Contagiados pela Alegria :: Uma visita guiada
EXPOSIÇÃO 'CONTAGIADOS PELA ALEGRIA'
Uma visita guiada
Desejei tentar uma breve explicação da exposição que fizemos pelos 4 anos do Pedro Maria, acima a de tudo para desmistificar qualquer sugestão de uma genialidade nossa nesta forma de ver os acontecimentos e a vida do nosso filho. Trata-se apenas dos frutos da nossa fidelidade a uma companhia que nos quer bem e que nos faz olhar para o Bem na realidade, evitando o abstrato ou um pensamento mágico. As coisas serem como são, e como são serem boas porque são como Deus as fez, é o princípio que rege a nossa vida e nos liberta do medo. No entanto recordar isto a cada passo, pede amigos verdadeiros que não cessam de, mais que o repetir, vivê-lo. Esses amigos têm sido para nós a comunidade portuguesa e internacional de comunhão e libertação (CL) nas várias realidades com as quais temos convivido nas várias fases da nossa vida. Não há nenhuma palavra nesta exposição onde a fidelidade a esta amizade não esteja suportada, como poderão ver nesta visita guiada.
Foi o meu marido Gonçalo que encontrou esta frase de D. Giussani, fundador do movimento Comunhão e Libertação e que a colocou no berço do Pedro quando voltámos a casa com ele, uma semana depois do seu nascimento. Foi ele também que preparou o seu baptismo na neonatologia, que aconteceu ao seu segundo dia de vida, na presença dos avós e dos padrinhos. Foi a graça do seu baptismo que nos permitiu recebê-lo como Dom de Deus, como filho muito amado de Deus, como nos foi também lembrado por amigos nossos que lhe deram nesse mesmo dia como presente de baptismo, uma medalha com essa mesma inscrição. Aceitá-lo, no entanto, não tirou nada à dificuldade do primeiro mês em casa.
Poucos meses antes, Julian Carrón, sucessor de D. Giussani tinha meditado nas dificuldades da vida dizendo que "Deus não permite nunca nada que não seja para a maturidade daqueles que Ele escolhe".
Com isto presente, não nos escandalizámos com as dores que eram de crescimento, e na dureza esperámos que o amor por aquele filho crescesse.
Todos os Natais, é publicado pelo CL, um cartaz com uma mensagem para o Natal. Estas frases de Bento XVI e de D. Giussani são retiradas do cartaz de Natal de 2012, que estando pendurado na nossa cozinha, foram chegando ao nosso coração, espelhando aquela que foi a nossa experiência no primeiro Natal do Pedro e em todos os momentos de doença aguda que lhe seguiram.
Se antes, tínhamos dificuldade em receber um filho como não tínhamos desejado, foi nas situações limite, a cuidar e a ver cuidar dele no Hospital de Santa Maria, que a verdade de sermos seus pais nos 'arrebatou'.
Apesar de ser praticamente invisual, ao colo ou na nossa presença, o olhar do Pedro que responde aos nossos cuidados e à nossa voz, "revelou-nos as nós próprios", revelando assim Quem ele é no meio de nós.
"O Verbo fez-se carne e habita entre nós".
Foi a convite de uma amiga minha que levei o Pedro a uma turma de catequese do 5º ano para contar o que aprendi com ele sobre o valor da vida. O documento de base à aula era a Donum Vitae, que li pela primeira vez para me preparar para esta aula e de onde retirei estas duas notas do início e do fim do documento.
Como trabalho para esta disciplina, uma aluna fez esta apresentação sobre o valor da vida com este exemplo simples e compreensível da nota de 5 euros que não perde o seu valor, por mais amachucada ou descuidada que seja.
O sorriso e a alegria do Pedro é o mistério que nos tem sustentado durante os internamentos e as maiores dificuldades que temos enfrentado.
Esta alegria tem a força de um facto. Aparentemente havendo apenas razões para lamentar a sua vida sofrida, ele está tão contente por viver que não desiste mesmo nas lutas mais difíceis e sempre que consegue, mostra o seu sorriso sem pudor.
Uma alegria assim, contagia todos os que o rodeiam e por isso sorrimos com ele.
Foi numa outra aula de catequese de 1º ciclo a que outra amiga me convidou a participar que aprendi esta definição de misericórdia, em que dar o coração é resposta às situações de pobreza e impotência.
Foi quando uma médica em particular nos disse pela primeira vez, estando o Pedro numa crise aguda e em risco de vida, que ele era muito bonito, que eu percebi que essa era a única coisa que eu precisava de ouvir. O sucesso do plano terapêutico e da medicação, um prognóstico certeiro são efectivamente prescindíveis, perante a certeza de que quem trata dele lhe quer bem. Não há sabedoria, nem experiência nem profissionalismo que substitua a segurança de sabermos que somos queridos e de que a vida é um bem. Isto reiterou bem o Franco Nembrini na sua conferência deste ano no Colégio de S. Tomás.
"The greatest thing you'll ever learn is just to love and be loved in return"
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