A alegria da fé
Tive o privilégio de estar presente na primeira sessão do ciclo “Escutar o Absoluto no Ano da Fé” sobre a Alegria da Fé no Auditório (à cunha) da Rádio Renascença.
A música é feita de sons, mas nem todos os sons, por mais belos que sejam – por exemplo, certos sons da natureza – , são música, porque a música é uma experiência exclusivamente humana, cuja combinação de sons exprime estados de espírito: alegria, tristeza, esperança,…
A música sacra nasce da procura de rezar as palavras sagradas, cantando-as. Assim, de certo modo, revela a experiência vivida pelos seus autores perante as palavras sagradas. Os seus sentimentos de alegria, de êxtase, de sofrimento, ficam como que gravados nas suas obras, sendo testemunho de fé.
A Aura Miguel e o Padre Rafaelle Cossa levaram-nos sinteticamente desde a origem do canto sacro, que nasce da entoação judaica dos salmos, nos primeiros séculos do cristianismo ao canto gregoriano com apenas uma linha melódica (séc. IV-VII) que evolui para mais do que uma linha melódica com, por exemplo, a recente doutora da Igreja Hildegarda de Bingen, (séc. XI-XII) até chegar a uma polifonia elaborada.
As escolhas dos nossos melómanos anfitriões para ilustrar a Alegria da Fé recaíram em dois famosos compositores barrocos, contemporâneos um do outro (1) Antonio Vivaldi, o padre vermelho, nascido em Veneza em 1674 e falecido em Viena em 1741 e (2) George Frideric Handel que nasceu em Halle, Magdeburgo, Alemanha em 1685 e morreu em Londres em 1759.
A alegria da fé é testemunhada por Vivaldi nesta espantosa interpretação do Gloria, conduzida por Rinaldo Alessandrini e Handel, emerso numa cultura britânica muito diferente da cultura italiana em que Vivaldi compôs, testemunha a mesma alegria de fé, de outro modo, mas com igual entusiasmo, na sua oratória, “Messias” de que ouvimos For unto us a child is born.
Como procurei no Youtube e arrumei no blog todas estas referências sem explicação, um dos fiéis leitores, comentou com estranheza a inclusão da música tema da UEFA champion’s league; não via nexo nesta escolha do Povo.
É que os nossos anfitriões prepararam duas surpresas com que encerraram esta primeira sessão:
Ouçam Zadok the priest, um dos quatro hinos que Handel compôs para a coroação do rei George II, usando textos do Antigo Testamento e verão de onde vem a inspiração para o hino da UEFA.
A segunda surpresa é a magnífica interpretação que Cecília Bartolli faz da ária “Agitata da due venti
” da ópera Griselda de Vivaldi.
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