Mais uma volta

Joana Petiz
DN 20160507

Limitar o apoio aos colégios privados, concentrar recursos na escola pública. A ordem, apoiada pelo primeiro-ministro, foi dada na 5 de Outubro, onde Tiago Brandão Rodrigues se instalou a desfazer a malha de tudo quanto foi decidido por quem o precedeu. E onde continua a não revelar ou sequer dar pistas sobre o que pensa fazer com o novelo. Esta é só mais uma volta ao fio. Não importam os contratos assinados, esqueça-se professores e funcionários que podem ficar sem chão - estes não merecem a preocupação dos sindicatos? -, traga-se a miudagem toda para o ensino público. E se daqui a um par de anos não houver lugar para todos nas escolas do Estado, logo se vê o que se faz aos garotos que não cabem na sala e que os colégios deixaram de aceitar. Não, não faz sentido pagar a um colégio para receber alunos que têm lugar na escola pública. Mas esse problema já tinha sido diagnosticado e estava a ser resolvido de forma faseada, para garantir que se mantinha uma boa relação entre o ministério e os privados. A razão é simples: os colégios são reconhecidamente fundamentais para o sistema funcionar, para se assegurar que os miúdos não ficam sem aprender mesmo quando não há uma escola pública por perto. Agora, da mesma maneira que fez tábua rasa à avaliação aos professores e acabou com os exames para os alunos e alterou programas curriculares, Brandão Rodrigues decidiu puxar a ficha aos contratos de associação. Em vez de negociar com os diretores dos colégios, de explicar aos pais dos miúdos o que estava em causa, de tentar encontrar uma solução para os professores, o ministro decidiu. É certo que houve reuniões, mas apenas para comunicar o caminho que tinha escolhido - nada que se assemelhe ao diálogo que Brandão Rodrigues diz ser fundamental quando do outro lado da mesa estão as organizações sindicais. Quando a bolha rebentar, não ficará para os sindicatos a tarefa de resolver o sarilho.

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