Mas e os jornalistas, Senhor?
henrique pereira dos santos, corta-fitas, 12.09.16
"para o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, “haver mais matrículas no Ensino Superior demonstra bem que a grande quebra não era demográfica, mas sim devida às dificuldades financeiras” que as pessoas sofriam e que, garante, “agora estão um pouco minoradas”. Mais, para Costa o registo que se verificou este ano, depois de terem saído as primeiras colocações no Ensino Superior, é também “um sinal de confiança no futuro“".
As declarações, em si, são de uma indigência que brada aos Céus, mas o que gostava mesmo de perceber é como é possível alguém fazer uma afirmação destas, ser público, notório e verificável que esse aumento de matrículas existe pelo terceiro ano seguido, e a generalidade dos jornalistas acharem que não faz parte da sua função informarem os seus leitores disso.
Aparentemente a generalidade dos jornalistas acham que a sua função consiste em reproduzir declarações de terceiros, e não relatar factos e ajudar a compreender a realidade a partir de informação verificável. Declarações de terceiros deste tipo, isto é, com recursos a tretas, se não escrutinadas pelo jornalismo, são a essência do populismo e não se percebe por que razão são reproduzidas sem mais.
A responsabilidade dos jornalistas no crescimento do populismo é inegável quando qualquer pessoa (podemos discutir se é mesmo qualquer mas não é isso que agora me interessa) sabe que pode fazer declarações destas sem ser verdadeiramente escrutinado e posto a ridículo pela imprensa.
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