Eugenia e Eutanásia
HENRIQUE RAPOSO 07.12.16 EXPRESSO ONLINE
A agenda fraturante da esquerda sado-marxista, já enjoa. Em França, o Estado proíbe sites pró-vida e impede a divulgação de anúncios com crianças com trissomia 21. Alega-se que os anúncios podem perturbar as mulheres que abortaram. Como se chegou a esta barbárie? Como é que se chama progresso a uma atmosfera que proíbe a aparição pública de crianças deficientes? O sado-marxismo sempre foi decadente, mas agora está mesmo no ponto de rebuçado da decadência. Só pode cair a partir de agora. O sinal maior da queda é a transformação da morte num direito. Como é que se pode elevar a morte à categoria de conquista? Como é que se apelida de "reacionário", "inimigo da liberdade" ou "insensível" aquele que defende como sagrada a inviolabilidade da vida humana?
Pelo andar da carruagem, a eutanásia vai ter o mesmo destino do aborto. Como se sabe já nem se pode dizer aborto, é "IVG", uma sigla que pretende retirar o "aborto" do debate moral, colocando-o somente no campo médico. Lamento, mas o aborto não é uma mera operação médica, não se está a retirar um rim. É um "nasciturno" humano que está a ser aniquilado. Nasciturno quer dizer "vai nascer". É irrelevante saber se quem uma ou dez semanas; se não houver intervenção externa, ele vai nascer. E esta pessoa por nascer, a mais frágil de todas, merece protecção jurídica. Claro que a popularização do termo IVG mata a dimensão moral à partida. Acontecerá o mesmo com a eutanásia. Passará a ser qualquer coisa como MCD, morte com dignidade, ou MCE, morte como escolha. Ora, morte como escolha chama-se suicídio. Mas não tem o direito de convocar os médicos e a comunidade para esse ato. O suicídio não pode ser um valor coletivo.
E o que quer dizer morte com dignidade? Um velho que morre acamado e rodeado pelo amor da família tem uma morte sem dignidade? Será que não estamos a confundir dignidade com motricidade? Será que só aceitamos como vida digna a vida num corpo perfeito na sua mecânica? Será que um corpo imperfeito na sua motricidade não tem dignidade? tem ainda mais dignidade e, portanto, a discussão devia estar nos cuidados paliativos. Porque se vamos por este caminho fraturaste, acabaremos por chegar a um sítio que não reconhece a dignidade de uma vida com deficiência física e mental.
E se calhar já chegámos a esse sítio, porque os bebés com trissomia 21 são quase todos abortados, porque se proíbe anúncios com crianças deficientes. Isto não é progresso médico ou eutanásia, é mesmo eugenia.
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