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Livros recomendados

Ameal, Theresa. Nossa Senhora na História de Portugal . Lucerna Andersen, Sofia de Mello Breyner. Contos Exemplares . Figueirinhas Azevedo, Hugo de. Missão cumprida . Biografia de Álvaro del Portillo . Diel Carvalho, José. D. Nuno Álvares Pereira - O Santo Condestável. Planeta Chesterton, G. K. A argúcia de Padre Brown. Publicações Europa-América Chesterton, G. K. A inocência do Padre Brown . Publicações Europa América Chesterton, G. K. Disparates do mundo . Diel Chesterton, G. K. O homem que era quinta-feira . Publicações Europa-América Chesterton, G. K. O olho de Apolo. Editorial Presença Chesterton, G. K. Ortodoxia . Aletheia Clemente, M. Portugal e os Portugueses. Assírio e Alvim Decaux, Alain. O Aborto de Deus . Quetzal Eliot, T. S. Assassínio na Catedral . Cotovia Etty Hillesum. Diário 1941-1943 . Colecção Teofanias. Assírio e Alvim Garcia, José Manuel. As origens históricas do Cristianismo . Tenacitas George, Robert P. Choque de ortodoxias . Tenacitas Giussani, Luigi. É poss

O ano das más notícias

31.12.2008, Rui Ramos A única coisa de que podemos estar certos acerca de 2008 é que a sua história foi muito mal contada O fim do ano é sempre paradoxal. Ainda sem termos percebido bem o que aconteceu no ano que está a acabar, eis-nos tentados a adivinhar o que poderá acontecer no ano que vai começar. Como 2008 parece querer terminar numa nota ácida, a aposta mais segura para 2009 é prever uma época sinistra. Em Novembro, Angela Merkel propôs-se logo baptizar 2009 como o "ano das más notícias". Será assim? A única coisa de que podemos estar certos acerca de 2008 é que a sua história foi muito mal contada. Foi mal contada até meio do ano, quando todos tínhamos já aprendido que a "globalização" fizera subir os preços e que era preciso apertar o crédito para evitar a inflação. E talvez esteja ainda a ser mal contada agora, depois da "crise", quando governos e bancos centrais deitam dinheiro à rua, para prevenir a deflação. Se os nossos profetas não acertaram

31 de Dezembro - S. Silvestre

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O milagre do Papa S. Silvestre (detalhe) c. 1340 MASO DI BANCO Fresco (534cm) Cappella di Bardi di Vernio, Santa Croce Florença

O Natal e a esperança

O Natal e a esperança Por Julián Carrón la Repubblica , 23.12.2008 Caro Director, As leituras que a Liturgia ambrosiana propõe para a segunda-feira da terceira semana do Advento impressionaram-me. Como se devem ter desconcertado os membros do antigo povo de Israel diante destas palavras do profeta Jeremias: «Devorará as tuas searas e o teu pão; os teus filhos e as tuas filhas; os teus rebanhos e o teu gado; destruirá as tuas cidades fortificadas, nas quais depositas a tua confiança» (Jer 5,17). Estava a anunciar-lhes que uma outra nação estava para derrotar o reino em que tinham posto a sua confiança.» Então, perguntar-se-ão "Porque é que o Senhor Nosso Deus nos tratou desta maneira?" e tu responderás: "Assim como Me abandonaste e servistes os deuses estrangeiros, na vossa própria terra, assim também servireis os estrangeiros numa terra que não é vossa» (Jer 5,19). É como se isto fosse dito para nós. Hoje vemos sinais que preocupam todos, como se aquilo que sustentou a

Quando se esquecem os princípios, esquece-se tudo

Público, 30.12.2008, José Manuel Fernandes Nenhum jogo político autoriza que se esqueçam princípios básicos da vida em sociedade. Isso é verdade tanto em Portugal como no Médio Oriente 1.O Presidente da República reafirmou ontem os princípios fundamentais que o levaram a vetar politicamente o Estatuto dos Açores, princípios de fidelidade à Constituição que o levaram ontem a aceitar o novo voto do Parlamento e a mandar promulgar um diploma de que discorda profundamente. Já aqui escrevemos e repetimos: o Estatuto dos Açores possui normas absurdas, que violam o equilíbrio de poderes, e só foram aprovadas por puro oportunismo político de todos os partidos. Todos, repito. As razões do Presidente são claras e só num país analfabeto politicamente se compreende que se tenha perdido mais tempo nas últimas semanas a discutir o método que escolheu do que a substância do que estava em causa. Triunfou a politiquice, perdeu-se mais uma oportunidade de explicar aos portugueses a importância de cumpri

A necessidade de confiança

Confianca by papinto

Sem ética não há confiança

Público, 29.12.2008, Francisco Sarsfield Cabral O capitalismo baseia-se na confiança. O mercado precisa de leis: contra o que pensavam alguns ultraliberais, não há mercado sem Estado. Mas não basta. Para o sistema funcionar tem de haver uma cultura de confiança, acreditar nas pessoas e nas instituições com quem se faz uma qualquer transacção. Nas economias colectivistas tudo é (ou era) regulado, controlado, dependente de autorizações estatais. Em menor grau, o mesmo acontece em países, como Portugal, onde é enorme o peso da burocracia do Estado na vida das pessoas e das empresas. Por isso essas economias são pouco eficientes, ao contrário daquelas onde é elevado o grau de confiança, dispensando burocracias. O problema actual é ter-se evaporado a confiança. Os bancos não confiam nos outros bancos. Não confiam, até, em si próprios - por isso receiam dar crédito, não vá acontecer terem dificuldade em captar fundos (depósitos e sobretudo créditos estrangeiros) a custo razoável. Entre nós j

Cavaco Silva promulgou Estatuto dos Açores mas denuncia abertura de "precedente muito grave"

Impressiona-me sobretudo que o Presidente tenha considerado ter havido "uma quebra de lealdade" e que a "qualidade da democracia tenha ficado irremediavelmente afectada" aqui

Missa reúne centenas de milhar em Madrid pelos valores da família

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Público, 29.12.2008 Centenas de milhar de pessoas participaram ontem em Madrid numa missa ao ar livre para promover os valores tradicionais da família. A cerimónia, na Plaza de Colón, contou com seis arcebispos, 22 bispos e 300 padres e tinha sido convocada com a intenção de juntar um milhão de fiéis. O Governo socialista tem irritado a Igreja Católica espanhola com a legalização dos casamentos homossexuais, com medidas de facilitação do divórcio e com a criação de uma disciplina nas escolas públicas onde as crianças ficam a saber o que é a homossexualidade e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e com a intenção de suavizar a lei do aborto.A cerimónia começou com a leitura de uma mensagem do Papa Bento XVI, que desafiou os católicos a manterem as famílias fortes: "Caras famílias, não deixem o amor, a abertura para a vida e os incomparáveis laços que unem as vossas casas enfraquecerem." O arcebispo de Madrid, Antonio Maria Rouco Varela, aproveitou para acrescentar que &quo

29 de Dezembro - S. Tomás Beckett

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O martírio de S. Tomás Altar de S. Tomás encomendado a Meister Francke em 1424, pela Guilda de Mercadores Ingleses de Hamburgo Hamburger Kunsthalle, Hamburgo

Verdade e esperança

RR on-line, 20091229 Raquel Abecasis Depois de terem assistido em 2008 ao desmoronar de muitas mentiras, falsas fortunas e de uma economia construída em cima de castelos de areia, os portugueses serão em 2009 mais exigentes com o seu voto. Nem tudo é mau em tempo de crise. Uma das coisas boas, é que diminui a margem de tolerância para a demagogia. A outra, é que as crises são sempre boas oportunidades para dar valor ao que é essencial e dispensar os excessos ou mesmo o lixo a que damos tanta importância em épocas de abundância.Aproxima-se, ao que tudo indica, um ano cheio de dificuldades e que é, em Portugal, simultaneamente, o ano de todas as eleições. As pessoas vão estar pouco disponíveis para a habitual discussão de argumentos entre rivais políticos, onde conta mais a forma do que o conteúdo.Depois de terem assistido em 2008 ao desmoronar de muitas mentiras, falsas fortunas e de uma economia construída em cima de castelos de areia, os portugueses serão em 2009 mais exigentes com o

Portugal e a tragédia grega

Diário de Notícias, 2008-12-29 João César das Neves Professor universitário naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt Nas últimas semanas a Grécia tem sido palco de graves distúrbios, resultado do profundo descontentamento social, sobretudo dos jovens. Será que algo parecido pode acontecer em Portugal? Não faltam os que fazem tais previsões, mas a resposta deve ser claramente negativa. Em momentos de crise é difícil manter o sentido das perspectivas, mas é precisamente nessas alturas que isso é mais importante. Um furacão parece-se muito com um dia de tempestade, mas quem confundir os dois vai alarmar-se sem razão. Existe sem dúvida grande descontentamento em Portugal. Jovens licenciados sem emprego ou na precariedade, funcionários públicos com perda de benefícios, empresas perto da falência, imigrantes, desempregados confessam intensa desilusão e chegam a manifestar-se nas ruas. Pior ainda, o nosso país está endividado e a entrar em recessão. Estes são os principais motivos das tais conjecturas

Gostaria

Público, 28.12.2008, António Barreto Retrato da semana Não vale a pena ter esperanças desmedidas para 2009. Mas podem formular-se votos modestos Não vale a pena ter esperanças desmedidas para 2009. O ano não é bissexto, o que é bem. Mas tem três eleições, o que é mau. As crises internacionais vão prosseguir, o que tem más consequências. Toda a gente anda de bengala de Estado, incluindo bancos e empresas industriais, financeiros e aforradores, o que obriga a pensar que não há bengalas que cheguem. Já sabemos que o crescimento será negativo ou ridículo; que o défice público aumentará; que o défice externo também; que o emprego diminuirá; e que a pobreza se agravará. São certezas. Esperar o contrário é enganar-se a si próprio. Há, todavia, votos que se podem formular. Os meus são modestos. Não são excessivos, nem irrealistas. Custam pouco dinheiro ou nenhum. Gostaria que terminassem, de uma vez para sempre, os processos em tribunal que envenenaram o último ano. O da Casa Pia, à cabeça. A

28 de Dezembro - Santos Inocentes

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Massacre dos Inocentes Fra Angelico c. 1450 Têmpera sobre madeira, 38,5 x 37 cm Museo di San Marco Florença

Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José - Domingo, 28 de Dezembro de 2008

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Sagrada Família BADALOCCHIO, Sisto c. 1610 Óleo sobre tela, 81.3 x 57 cm Wadsworth Atheneum, Hartford

O QUE NÃO SE VÊ

Diário de Notícias, 20081227 João Miranda Investigador em biotecnologia - jmirandadn@gmail.com A demonização da classe política faz parte dos rituais democráticos. De acordo com a voz popular, os políticos são incompetentes, demagogos, mentirosos e corruptos. E, no entanto, o eleitorado tem grandes expectativas sobre o papel do Estado na sociedade. O eleitor espera que, perante uma crise, o Governo faça alguma coisa. Espera que o Governo apresente soluções. Paradoxalmente, a crise fez baixar o nível de exigência e reduziu os níveis de cepticismo em relação aos políticos. Como que por magia, a classe política é vista como uma fonte de esperança no futuro, apesar de ser responsável pela crise e de ser considerada incompetente e demagoga.A obra de Frédéric Bastiat, um economista francês do século XIX, pode ajudar a esclarecer este paradoxo. Bastiat observou que as medidas políticas de carácter económico têm consequências visíveis e consequências invisíveis. Por exemplo, os subsídios à act

Isaiah Berlin em 2009

Expresso, 20081227 João Carlos Espada Na última crónica de cada ano, é costume fazer previsões para o ano seguinte. Sendo esta também a minha última crónica no Expresso, onde comecei a colaborar em 1981, dedico-a a uma das poucas previsões seguras para 2009: o centenário do nascimento de Isaiah Berlin, que o mundo civilizado se prepara para comemorar. Berlin nasceu em Riga, na Letónia, em 1909. Mas os pais mudaram-se para Petrogrado e ele tinha oito anos quando assistiu ao golpe de Estado bolchevique, em 1917. O fanatismo revolucionário horrorizou-o para sempre. Em Oxford - onde na prática se exilou desde 1927 até morrer, em 1997 - procurou absorver os ingredientes da liberdade ordeira inglesa. Concluiu que residiam no pluralismo e no entendimento negativo da liberdade, como ausência de coerção por terceiros. Foi um admirador de Winston Churchill. No continente europeu, sob influência de versões dogmáticas do Iluminismo, a liberdade fora interpretada de outra maneira. Não apenas pelo m

A ameaça demográfica

Expresso, 20081227 Valentim Xavier Pintado Portugal confronta-se com uma ameaça que não podemos ignorar: a ameaça demográfica. No ano passado tivemos mais óbitos que nascimentos. A população só não se reduziu porque os imigrantes compensam o défice demográfico, mas em breve começará a declinar. Desde 1982 o índice de fecundidade desceu abaixo dos 2,1 necessários para assegurar a renovação das gerações. Com a esperança de vida a aumentar, o número de idosos cresce enquanto desce o dos que provêem ao seu sustento. Prevê-se em meados do século 3 idosos por cada habitante activo. Quais as consequências? Uma das mais sérias é a crise da Segurança Social gerada pelo crescimento do número de aposentados e queda do número de activos. De acordo com o Nobel da Economia Gary Becker, a queda do capital humano reduz o crescimento das economias levando a um alargamento do fosso que separa dos países mais desenvolvidos, como já sucede por cá. Outro fenómeno relacionado é a desertificação. O Conselho

27 de Dezembro - S. João Evangelista

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Apóstolo S. João Evangelista 1610-14 Óleo sobre tela, 97 x 77 cm Museo de El Greco Toledo

Ainda vamos a tempo!

Aura Miguel Opinião RR - RR on-line 26-12-2008 9:57 Não são muitos os que desejam encontrar-se com Cristo, nem os que desejam a salvação, recordou-nos D. José Policarpo. Por isso, a esperança que nasce nestes dias nunca será anúncio de alegria definitiva. Celebramos o Natal 2000 anos depois, porque acreditamos na actualidade de Jesus Cristo e na urgência da salvação, disse ontem o Cardeal Patriarca de Lisboa. Mas celebramo-lo numa sociedade em que as marcas do cristianismo se diluem. Vivemos rodeados de injustiças e desigualdades, de violência e corrupção cada vez mais chocantes. E, por isso, queixamo-nos. Mas o que torna mais difícil celebrar o Natal não é nada disto. Mas sim o que se passa no interior do nosso coração.É que, de facto, não são muitos os que desejam encontrar-se com Cristo, nem os que desejam a salvação, recordou-nos D. José Policarpo. E sem esse desejo, a esperança que nasce nestes dias nunca será anúncio de alegria definitiva, porque nós não deixamos.Ainda vamos a te

26 de Dezembro - Sto. Estevão

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Santo Estevão, mártir Têmpera sobre madeira, 89 x 34 cm Vincenzo Foppa (c. 1430 – c. 1515) The Hermitage St. Petersburg

25 de Dezembro - Nascimento de Jesus

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Caravaggio Adoração dos Pastores 1609 Óleo sobre tela, 314 x 211 cm Museo Nazionale, Messina

A Boa Nova

Graça Franco Opinião RR RR on-line 24-12-2008 9:24 O poeta enganou-se, porque não é verdade que seja Ele que vai nascer. O que os cristãos têm hoje para gritar ao mundo é que Ele já nasceu. Com David Mourão Ferreira apetece anunciar: “Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto Num sótão, num porão, numa cave inundada(…) Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto Numa casa (qualquer) ontem bombardeada” Mas, enganou-se o poeta. Não é verdade que seja Ele que vai nascer. E essa não é sequer uma má notícia. O que os cristãos têm hoje para gritar ao mundo é que Ele já nasceu. Em concreto, em carne e osso, há mais de dois mil anos. Não, para lançar em nós a “suspeita que existe” mas como garantia máxima dessa certeza. E esta é a boa notícia. Tão boa que chegou a toda a terra em forma de Boa Nova. Fora hoje e o presépio provavelmente não teria reis. Onde estariam, de Oriente a Ocidente, os três poderosos capazes de correr a dobrar os joelhos reconhecendo a existência de Deus num cúmulo de a

O que o Banco Alimentar faz que mais ninguém faz

Público, 24.12.2008, José Manuel Fernandes É tempo de recuperar a ideia de Fraternidade que nos envolve e responsabiliza em lugar de nos ficarmos pela Solidariedade que delegamos no Estado para mais tarde a ela termos também direito Hoje é certo e sabido que se realizarão, um pouco por todo o país, "ceias de Natal" para os pobres, para os sem-abrigo, para muitos idosos que vivem sozinhos. Aqui e além aparecerá uma autoridade pública que sublinhará a importância de não nos esquecermos dos mais fracos e desvalidos. É assim há muitos anos e até custa imaginar como poderiam as televisões encher os seus intermináveis serviços noticiários de uma hora sem um "directo" para uma destas "ceias". A maioria destes encontros é proporcionada por instituições de solidariedade social. E grande parte dessas instituições está, de uma forma ou outra, ligada à Igreja Católica. Por regra, também não servem apenas aquela refeição especial: todos os dias do ano apoiam os mais de

Os espíritos deste Natal

Público, 24.12.2008, Rui Ramos Ao longo de 2008 recebemos a visita de vários espíritos, mas as suas mensagens não foram coerentes Scrooge era, segundo reza a história, um misantropo mesquinho. Num certo Natal, recebeu a visita de três espíritos: o do passado, do presente e do futuro. Teve sorte: embora separadamente, deixaram-lhe todos, muito claramente, a mesma mensagem. Scrooge percebeu o que tinha a fazer, emendou-se e talvez tenha sido feliz. Nós, em 2008, não tivemos tanta sorte. Também recebemos vários espíritos, não nesta noite de Natal, mas ao longo do ano. As suas mensagens, porém, não foram exactamente coerentes. O primeiro espírito de 2008 esteve connosco até ao fim do Verão. Deu-nos a entender que precisávamos de ser mais austeros, "verdes" e competitivos. Estávamos a gastar demais, andávamos a dar cabo do planeta e não éramos suficientemente produtivos. O espírito mostrou-nos os preços a subir e prometeu-nos que o petróleo passaria para sempre dos 200 dólares den

O espanto do Natal

Agência Ecclesia, 081223 João César das Neves O espanto do Natal Nós que todos os anos vivemos o Natal perdemos o espanto perante o Natal. Essa é uma das piores coisas que pode acontecer a quem vive todos os anos o Natal. De facto, aqueles que participam com fervor na celebração anual do Natal sentem muitas emoções acerca dele, desde a elevação espiritual à indignação perante o consumismo e o desinteresse da sociedade. Mas raramente sentem aquilo que é o mais adequado perante o mistério natalício: o espanto. O espanto principal vem, naturalmente, do próprio acontecimento que se celebra: que Deus omnipotente, que não cabe nos Céus, tenha decidido descer até nós e nascer como um menino, é algo de inaudito, inconcebível, quase inacreditável. Este é o mistério central da nossa fé cristã, mas dificilmente o conseguimos entender, quanto mais descrever, de tal forma ele ultrapassa tudo o que podemos imaginar. Vivemos todos os dias com ele, mas não somos capazes de compreender aquilo em que b

Natal na poesia portuguesa

Um olhar sobre oito séculos de literatura pela pena de José Tolentino Mendonça . Há mais de oito séculos que o Natal se celebra na poesia portuguesa. As belíssimas composições de Afonso X, do Mestre André Dias e do maior teólogo da nossa literatura que é Gil Vicente (bastaria, para qualquer natal futuro, o seu «Breve sumário da História de Deus»: «Adorai, montanhas, o Deus das alturas, também das verduras. Adorai, desertos e serras floridas, o Deus dos secretos, o Senhor das vidas. Ribeiras crescidas, louvai nas alturas o Deus das criaturas…») Representam uma espécie de pórtico para uma viagem que, em cada época, encontrou os seus cantores. No século XVI, há um trecho anónimo, talvez cantado numas dessas romarias como ainda hoje se vêem «Non tendes cama bom Jesus não non tendes cama senão no chão», Mas também sonetos de Camões «Dos Céus à Terra desce a mor Beleza» e de Frei Agostinho da Cruz. Ao século XVII bastariam os vilancicos de Sóror Violante do Céu «Todos dizem, meu Menino, Que

The Nativity - Bach Sinfonia from Christmas Oratorio

Iluminações e impunidade

RR on-line 22-12-2008 9:00 Raquel Abecasis Não há necessidade de vender a cidade aos bocadinhos a empresas que não têm o bom gosto de perceber que não se decoram praças com logótipos, muito menos no Natal. Lembra-se do espanto e admiração que sentia quando desde criança se habituou a dar uma volta pela cidade para ver as iluminações de Natal?Se vive em Lisboa, bem pode dizer adeus aos “bons velhos tempos”. Este Natal, Lisboa transformou-se num espectáculo deprimente. As praças mais emblemáticas da cidade, como o Marquês de Pombal, os Restauradores ou o Terreiro do Paço, estão transformadas em cenários de publicidade barata de empresas que, supostamente, receberam este presente da Câmara Municipal em troca do financiamento da iluminação pindérica que decora o resto da cidade.É sabido que o município não tem dinheiro para pagar os luxos de outros tempos, mas, francamente… Não há necessidade de vender a cidade aos bocadinhos a empresas que não têm o bom gosto de perceber que não se decora

Conto de Natal

Diário de Notícias, 20081222 João César das Neves Professor universitário - naohaalmocosgratis@fcee.ucp.pt Lá vai ser Natal outra vez! Este ano onde é que vocês celebram as festas? - Vai ser em casa da tia Maria, como de costume. - Como sabes? Já falaste com ela? - Não, mas é sempre assim. Nem é preciso dizer. - Pobre tia Maria! Como é tão boa, como está sempre disponível e pronta para todos, já nem se dão ao trabalho de lhe perguntar, de lhe pedir, de a envolver na decisão. Ela, precisamente porque é tão boa, é tomada como garantida, automática, com quem não é preciso perder tempo. Tu vais gastar mais esforços a convencer o primo Augusto a ir à Consoada, porque ele é um resmungão e gosta de se fazer caro, do que com a tia Maria, de quem realmente tudo depende, mas a quem ninguém liga, só porque é excelente. - Tens razão. Mas é natural, não? - Natural? Talvez. Mas é uma vergonha. - Sabes, estava aqui a pensar que isso é exactamente o que nós fazemos com Deus. Nós contamos com o Natal

Discurso do Papa Bento XVI à cúria romana por ocasião dos votos de Feliz Natal (2008)

DiscursopapaBentoXVIcuriaromanaNatal2008 Publish at Scribd or explore others:

Santo Natal

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É Natal!

Público, 21.12.2008, Faranaz Keshavjee Que bondade pode existir na abundância por um dia e na experiência da miséria e solidão nos restantes 364 dias do ano? Quando o Profeta Muhammad começou a partilhar o Alcorão, foi desafiado a fazer um milagre para confirmar a divindade das suas palavras. Muhammad respondeu: não sou milagreiro. Se procuram milagres, olhem à vossa volta, na natureza e no cosmos, e olhem para dentro de vós mesmos e nas transformações humanas, e neles verão ayats (sinais) de Deus. Esses são milagres! No Natal observo vários milagres: a generosidade social; os abraços fraternos que damos; o sorriso sentido às crianças, idosos, pobres e ricos desejando o melhor da vida; e as mais belas experiências de amor, de fé, de ternura, independentemente das nossas crenças. Políticos, cientistas, académicos, comerciantes, judeus, muçulmanos, hindus, budistas, ninguém escapa a estas expressões humanas. É que, mais do que acreditar em Deus, acreditamos em nós mesmos, nas pessoas, no

Mensagem de Natal de D. Manuel Clemente, bispo do Porto

Tudo como dantes, nada como dantes

Público, 21.12.2008, António Barreto Retrato da semana O critério de vida é vencer, o que significa derrotar e liquidar os outros. Quem vence tem razão porque vence Aturbulência financeira que atravessou o mundo e está longe de se dissipar já provocou a mais completa série de verdades definitivas e sobretudo contraditórias. Têm de comum o disparate e a inabalável certeza dos seus autores. "Marx tinha razão"; "É o fim do capitalismo"; "Acabou a hegemonia americana"; "Nada será como dantes"; "O Estado tem de tomar conta da economia"; "Vão mudar os padrões de consumo"... Em sentido contrário, também temos: "O capitalismo vai recuperar"; "A iniciativa privada vai ultrapassar a crise"; "Vamos refundar o capitalismo"; "A crise gera novas oportunidades de negócio"; "A União Europeia vai liderar a recuperação das economias"... Sem comentários.Mais uma vez, anuncia-se um "novo para