Sobre o texto 'Não, não me ajoelho na missa' de Henrique Raposo
JOÃO SILVEIRA 12.12.16
O Henrique Raposo (HR), com a honrosa excepção do texto em que falou do aborto, tem escrito uma sucessão de artigos lamentáveis no site da Rádio Renascença. No último deles o autor meteu os pés pelas mãos ao falar de conceitos que claramente desconhece: a Fé, a Esperança e a Caridade.
HR fala da Fé como se fosse uma fezada, é o acreditar porque sim, é um salto (e uma pirueta), sem qualquer tipo de ponto de apoio. HR descreve a Fé com um conjunto de ideias tão desconexas que se percebe facilmente que não percebe nada do assunto. É o típico caso do aluno que não estudou e em vez de responder ao que o professor pede limita-se a escrever para 'encher chouriços'.
A Igreja, ao contrário de HR, sabe do que fala, por isso explica que: "A Fé e uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual nós, apoiados na autoridade do mesmo Deus, acreditamos que é verdade tudo o que Ele revelou e por meio da Santa Igreja nos propõe para crer."
Sabendo que a Fé é este conhecimento que nos é infundido por Deus, que é a Verdade, a Fé nunca poderá sofrer dos erros que HR lhe aponta, isso é exactamente a falta de Fé. A Fé é necessária para amar a Deus porque nós não podemos amar o que não conhecemos.
Outra virtude vilipendiada por HR foi a caridade, com as seguintes palavras: "A caridade é uma acção cívica que está para lá do umbral da igreja." HR reduz a caridade à esmola que se dá ao mendigo ou ao voluntariado, transformando a Igreja numa ONG. É certo que qualquer desses actos pode ser um acto de caridade, se for feito com recta intenção, mas a caridade não é isso.
Explica a Igreja: "A Caridade é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual amamos a Deus por Si mesmo sobre todas as coisas, e amamos o próximo como a nós mesmos, por amor de Deus."
Com esta definição percebe-se porque é que a caridade é a virtude das virtudes. É a virtude que, fazendo-nos amar a Deus, dá forma a todas as virtudes: torna boas todas as nossas intenções e faz com que todas as nossas acções sejam boas e agradáveis a Deus. Mas HR chama-lhe "guichet burocrático".
'Last but no least', HR faz também uma caricatura da virtude teologal da Esperança, crendo que, na realidade, a está a elogiar: "A esperança é acção. Ou se tem ou não se tem."
Seria tão mais fácil, e frutuoso, que HR tivesse lido a definição de Esperança que a Igreja nos dá: "A Esperança é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus na nossa alma, pela qual desejamos e esperamos a vida eterna que Deus prometeu aos seus servos, e os auxílios necessários para alcançá-la."
Percebemos aqui que a Esperança é a virtude relacionada com os bens árduos de conseguir, neste caso com o maior dos bens que é a nossa salvação.
HR explica que não se ajoelha na Missa porque tem Esperança, que, segundo o próprio, é muito mais importante do que a Fé e a Caridade. Apesar deste texto absurdo, posso até acreditar nas boas intenções do HR, mas não posso deixar de apontar a sua profunda ignorância em relação a estes temas.
Não é claro o motivo que leva a Rádio Renascença a dar tão grande destaque a uma pessoa que escreve constantemente textos contra a doutrina católica e que notoriamente nunca leu o Catecismo. Já não bastam os restantes órgãos de comunicação social a lançar a confusão ainda temos que ter a emissora católica portuguesa a ajudar à festa?
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