11 de Novembro: S. Martinho
São Martinho: mais que castanhas e agua-pé
A Igreja recorda a 11 de novembro São Martinho, Bispo de Tours, um dos santos mais célebres e venerados da Europa.
Tendo nascido numa família pagã na Panónia, atual
Hungria, por volta de 316, foi orientado pelo pai para a carreira
militar. Ainda adolescente, Martinho encontrou o Cristianismo e,
superando muitas dificuldades, inscreveu-se entre os catecúmenos para
se preparar para o Batismo. Recebeu o sacramento por volta dos vinte
anos, mas teve que permanecer ainda por muito tempo no exército, onde
deu testemunho do seu novo género de vida: respeitador e compreensivo
para com todos, tratava o seu criado como um irmão, e evitava as
diversões vulgares.
Tendo-se despedido do serviço militar, foi a
Poitiers, na França, junto do santo Bispo Hilário. Por ele ordenado
diácono e presbítero, escolheu a vida monástica e deu origem, com
alguns discípulos, ao mais antigo mosteiro conhecido na Europa, em
Ligugé. Cerca de dez anos mais tarde, os cristãos de Tours, tendo
ficado sem pastor, aclamaram-no seu bispo. Desde então Martinho
dedicou-se com zelo fervoroso à evangelização no campo e à formação do
clero.
Mesmo sendo-lhe atribuídos muitos milagres, São
Martinho é famoso sobretudo por um ato de caridade fraterna. Quando era
ainda jovem soldado, encontrou na estrada um pobre entorpecido e
trémulo de frio. Pegou no seu manto e, cortando-o em dois com a espada,
deu metade àquele homem. Nessa noite apareceu-lhe Jesus em sonho,
sorridente, envolvido naquele mesmo manto.
Autor desconhecido, Alemão
S. Martinho de Tours e S. Nicolau de Bari (detalhe)
1450
-Tempera sobre madeira
Art Gallery
of South Australia, Victoria
O gesto caritativo de São Martinho inscreve-se na mesma lógica que levou Jesus a multiplicar os pães para as multidões famintas, mas sobretudo a deixar-se a si mesmo como alimento para a humanidade na Eucaristia, sinal supremo do amor de Deus (...) É a lógica da partilha, com a qual se expressa de modo autêntico o amor ao próximo.
Ajude-nos São Martinho a compreender que só
através de um compromisso comum de partilha, é possível responder ao
grande desafio do nosso tempo: isto é, de construir um mundo de paz e
de justiça, no qual cada homem possa viver com dignidade. Isto pode
acontecer se prevalecer um modelo mundial de autêntica solidariedade,
capaz de garantir a todos os habitantes do planeta o alimento, as curas
médicas necessárias, mas também o trabalho e os recursos energéticos,
assim como os bens culturais, o saber científico e tecnológico.
Bento XVI ( 11.11.2007)
Atualizado em 10.11.12
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