O interior desaparecido

DESTAK | 27 | 11 | 2012   19.42H
José Luís Seixas
A ligação aérea entre Lisboa e Bragança foi suspensa. Perante a caducidade de concessão anterior, o Governo não abriu novo concurso, poupando 2,5 milhões de euros de subsídio compensatório. Pouco interessa ao preclaro decisor a necessidade ingente deste meio de transporte para uma população que tenta resistir à periferia, à desertificação e ao esquecimento; que facilitava a circulação eficaz de quadros provindos de Lisboa e do estrangeiro, potencializando a pouca vida económica nordestina que ainda subsiste e a adventícia que teimava em afirmar-se.
Sem avião, sem ferrovia, com acessibilidades rodoviárias portajadas ao nível da Suíça que pouparão algum tempo, mas não encurtam distância, resta às populações definharem. Desde os Planos de Fomento de Marcelo Caetano, o País nunca mais olhou o ordenamento do seu território. As populações migraram para o litoral e as grandes áreas urbanas converteram-se em “presas da desordem”, como diria Corbousier. Sem gente e sem votos, do interior tudo foi sendo retirado. Além dos velhos e dos teimosos. Por necessidade do poder, Portugal reduziu o seu território a um terço.
No interior, as casas fecham-se, as escolas encerram, as produções abandonam-se. Nas periferias das grandes cidades o crime aumenta, a fome cresce, a indigência vai tomando conta das ruas. Com esta última medida compromete-se o futuro de uma região inteira, numa incompreensível “intifada” contra o interior, o contrário do que um cidadão com bom senso defenderia como necessário face ao esgotamento económico das macrocefalias do litoral.

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