Até que a morte nos separe

A agência publicitária LINTAS desenhou uma campanha publicitária para a APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vítima que é inaugurada hoje, dia 25 de Novembro.
No site da APAV podemos ler:
A campanha foi desenvolvida criativamente pela agência LINTAS, numa parceria mecenática, contando com o apoio da Ignition Ativism, ao nível da ativação de meios. Esta campanha participou no concurso internacional Create 4 the UN - "SAY NO to Violence Against Women", promovido pela ONU, sendo selecionada como uma das 15 melhores campanhas.
As imagens veiculadanesta campanha implicam uma reflexão sobre os contrastes existentes nesta problemática, os quais podem confundir ou toldar a sua visibilidade social. Assim, a campanha, inclui, por exemplo, dois retratos de mulheres vítimas de violência doméstica, as quais apresentam marcas da vitimação no rosto e pescoço. Estas mulheres estão vestidas de noiva, segurando ramo de flores e ostentando anel de noivado e aliança de casamento. Acompanha-as a frase «Até que a morte nos separe», a qual remete para a existência de um crescente número de mulheres vítimas de violência doméstica que são assassinadas pelos seus maridos ou companheiros conjugais”.

Assim, a noiva que vemos aqui ao lado, vítima mortal de violência doméstica ilustra a frase “Até que a morte nos separe” com o intuito de mostrar que muitas “mulheres vítimas de violência doméstica são assassinadas pelos seus maridos”.
Parece-me de enorme mau gosto, usar a figura do matrimónio com a frase “até que a morte nos separe”.
Para chamar a atenção dos tristes casos em que a violência acabou em homicídio, insinua-se que o significado da frase “até que a morte nos separe” pode estar associado com esta violência.
Esta frase, aliás, já não é dita na liturgia do matrimónio católico, tendo sido substituída pelo compromisso de amor e respeito por toda a vida.
Em qualquer caso, é esse o significado do “até que a morte nos separe”: um compromisso perpétuo de liberdade e vontade de amor e respeito mútuos. Perpétuo, para sempre, quer dizer “sem fim”, porque corresponde à exigência de amor infinito do coração de cada homem e mulher.
Lamento que, a ONU premeie uma campanha como esta que, com o propósito justo de chamar a atenção para o drama da violência doméstica, ajuda a transmitir uma ideia errada sobre o matrimónio cristão, cuja base é feita de liberdade, de vontade, de verdade, de amor e de respeito.

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