Em legítima defesa

Gonçalo Portocarrero de Almada, ionline 10 Nov 2012
Foi com surpresa que li alguns dos inflamados comentários contra a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome. Mas, nas declarações de Isabel Jonet, que não conheço pessoalmente, não encontrei nenhuma afirmação que explique esta espécie de guerra santa.
É verdade que a pobreza de muitos e as dificuldades que tantos padecem no nosso país devem ser respeitadas e, portanto, seria inaceitável a insensibilidade de quem a elas se referisse com desdém, ou indiferença. Mas não é o caso, até porque, mais alto do que as palavras de Isabel Jonet, fala o seu serviço à causa dos mais necessitados, sem qualquer proveito pessoal, nem sequer a remuneração que, pela mais elementar justiça, lhe é devida.
Mas talvez seja este o principal pecado da Presidente do Banco Alimentar, a culpa pela qual está a ser apedrejada na praça pública: a caridade.
O tempo moderno não só abastardou o amor, agora reduzido ao mais ínfimo prazer, como também conspurcou a caridade, reduzida a esmola aviltante. Por isso, um furioso sindicalista – passo o pleonasmo – vociferava na televisão: «Não queremos caridade!». Mas, onde estaria ele – e nós – sem a caridade dos que nos deram o ser e a vida e tantos outros bens que jamais poderíamos reivindicar?!
Quando a irmã de Lázaro jorrou, sobre os pés do Mestre, um nardo puro de grande preço, Jesus aprovou aquele gesto sublime de amor, mas houve quem, em nome dos pobres, se indignasse.
Foi Judas Iscariotes, um dos Seus discípulos, aquele que O havia de entregar.
Padre

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