mesma linha, sobre a Via-Sac

Mistérios do Orçamento

JOÃO CÉSAR DAS NEVES   DN  27-05-2016 Para variar da sua série policial favorita, a leitura do Orçamento do Estado tem uma comparável dose de enigma e emoção. Para isso tem de desligar das lutas habituais, em defesa de interesses, e ler os documentos. O primeiro mistério é o que lá não está. Ao contrário do que temia a generalidade dos analistas, neste ano não há Orçamento rectificativo. Afinal, o governo conseguiu mesmo cumprir o que apresentara nas contas de Fevereiro. Isto é um grande mistério porque os tais especialistas não estavam errados. O próprio documento admite que o crescimento deste ano não será os 1,8% previstos mas apenas 1,2% (o FMI diz 1%, a Universidade Católica 0,9%). Certamente por isso, uma grande quantidade de valores orçamentados falhou a meta. Ainda pelas contas do governo, a receita corrente ficará 1,9% abaixo do previsto e a receita total 1,7%. Do outro lado, as despesas com pessoal e prestações sociais, maiores fatias dos gastos, subiram ambas 0,5% fac