Fernando Rocha Andrade: um académico apanhado por dois jogos de futebol

Vítor Rainho | SOL | 20160809

Anda na política há muitos anos, mas sempre teve a paixão pelo ensino superior. Aos 18 anos filiou-se no PS e fez um longo caminho ao lado de António Costa. Agora caiu nas bocas do mundo por ter ido ver a Seleção a França a convite da Galp

Estávamos em dezembro do ano passado e Fernando Rocha Andrade já era secretário de Estado dos Assuntos Fiscais quando foi defender a tese de doutoramento “em Direito (pré-Bolonha), na especialidade de Ciências Jurídico-Económicas, tendo obtido a classificação de Aprovado com Distinção e Louvor”. segundo se lê no site da Universidade de Coimbra.
Fernando Rocha Andrade, apesar de ser um desconhecido para a maioria da população, é um homem que fez a sua carreira académica sempre com boas notas, e também sempre teve um gosto especial pela política. Há quem diga que entrou no PSaos 14 anos, mas os registos dão-no como militante a partir dos 18. Próximo de António Costa, foi seu subsecretário de Estado da Administração Interna no Governo de José Sócrates.
Nascido em Coimbra a 2 de fevereiro de 1971, Andrade fez o liceu em Aveiro, distrito pelo qual se lançou nas lides políticas do PS. Numa pesquisa pelas notícias que lhe dizem respeito, são-lhe apontadas várias qualidades, nomeadamente a seriedade. Não há registo de grandes críticas ao homem que esta semana saltou para as bocas do mundo. E o que fez então Fernando Rocha de Andrade para se tornar famoso? A revista “Sábado” noticiou que tinha ido a dois jogos do Europeu, contra a Hungria e à final, a convite da Galp, empresa que tem um diferendo antigo com as Finanças, que reclamam mais de 100 milhões de euros em impostos.
As empresas patrocinadoras de campeonatos de futebol têm o hábito de convidar diferentes figuras das áreas da política, cultura, negócios e desporto, entre outras. A Olivedesportos, por exemplo, fretou dezenas de aviões para levar os seus ilustres convidados a finais das competições europeias ou a fases finais de mundiais. Ponto assente: em todos os voos iam vários políticos no ativo ou reformados a fazer uma perninha na televisão.
O problema de Fernando Rocha Andrade é que é governante e o Estado tem o diferendo de 100 milhões de impostos com a Galp. Será legítimo pedir a cabeça de um secretário de Estado porque aceitou um convite para ir ver dois jogos? O Presidente da República “alugou” o Falcon do Estado e mandou o cheque para a Força Aérea, cheque esse que António Costa mandou devolver a Marcelo Rebelo de Sousa, alegando que oPresidente sempre que viaja fá-lo em serviço. Rocha Andrade terá ido em serviço?

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