o momento da carga policial de ontem contado pela edição impressa do Público de hoje
Alexandre Borges
31 da Armada, 15 de Novembro de 2012
Negritos do autor:
(...) Em menos de cinco minutos, os polícias avançaram, sem olhar a meios, para esvaziar o largo em frente à Assembleia. Apanhados desprevenidos, muitos cidadãos tiveram de fugir de um cenário de violência com que não contavam e pelo qual nada fizeram. Entre estes, esteve um homem de 70 anos que foi derrubado e agredido durante cerca de dois minutos por membros da polícia. (...)
Se quiséssemos saber pelo Público o que se passou ontem, seria este, pois, o relato.
Felizmente, há mais jornais, a web inteira, a rádio e as televisões que transmitiram em longuíssimo directo a sucessão de acontecimentos. Sabemos, por isso, que a polícia, cumprindo a lei, avisou que ia carregar dentro de cinco minutos, que carregou apenas de bastão na mão, e que os "desprevenidos" cidadãos que "nada fizeram", tinham passado mais de uma hora a atirar pedras, garrafas de cerveja e petardos à polícia, destruiram a via pública, vandalizaram comércio, feriram polícias, jornalistas e populares, e prosseguiram, depois, a sua "desprevenida" actividade, pegando fogo a caixotes do lixo e danificando automóveis particulares.
Alguém estava no sítio errado, à hora errada? É absurdo, mas possível. Agora, não peçam à polícia que, depois de avisar que vai carregar, ainda pergunte a quem não saiu, um a um, se, porventura, atirou alguma pedra ou se, pelo contrário, alguma lhe acertou na cabeça, provocando graves danos auditivos.
Há, no Público, gente extraordinária: Paulo Moura e Alexandra Lucas Coelho (só para falar de alguns jornalistas), Miguel Esteves Cardoso e Vasco Pulido Valente (só para falar de alguns cronistas), João Bonifácio e Jorge Mourinha (só para falar de alguns críticos).
Mas temo que isso já não compense a leitura de um jornal que, de há uns tempos a esta parte, escolheu, definitivamente, ser tontinho.
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