A face cruel dos falsos animalistas

António Paula Soares
Sábado, 20160716

No passado Sábado faleceu um toureiro numa corrida de touros em Espanha. As imagens e vídeos do sucedido tornaram-se virais, sendo motivo das mais variadas condolências mas também dos mais variados ataques e inclusive regozijo.
A dicotomia de ideologias entre os aficionados e os anti-taurinos é um tema sobejamente debatido e actual na nossa sociedade. 
Pessoalmente, sou apologista que ambos os ideais devem ser respeitados. Não concordo que se antagonize alguém, seja por ser taurino ou contra as corridas de touros, e aceito perfeitamente o ponto de vista de quem, de uma forma coerente, se assuma contra e defenda esse seu ideal, tal como se deverá aceitar que alguém se identifique com as touradas e seja aficionado.
Para o bem e para o mal, consoante a opinião que se tenha, a cultura tauromáquica está enraizada numa considerável parte da população Portuguesa, com argumentos apaixonantes de parte a parte, na defesa da tourada ou na ideia da sua abolição.
Mas este infeliz acontecimento levantou uma série de comportamentos, principalmente nas redes sociais, que demonstram a também infeliz forma de estar de uma parte da nossa sociedade. 
A forma de crítica da parte anti-taurina assumiu nalguns animalistas uma atitude social no mínimo reprovável. Ao usarem as redes sociais para vangloriarem a morte do toureiro, atacando a sua família e os taurinos em geral, desvirtuaram a ideia que a vida humana deverá estar acima de qualquer consideração.
Em Portugal, o tema teve mais repercussão com a partilha pelo PAN, nas redes sociais, de uma notícia infundada e já confirmada a sua falta de veracidade, de que a progenitora do touro que causou a morte seria abatida como represália pelo sucedido. Essa partilha originou várias centenas de comentários, a grande maioria com um carácter desumano de prazer pela morte de uma pessoa, mas também pelo desejo da morte da mãe do toureiro, da sua família e de todas as famílias de intervenientes neste tipo de espectáculo.
É neste tipo de atitudes que enquadro os falsos animalistas, e igualmente reprovo que um partido que se rege pelos direitos das pessoas, natureza e animais, se preste a uma notícia falsa, com um intuito político e sensacionalista, com consequências de expressão de comentários dignos de um qualquer infeliz ato discriminatório, de extermínio e de violência, que não se coaduna com aqueles que deveriam fazer valer os seus valores de uma forma mais condigna. São estes extremismos que marcam as ações contraditórias de quem revê na educação e na formação os princípios para um futuro diferente.
Aceito que os verdadeiros animalistas tentem educar as gerações futuras para se enquadrarem nos seus princípios, tal como deve ser socialmente aceite que quem tenha uma ideologia contrária o possa fazer para com os seus próximos, sendo-lhes dada, de uma forma livre, a opção futura de decidirem quais as suas escolhas.
No entanto, não posso concordar que se considere que uma educação que transmite os valores da cultura taurina seja depreciada, e ao mesmo tempo se permita que os valores, ou a falta dos mesmos, de quem incita à violência entre pessoas, que deseja a morte e discriminação entre iguais seja, de uma forma ativa ou passiva, deixado incólume. Certamente, é esta última uma forma francamente mais negativa de educar e formar as gerações futuras.
Afinal, este é o verdadeiro especismo, mas de uma forma infeliz, na forma de ataque e discriminação entre os próprios homens.

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