Na presença das coisas
“In the presence of things” foi o tema (em inglês, porque em Português era “A perspectiva das coisas”) da exposição temporária “A Natureza Morta na Europa – 2.ª parte” na Fundação Calouste Gulbenkian que ontem terminou e que visitei no sábado passado com a família.
Vem esta referência a propósito do artigo de hoje do Prof. César das Neves “Cavaleiro do apocalipse” sobre a morte de Christopher Hitchens, um dos líderes do “novo ateísmo”:
“O ateísmo é a doutrina religiosa com o dogma de que Deus não existe. Embora se considere científica é uma crença como as demais, pois relativamente à divindade o ser humano nada conhece. A única coisa que podemos é formular convicções. Eu acredito que Deus existe, Hitchens tinha a certeza que não, mas ninguém realmente sabe. Um dia veremos, mas então será demasiado tarde”.
O fundamento da fé em Deus vem do reconhecimento da Sua presença. Também nas coisas, na natureza viva e na natureza morta. É este espanto pela presença das coisas que provoca a pergunta: “Quem nos dá estas coisas?” Esta pergunta é da mesma natureza das que o homem faz sobre si mesmo:
O ser humano vive na sua natureza o drama fundamental de não compreender o sentido do mundo e da vida. De onde vim? Para onde vou? Que estou aqui a fazer? Somos os únicos a colocar estas questões, sofrendo a dor de não saber a resposta, da qual depende crucialmente o nosso quotidiano. Para viver todos os dias seria decisivo entender a finalidade última da realidade, que ignoramos. Por isso, relativamente ao sentido da existência e à identidade de Deus, todos estamos na posição da fé. Formulamos crenças e apostamos nelas a nossa vida.
Porém, o dia de hoje, assinala o momento em que o pedido de Isaías, «Se rasgásseis os céus e descêsseis!», é satisfeito. De facto, «o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu»; ouviram-se palavras nunca anteriormente pronunciadas: «Tu és o Meu Filho muito amado; em Ti pus todo o Meu agrado». [...] O Pai, o Filho e o Espírito Santo descem entre os homens e revelam-nos o Seu amor que salva. Se foram os anjos que levaram aos pastores o anúncio do nascimento do Salvador e a estrela que o levou aos Magos vindos do Oriente, presentemente é a própria voz do Pai que indica aos homens a presença do Seu Filho no mundo, e que nos convida a voltarmo-nos para a ressurreição, para a vitória de Cristo sobre o pecado e sobre a morte. (homilia do papa Bento XVI na festa do Baptismo do Senhor – 2010)
É sobretudo este anúncio do Pai que a Maçonaria – de que nestes dias tanto se fala – recusa.
“Para certas formas de maçonaria, a afirmação de Deus é absolutamente fundamental, numa forma de deísmo, mas de que Deus estamos a falar? Nós, cristãos falamos de Deus manifestado em Jesus Cristo, que se revela através do magistério da Igreja. Deus não resulta apenas da subjectividade, mas manifestou-se como logos, isto é, como razão, como sabedoria”. (ler em Católico e maçon entrevista a Dom Dominique Rey, bispo de Fréjus-Toulon (2011).
“Para certas formas de maçonaria, a afirmação de Deus é absolutamente fundamental, numa forma de deísmo, mas de que Deus estamos a falar? Nós, cristãos falamos de Deus manifestado em Jesus Cristo, que se revela através do magistério da Igreja. Deus não resulta apenas da subjectividade, mas manifestou-se como logos, isto é, como razão, como sabedoria”. (ler em Católico e maçon entrevista a Dom Dominique Rey, bispo de Fréjus-Toulon (2011).
Sobre a incompatibilidade entre ser-se maçon e católico não pode haver confusões. Quem quiser ser esclarecido pode ler:
Católico e maçon Entrevista a Dom Dominique Rey, bispo de Fréjus-Toulon (2011)
Inconciabilidade entre fé cristã e maçonaria L’ Osservatore Romano (1985)
Declaração sobre a Maçonaria Congregação para a Doutrina da Fé 1983
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