Avanço histórico
19-01-2012 8:29 Ângela Silva
Vistas, uma por uma, as medidas do acordo de concertação social, ontem aprovado, são muito duras para os trabalhadores. Mas a UGT assinou. O acordo é histórico por isso: em estado de emergência, o país percebe que crescer e segurar emprego passa por medidas assim.
Patrões, sindicatos e Governo estão de parabéns. Parece que só a CGTP e o PS não perceberam. O porta-voz do PS para as questões do trabalho usou a mesma linguagem que o líder da CGTP: este acordo é mau, é um retrocesso. Mais trabalho, menos folgas, menos indemnizações, menos subsídios, mais flexibilidade, menos segurança.
A olho nu, não há, de facto, uma boa notícia a não ser para os patrões. Carvalho da Silva fala mesmo de um retrocesso civilizacional e promete que a conflitualidade na rua vai ser dura.
Ao contrário, João Proença, o sindicalista do PS, percebeu que o momento não é para politiquices e teve a coragem de assinar um acordo que agrada, sobretudo, aos patrões. Por muito que o digam, a UGT não se vendeu ao patronato. Percebeu apenas que a única maneira de segurar empregos e reanimar a economia é retirar direitos incompatíveis com a conjuntura.
O que se fez foi lançar a bóia aos empresários. Retirando-lhes desculpas e desafiando-os, reforçados por uma lei laboral mais moderna e flexível, a mostrarem o que valem. Com um pacote de incentivos ao crescimento das empresas e mais aliviados dos custos do trabalho, os patrões ficam com a bola nas mãos. Só por cegueira ideológica a CGTP não percebe isto.
Para o Governo, foi uma vitória: conseguir um acordo de concertação num contexto de austeridade máxima é obra. E para o ministro da Economia é uma espécie de Totoloto. Quem achava que o Álvaro estava de saída, vai ter que esperar.
Para o país, é um bom sinal: Portugal ainda consegue reformar-se. Oxalá, a Europa ajude.
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