Paraplégica por opção

Família cristã, 08.09.2016

Mónica Santos recusou abortar e ficou paraplégica. Em 2001, começou a sentir falta de movimentos nas pernas. Foi nessa altura que descobriu que estava grávida de quatro semanas.
Em entrevista à FAMÍLIA CRISTÃ, a esgrimista brasileira explica como tudo aconteceu. «Tive um hemangioma medular [que pressiona a medula e impede os movimentos] durante a minha gestação. A orientação médica era para que fizesse a cirurgia o quanto antes, pois poderia não sobreviver ou ficar tetraplégica.» Voltar a andar só com a operação e um aborto.
Em entrevista à revista Donna, o marido de Mónica, Ângelo, admite que teve grande dificuldade em aceitar a decisão da mulher. Ele e o pai dela tentaram convencê-la. Ângelo conta que «a verdade é que não se tinha certeza de nada, se ela poderia engravidar de novo depois ou a gravidade das sequelas. Ela decidiu ficar com o que tinha: a bebé na barriga.»



A filha Paolla e Mónica Santos. DRA filha Paolla e Mónica Santos. DR

«A bênção de Deus»
Consciente dos riscos para a sua própria saúde e vida, Mónica conta, em entrevista à FAMÍLIA CRISTÃ que decidiu «realizar o sonho de ser mãe, e ter minha linda filha Paolla, no qual foi o que me deu forças, a não perder a vontade de viver, ao contrário, lutei pelos meus objetivos».
Apenas 28 dias depois do nascimento da filha, foi submetida a uma cirurgia, sem saber se voltaria a ver a bebé. «Nessa época já não caminhava mais, mas na cirurgia ainda poderia piorar, os riscos eram grandes, mas Deus me abençoou», conta Mónica Santos à FAMÍLIA CRISTÃ. A bênção de que fala esta mulher resume-se nisto: «A cirurgia correu bem e eu fiquei apenas paraplégica. Devido às poucas chances que eu tinha isso é muito bom.»
Mónica diz-se “cadeirante” por opção. Entre abortar, ser operada e voltar a andar ou ter a filha escolheu ter Paolla e assumir o risco de ficar numa cadeira de rodas.
O sonho dos Jogos Paralímpicos
Antes da gravidez, Mónica praticava futebol duas vezes por semana. A vida mudou, mas três anos depois procurou alternativas desportivas. «Comecei a participar de uma equipa de basquetebol, depois experimentei tiro desportivo, kart, vela adaptada, vários desportes até conhecer a esgrima através de um amigo», explica. Atualmente treina cinco dias por semana e conduz 240 km para os treinos. «Minha vida está dividida entre treinos, competição e família», conta Mónica.No ano passado, Mónica Santos conquistou a medalha de Ouro na arma Florete e Bronze na arma Espada no Campeonato Regional da América. Foi tretracampeã brasileira e a única mulher a conquistar dois ouros internacionais na esgrima paralímpica.
Nos Jogos Paralímpicos, sonha com uma medalha, mas realisticamente a meta «é classificar-me para o quadro de 8, quem sabe chegar as semifinais».

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